Sacerdos aeternum: o começo de uma vida

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A formção necessária

“Almejai as coisas do alto…”. Uma vez me disseram esta frase que foi atribuiram a São Luiz Gonzaga, hoje tenho dúvidas se não seriam de São João Bosco. Esta frase foi me dita quando ainda estava saindo da infância para a adolescência, momento em que se gravam a maioria das coisas que uma pessoa vai utilizar em seu caráter durante a vida. Caráter! Este é o maior presente que ganhei, sem sombra de dúvida. Este presente me foi entregue por minha mãe, Izabel. E ciente deste grande presente é que desejo que, se houver escolha entre mim e minha mãe para o céu, ela esteja lá  diante de Deus. Isto seria a prova da grande misericórdia de Deus para comigo.

Muitos erros se cometem na adolescencia mesmo sendo o “certinho” da família, trago sempre comigo certa vez que um tio nosso morou junto conosco. Era solteiro, irmão da mãe. Ajudava a mãe nas despesas mas lhe sobrava um bom dinheiro e ele o guardava num estojo escolar junto a suas roupas. Pois, meu irmão mais novo e eu descobrimos esse dinheiro “todo” e pegamos algumas notas na certeza de que ele não iria sentir falta. Claro que não tínhamos noção do valor daquele dinheiro nem do quanto ele sentiria falta. Aconteceu o que agora parece óbvio: ele descobriu que faltava dinheiro e descobriu que éramos nós que pegávamos. Isto resultou na mudança deste tio para outro estado, longe da mãe, que gostava muito dele, sem contar a imensa amargura por ter seus filhos feito tal coisa.

Conto isso porque foi crucial para uma mudança de vida. Obrigado pela mãe, fiz uma confissão (que coincidiu com a preparação para o sacramento do Crisma) e ali encontrei no rosto daquele homem que me atendia o início de uma magnífica jornada.

Aos 15 anos ingressei no grupo de coroinhas da paróquia, idade um pouco avançada para tal grupo. Ingressou comigo meu irmão mais novo (que parecia seguir respeitosamente meus passos) e um jovem que descobriria mais tarde ser um grande amigo. Neste grupo encontrei uma pessoa que me ajudou a moldar o apetite pela beleza da Igreja. Ele era seminarista, estudante de teologia e estava ministrando o curso de coroinhas. Em dezembro de 1998 auxiliei em minha primeira missa, justamente no dia 24, véspera de Natal. Foram quase três anos neste grupo de coroinhas, muitas coisas passamos, sempre guiados por nosso diretor espiritual e “pai”, o pároco.

Chamar este pároco de “pai” talvez não seja exagero para mim. Aos nove anos de idade, perdi precocemente meu pai, de quem guardo duas lembranças apenas. Nunca havia encontrado uma figura que pudesse “substituir” a figura paterna ausente, mas conhecendo aos poucos aquele homem de caráter e inteligência singular, comecei a tentar prestar mais atenção ao que ele fazia e falava, e pela primeira vez me senti seguro ao lado de alguém. Não há como negar a influência decisiva deste sacerdote da Santa Igreja em minha formação espiritual. Através dele, aprendi que Nossa Mãe Maria está sempre a nos acompanhar, que sempre nos escuta e que espera que supliquemos a Ela sua intercessão. Este carinho por Maria foi aumentando, e orientado por este “pai” espiritual fiz minha consagração a Virgem Maria, conforme o Tratado da Verdadeira Devoção a Ss. Virgem Maria de São Luiz Maria Grignom de Montford, no dia 12 de dezembro de 1999, festa de Nossa Senhora de Guadalupe.

Se meu caráter devo a minha mãe, sem dúvida minha formação espiritual devo a este sacerdote que nunca deixou de me atender e orientar.

O dia em que senti-me abalado foi quando soube da saida deste pároco da paróquia, pois iria sair para estudar. Realmente foi um momento de perplexibilidade junto com tristeza por saber que não contaria mais com sua presença constante perto de mim. Mas o tempo que passei ao seu lado foi o suficiente para crescer no mínimo necessário a ponto de conseguir andar sozinho. Hoje, percebo que sua saída daquela paróquia foi obra de Deus em vista de uma decisão que viria a tomar. De fato, logo que partiu começou a se fazer forte em meu peito o desejo de entrar em um seminário. A vocação tomou a forma definitiva neste momento. E no dia 22 de fevereiro de 2001 passei pelo portão do seminário menor para iniciar a vida que nunca iria me deixar.

Glória a Cristo, que desviando Seu olhar justo de meus nefastos pecados,

mantêm-me, guia-me e fortalece-me nesta vida santificada pela Graça.

Pe. VALDERI DA SILVA

Frederico Westphalen, 28 de março de 2012, quarto ano de minha Ordenação Sacerdotal, octagésimo sétimo aniversário da ordenação sacerdotal de São Josemaría Escrivá.

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