PENITÊNCIA E CONFISSÃO

Tríduo de Nossa Senhora de Lourdes de Canela
Diácono Valderi da Silva


Estimado padre, queridos irmãos e irmãs.

“Convertei-vos e crede no Evangelho”
É assim que o sacerdote diz ao depositar as cinzas sobre nós no início da Quaresma. É uma exortação evangélica que nos abre este tempo que muitas graças podemos obter, podemos lucrar muito com este tempo, e certamente este tríduo que hoje encerramos em preparação para nossa festa não podia cair em tempo mais favorável para aumentar ainda mais as possibilidades de transformação de nossas vidas.
Somos criaturas de Deus e fomos criados com objetivo, pois não poderíamos ser criados para nada; este objetivo não poderia ser diferente do que estar próximo daquele que é maior do que nós, ou seja, o criador. Com a queda de Adão e Eva perdemos algo, o ser humano ficou entre as brumas, ficando cego, pois aquele que o iluminava (DEUS) havia sido afastado pelo próprio homem ao desobedecer.
Assim, caros irmãos e irmãs, aquilo que ofende a Deus não prejudica somente a Ele, mas a nós, porque vamos aos poucos ficando cegos e iludidos neste mundo.
Falo cego, porque realmente não enxergamos o suficiente para sequer fazer um exame de consciência, ou seja, examinarmos nos nossos atos e pensamentos um por um, e vermos se foram justos e misericordiosos... felizes os misericordiosos... se foram feitos segundo o AMOR... ao entardecer desta vida, seremos julgados pelo amor... (São João da Cruz). A cegueira que podemos ter segundo a medida de nossa menor ou maior santidade, nos faz, assim, esfriarmos ou endurecermos o coração, deste modo como podemos falar com Deus... por acaso nunca sentimos que nossa oração estava sem sentido, vazia, que parecia algo teatral! Este pode ser um sintoma de nossa falta de CONVERSÃO para Deus, de retorno ao amor do Pai.
A palavra Conversão tem algumas traduções, mas a mais profunda certamente é a de retorno. Lembremos neste momento da parábola do Filho Pródigo, que ao perceber o que havia deixado para trás em favor de sua suposta “liberdade”, retorna ao seu lar, para o Pai. Se pensarmos bem, o filho só percebeu seu pecado ao sentir necessidade, falta de alguma coisa.
Nós temos TRÊS PROCESSOS pelos quais passamos necessariamente: reconhecimento, arrependimento e pedido de perdão.
Reconhecimento significa que por um momento deixamos a humildade agir, ou melhor agimos com a (talvez) pouca humildade que temos, e enxergamos que “não deveria ter pensado mal desta pessoa”, ou que “não precisava ter sido tão impaciente com meu filho”, e assim várias coisas que podemos notar num exame minucioso de nossa consciência. Reconhecer alguma coisa de bem ou de mal requer de nós um esforço para deixar de lado a avareza e o orgulho.... e querer realmente pensar em nossas atitudes com Deus e com as pessoas.
O reconhecimento leva ao arrependimento, leva ao remorso daquilo que já reconhecemos que fizemos mal. Remorso é uma palavra muito significativa para este ato, pois é realmente sentir-se mau, sentir nojo de nossas faltas, de nossos maus comportamentos, de nossos pecados. O arrependimento só acontece naquela alma disposta a lutar para não voltar a fazer a mesma coisa, o que não quer dizer que não irá cair de novo, lembremos que sempre estamos a mercê do pecado, ele nos ronda e tenta todos os dias e em todos os lugares.
Se sentirmos dor pelos erros cometidos o movimento natural quase instantâneo que temos é o de pedir perdão. O pedido de perdão nasce naturalmente de nossa alma que quer lavar-se do que está a sufocando. Mas mais do que isto é atitude de quem sabe dar uma chance a si mesmo para recomeçar, e porque melhor do que recomeçar com a graça de Deus? Esta nós temos incomparavelmente presente no sacramento da CONFISSÃO, que nos é oferecido generosamente pela Igreja que quer ser fiel ao mandato de seu Mestre, nosso Senhor. Assim como temos o bom hábito de nos lavarmos todos os dias, o hábito de confessar-se deve também estar presente em nossas vidas, é próprio nosso, e quem não o quer perde algo inestimável que o próprio Jesus deixou e ordenou.
A Confissão neste tempo, para nós é ocasião de especial graça e oportunidade. É agora o momento favorável, o momento de nos reconciliarmos com Deus, retornarmos ao seu caminho, ao seu abraço de Pai. Ele nos chama a Si, para mostrar com que amor nos fez e nos redimiu. O sangue que Cristo derramou na cruz, gota a gota, foi derramado para a minha e a tua salvação. Somos ingratos a Ele?
Um espanhol, Garcia Dorronsoro, escrevia certa vez: quaresma é tempo para que os que alguma vez se sentiram inclinados a adiar esta decisão saibam que chegou o momento. Para os que estão dominados pelo pessimismo, pensando que os seus defeitos não têm remédio, saibam que chegou o momento.[1]
Que este tempo possa frutificar em nós convicções para a vida que temos de cristãos, e que possamos ouvir a voz de Deus a cada dia em todos os lugares para podemos dar maior glória a Deus sendo seus filhos amados e santos.

[1] A. M. Garcia Dorronsoro. Tiempo para creer, pag. 118

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