Domingos de Ramos e da Paixão do Senhor

Jesus entra em Jerusalem

Caríssimos irmãos e irmãs.

Bendito o que vem em nome do Senhor...(Mc 11,9b) é o clamor do povo que recepcionava Jesus as portas da cidade de Jerusalém, cidade que haveria de ser local de condenação do Messias a tanto esperado por este mesmo povo. Temos que saber, que este povo talvez o aclamava por algum motivo errado, como o de acreditar que Jesus era o Messias prometido, mas que viria fazer um revolta contra os dominadores romanos e livrá-los destes que exploravam o povo com muitos impostos. Por isso, também gritavam bendito seja o Reino que vem, o reino de nosso Pai Davi (Mc 11,10), acreditando que um novo rei viria tirar do governo o imperador romano. Este povo, aclama a Jesus talvez por um motivo errado, mas, sem a plena consciência, acabam cumprindo as escrituras e entronizam o verdadeiro Rei da casa de Davi, o aclamam como rei merecidamente porque de fato Ele o é. Mas este rei é diferente, vêm montado num jumentinho, mostrando a humildade deste reinado, regra de ouro deste novo tempo!

Caríssimos irmãos. O reino de Deus é de humildade, sem esta virtude não compreenderemos nunca o que Deus nos pede. Sua vida até o fim foi exercida sob o sinal da humilhação em vista da glória, pois os primeiros serão os últimos e os últimos os primeiros (Mt 19,30) na casa de Deus.

A traição de Judas

Judas trai com um beijjo

Desta narração da paixão de Cristo sentimos tudo o que Cristo sentiu, vemos o que Ele viu e choramos o que Ele chorou. E com certeza ver a atitude egoísta de Judas, que O entregou nas mãos daqueles que iriam levá-Lo a morte, não fica fora destes sentimentos de Jesus, que amava Judas como todos outros onze apóstolos, depositava nele confiança, como nos mostra a aparente atitude de Jesus em deixar com ele a responsabilidade do dinheiro que eles recebiam. Mas este Judas não conseguiu vencer a si próprio, deixou que seu espírito fraco e inclinado aos valores terrenos nublassem a razão e o coração, levando-o a pesar entre Cristo e um pouco de dinheiro. Pessoas como Judas não conseguem analisar justamente as situações, sempre são injustas por definição, pois pesam tudo em suas balanças viciadas, adulteradas pelo egoísmo e a vaidade. Por isso, conseguem a proeza de trocar a vida eterna por algo passageiro que certamente as decepcionará mais tarde, como aconteceu com Judas.

Muitos se perguntam que fim terá tido este que traiu a Jesus. Outro evangelho nos diz que amargurou sua traição, mas não conseguiu passar do arrependimento para o pedido de perdão, se afogou em sua agonia pela injusta decisão tomada. Percebeu a infeliz troca que fez, vendendo a vida eterna por algo que não lhe traria a felicidade. Se matou, diz outro evangelho (Mt 27,3-5). Qual seu fim? Isto deixamos para a misericórdia de Deus! O fato é que ao contrário de Judas, precisamos passar sempre da consciência do pecado ao arrependimento e enfim ao pedido de perdão.

Antes da Paixão nos deixa a Eucaristia

O imenso e misterioso desígnio de Deus, permite que Cristo nos deixe mais uma prova de Seu amor pelos homens. A eucaristia, celebrada e deixada por Jesus antes de Sua paixão é o mais alto ato de amor por todos nós antes de padecer na cruz. A eucaristia, corpo daquele que horas depois viria a morrer na cruz, é VERDADEIRAMENTE SUA CARNE e o vinho VERDADEIRAMENTE SEU SANGUE: corpo e sangue de Cristo, alimento que nos deixou para nos suster nesta caminhada até a vida eterna. Ele sabe que sem alimento não conseguimos resistir a esta dura estrada, onde se apresenta inúmeras pedras no caminho, subidas e descidas, tudo que torna esta via difícil e as vezes muito dolorosa. A Eucaristia é a fonte de nossa vida terrena, ela nos sustenta no corpo e na alma, ADOREMOS A EUCARISTIA, ela é nosso Deus feito alimento!

A fé de Pedro

Pedro porém, lhe disse: mesmo que todos fiquem desorientados, eu não ficarei...(Mc 14,29). Esta fé de Pedro, não é a fé em Deus. É justamente assim que agem aqueles que tem muita fé em si mesmos, acreditando que tudo lhes será mais fácil que aos outros, que serão mais fortes, mais sábios, mais justos. Pedro vai crescer muito na fé verdadeira, mas ainda precisa passar por este momento para que algo cresça nele, algo que ainda é preciso para se tornar o grande apóstolo que hoje sabemos que foi: precisa da humildade na fé, sem ela não existe verdadeira fé em Deus e não procedemos com amor no trato com os irmãos.

Jesus conhece a Pedro, assim como conhece a cada um de nós. Sabe o que se passa no mais profundo de nossos corações e vê antecipadamente o resultado de cada atitude que tomamos. Assim, nossas atitudes abruptas, tomadas sem reflexão sempre são apostas feitas sob a lei da sorte, algo que pessoas com o temperamento de Pedro, fazem muitas vezes sem o perceber. A estas pessoas é preciso dizer: antes de proferir um sentença, parem! Esperem! Pensem, e só depois digam se ainda for necessário.

Duas figuras: Sumo Sacerdote e Pilatos

Não podemos deixar de olhar com atenção para estas duas figuras que se destacam no julgamento de Jesus: o Sumo sacerdote e Pilatos.

Cada um deles tem sua participação decisiva no julgamento de Cristo, mas os dois assumem as mesmas atitudes embora sob ângulos diferentes. Um acredita na justa sentença que Cristo recebe por blasfemar contra a Lei, rasgando suas vestes ao ouvir Jesus declarar ser o Filho de Deus (Cf. Mc 14,63). Mas este sumo sacerdote também faz um julgamento baseado em sua sabedoria humana, o que é sempre perigoso, pois sabemos de nossa instabilidade frente a reta verdade das coisas. Neste momento ele certamente via Jesus como um homem simples mas, que sem responsabilidade, se julgava o próprio Deus. Em realidade, este sumo sacerdote, como muitos fariseus a quem Jesus denunciava, defendia a Lei pela Lei, ou seja, não conseguia ouvir e compreender a Vontade de Deus.

Pilatos, de modo diferente, via a Jesus como homem simples mas que não possuía postura de delinquente ou transgressor de alguma lei. De fato, notava que Ele estava ali mais por insistência dos sacerdotes judeus do que por algum crime cometido. Pilatos é uma figura emblemática nesta história do julgamento de Cristo. Ele é a figura daquele que tenta ver a verdade, mas que suas ideias preconcebidas impedem de formular outra via que não se encaixe nos moldes de suas ideias já formuladas. Por isso, Pilatos tenta soltar Cristo, oferecendo ao judeus a opção entre Barrabás e Jesus. Pilatos sente que esta condenando um homem sem crimes para tal sentença, e lava as mãos na tentativa de estar com a consciência tranquila quanto a morte deste homem.

O Sumo Sacerdote, que acredita na justa sentença, não procura ver a verdade, pois acredita que já a possui. Pilatos, que acredita na inocência, procura questionar a verdade, mas não consegue ter coragem de aderir a ela independente das consequências.

Agonia de Cristo, agonia pelos pecados

Jesus Afasta de mim este calice

Antes deste julgamento iniciar escutamos a antecipação do sofrimento de Jesus, sua agonia do Horto das Oliveiras: e começou a sentir pavor e angústia... minha alma está triste até à morte (Mc 14,33-34). Tentemos imaginar como Cristo sentiu este momento: Ele, tendo a onisciência própria de Deus, podendo ver e sentir antecipadamente seus próprios gestos e movimentos, e também daqueles que o maltratariam, como não sentiria a dor pelos ferimentos e até a própria morte? Esta dor antecipada deve O ter tirado das consciência pela tamanho sentimento dolorido que viveu na carne antes mesmo da primeira bofetada.

O sentimento de angustia era tamanho que soltou um pedido ao Pai, tudo te é possível: afasta de mim este cálice (Mc 14,36). Parece fraqueza de Cristo, mas quem não senti uma grande dor e suplica a Deus que se possa ver livre deste flagelo? Cristo assumiu nossa natureza humana tornando-se igual aos homens (Fl 2,7), por isso não é estranho que sinta no corpo esta necessidade de afastar o sofrimento. Mas em Cristo a vontade divina prevalece à humana: contudo, não seja feito o que eu quero, mas sim o que tu queres (Mc 14,36b). Caríssimos, esta atitude de Cristo frente a mais terrível dor e sofrimento é a atitude que temos que adotar frente aos nossos próprios sofrimentos e dificuldades. Nossa vontade sempre vai nos inclinar ao rechaço do sofrimento, mas Cristo nos ensina que a vontade de Deus pode justamente querer que passemos pela dor para nos purificarmos, nos moldando mais adequadamente a verdade do ser humano e assim, ser mais justo com os irmãos e como próprio Deus.

Vigiai e orai

Vivendo este domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, recebemos um pedido de Cristo: vigiai e orai, para não cairdes em tentação (Mc 14,38a). São duas atitudes diferentes mas que tem como objetivo o mesmo resultado, não ceder a tentação do pecado que sempre bate a porta dos homens e mulheres. A vigilância consiste em estar atento a todas aquelas ocasiões – sejam por lugares, pessoas ou pensamentos – que possam me oferecer alguma chance de pecar. Uma vez detectado esta ocasião onde posso encontrar uma chance de pecado, é minha obrigação desviar desta oportunidade que o mal me oferece. A oração é meu alimento e arma contra o pecado. De fato, quem não ora dificilmente se vê liberto das amarras do pecado, e vive uma vida de muitos disfarces, sempre tentando camuflar sua alma empedernida à graça de Deus, às vezes se passando por pessoa que frequenta a igreja, mas no fundo sabe que não reza como deveria, na igreja e muito menos em casa.

Completa Jesus: o espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mc 14, 38b). Sentimos muito esta triste condição humana. Isto é, podemos ter o espírito pronto, preparado, mas sempre teremos que lembrar a fraqueza que nossa carne têm. Ela está inevitavelmente corrompida pelo pecado original, por isso, estamos sempre inclinados a ceder as tentações que o mundo nos oferece. E estas tentações estão cada vez mais disfarçadas de bem, ou seja, a cada dia nos encontramos com alguma coisa que aparenta ser boa, honesta e justa, mas que na verdade pode esta cheia de má intenção.

A morte de Cristo na cruz não é o fim, sabemos disso. Mas precisamos acreditar mais firmemente que esta cruz é o sinal para nossa salvação, é dela que nos veio a entrada para o Reino dos Céus. Neste madeiro repousa o corpo do Cristo que nos redimiu das penas e deu-nos a possibilidade da vida eterna junto do Deus Trindade. O sofrimento que Jesus passou é prova de nossa instabilidade humana a respeito da verdade. Uma hora O louvamos e acolhemos, noutra – influenciado por interesses – o deixamos na cruz, O abandonamos por motivos de minha vontade que prefere cometer o pecado, tudo porque ainda não sou capaz de tomar a atitude firme de não pecar mais, e assim buscar a santidade.

Neste dia, em que abrimos a Semana Santa, ofereçamos a Deus nossos sinceros propósitos de viver passo a passo seus momentos de angustia e dor para nossa salvação. Estejamos sempre atentos as celebrações litúrgicas, participando das vias sacras e procissões para que possamos receber o quanto possível as graças que nestes dias Deus reservou para nós.

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