Culto eucarístico fora da missa

A fé da Igreja no caráter permanente da presença de Cristo na Eucaristia se manifestou desde as origens: levavam-se para casa as sagradas espécies, elas eram conservadas para o viático (cf. Justino, I Santissimo Sacramento04 Apol. 67; Hipólito, Trad. apost. 32). Havia atitude de fé, de respeito, mas com a atenção voltada não tanto para a resença em si, porém bem mais para as finalidades da reserva eucarística. No ocidente, na Idade Média, através das controvérsias eucarísticas e da nova sensibilidade religiosa que se delineou no povo cristão, amadureceu uma mudança de acentos no modo de unir na sua relação recíproca os diversos momentos do mistério eucarístico. A forte orientação da cristandade medieval para a presença real de Cristo na eucaristia, considerada sempre em si mesma, se, de um lado, representava inegável aprofundamento da consciência católica diante do dever de adorar e honrar Cristo presente também fora da missa, do outro, denotava igualmente empobrecimento, na atenuação cada vez maior do senso vivo da relação desta presença com a celebração total da eucaristia, como Cristo a quis. Para compreender as negações protestantes, é preciso situa-las no contexto das enfatizações unilaterais da praxe católica do tempo. O fervoroso culto eucarístico pós-tridentino caracteriza-se por viva fé eucarística, mas também por manifestações culturais nem sempre equilibradas, pouco centralizadas em uma visão unitária de todos os aspectos do mistério eucarístico.

Santissimo Sacramento13 Os documetos conciliares e pós-conciliares nos orientaram para uma consideração unitária e integral do culto eucarístico, em que o sentido reencontrado da Igreja antiga se enriquece com séculos de piedade e de reflexão cristã. A instrução Eucharisticum Mysterium, no n. 50, afirma: ‘Os fiéis, quando veneram Cristo presente no Sacramento, devem lembrar-se de que esta presença provém do sacríficio e tende à comunhão, sacramental e espiritual ao mesmo tempo. A piedade, portanto, que estimula os fiéis a se prostarem diante da santa eucaristia,  os atrai a participar mais profundamente do mistério pascal e a corresponder com gratidão ao dom daquele que, com a sua humanidade, infunde incessantemente a vida divina nos membros do seu corpo. Entretendo-se com Cristo Senhor, eles gozam da sua íntima familiaridade e, diante dele, abrem seus corações para eles mesmos e para todos os que lhes são queridos e rezam pela paz e pela salvação do mundo. Oferecendo toda a sua vida com Cristo ao Pai no Espírito Santo, atingem, por meio dessa troca admirável, um aumento de fé, de esperança e de caridade. Alimentam, assim, as justas disposições para celebrar, com a devoção conveniente, o memorial do Senhor e receber frequentemente esse pão que nos é dado pelo Pai’. O mesmo documento e, em seguida, A sagrada comunhão e o culto do mistério eucarístico traduziram estes princípios em uma reflexão profunda e nova sobre as várias formas do culto eucarístico, também à luz do que a SC 13 prescreve sobre os exercícios de piedade do povo cristão.

Hoje a Igreja reafirma e recomenda o culto eucaristico orientando-o para a dimensão mais completa que Cristo quis dar a Eucaristia, possivelmente no seu contexto pleno e originário: com a comunidade reunida na oração e na escuta da palavra, com a profissão comum de fé e de esperança, com o compromisso comum de caridade para com os irmãos.

(Cf. Dicionário de Liturgia. Ed. Paulus, 1992, pg. 414)

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