DÉCIMA ESTAÇÃO: Jesus é despojado de suas vestes

Chegados a um lugar chamado Gólgota, quer dizer «Lugar do Crânio», deram-Lhe a beber vinho misturado com fel. Mas Jesus, quando o provou, não quis beber. Depois de O terem crucificado, repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, e ficaram ali sentados a guardá-Lo.

(Do evangelho segundo São Mateus 27, 33-36)

V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
R/. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

Já humilhado, despido da dignidade humana, restam-lhe tirar-Lhe as vestes. Deveriam pensar: de que importa estar vestido quando esta próximo da morte? Cristo certamente vê isto como o menor dos atos que lhe causaram, em vista dos açoites, das ofensas, dos mal tratos e da humilhação, que seja crucificado sem as vestes não aumentaria de modo significativo o sofrimento que já era grande.

Mas temos que considerar este gesto de o deixarem sem as roupas, pois este fato era tido com grande significado para os judeus.

Ser despojado em público significa que Jesus já não é ninguém, nada mais é que um marginalizado, desprezado por todos. O momento do despojamento recorda-nos também a expulsão do paraíso: ficou sem o esplendor de Deus o homem, que agora está, ali, nu e exposto, desnudado e envergonha-se. Deste modo, Jesus assume mais uma vez a situação do homem caído.

Jesus despojado recorda-nos o fato de que todos nós perdemos a «primeira veste», isto é, o esplendor de Deus.

(Via Sacra. Meditações e Orações pelo Cardeal Joseph Ratzinger. 2005)

Jesus foi despido pelos soldados que estavam inflamados pelo fato de crucificarem mais um “meliante”. Nós somos despidos pelo pecado, por este “soldado” do mal que faz-nos ofendem a si próprio, que faz-nos mal-tratarmos a si mesmos, que enfim, nos leva a margem da dignidade nos destinando a vida escura onde a luz de Deus não nos ilumina. Este pecado nos despe de nossa vida divina, nos afasta da convivência com Deus nos condenando a morte solitária, sem o olhar do Senhor.

Perdendo nossa veste de cristão fiel, perdemos muito mais que uma roupagem que nos dá um título, um ingresso em uma família numerosa. Perdemos algo muito mais vital para nós, perdemos a vida eterna. Podemos a recuperar com a reconciliação e o arrependimento, mas o fato é que o pecado é tão ardiosamente insistente que muitos nem perceber que aos poucos estão sendo despidos de sua vida espiritual. Por isso, muitos chegam a terrível conclusão de que Deus não tem mais espaço em suas vidas, de que a realidade da fé não mais importa para eles, que não se sentem mais obrigados a acreditar num Deus que os orienta como bem viver.

Olhamos para Jesus inocente e manso diante de seus algozes que lhe despem, não somente da túnica mas da dignidade social, e nos vemos junto Dele, sendo despidos a cada pecado cometido e não confessado, onde mansamente somos arrastados para as coisas do mundo, onde nossa mentalidade acaba se formando conforme os prazeres alheios ao amor divino. Em meio a este mundo tão apelativo ao pecado urge uma atitude firme e convicta de não aceitação do pecado, de endurecimento as tentações que se nos apresentam.

Senhor Jesus, fostes despojado das vossas vestes, exposto à desonra, expulso da sociedade.

Assumistes sobre Vós a desonra de Adão, sanando-a. Assumistes os sofrimentos e as necessidades dos pobres, daqueles que são expulsos do mundo. Deste modo é que realizais a palavra dos profetas.

É precisamente assim que dais significado àquilo que não tem significado. Assim mesmo nos dais a conhecer que nas mãos do vosso Pai estais Vós, nós e o mundo. 

Concedei-nos um respeito profundo pelo homem em todas as fases da sua existência e em todas as situações onde o encontrarmos. Dai-nos a veste luminosa da vossa graça.

(Via Sacra. Meditações e Orações pelo Cardeal Joseph Ratzinger. 2005)

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