Semana Santa: viva-a intensamente

A Semana Santa é o coração do Ano Liturgico, nela esta contida, de forma condensada toda a compreensão da história da salvação. O Cardela Fancis Arinze fala assim a este respeito: Quem vive a 'Semana Santa' entende o 'cristianismo'. Quem não entende a 'Semana Santa' não pode entender profundamente o que é a nossa fé. De fato, nesta semana temos oportunidade única no ano para renovar nossa adesão pela fé a Cristo e a Igreja, encontramos nestes dias chance de recapitular nosso conhecimento sobre Deus e a fé, endireitar nossos conceitos a respeito da doutrina da Igreja e a respeito dos próprios mandamentos de Deus e aprender o que ainda não nos foi ensinado. Em suma, esta Semana Santa é vital para o cristão por nela encontrarmos o real sentido de estarmos nesta fé e o porque a devo permanecer nela.



Como viver bem esta semana
Consegue aproveitar todos estes presentes que estão contidos na Semana Santa aquele que consegue viver bem estes dias. E não me refiro somente ao Tríduo Pascal – Quinta-feira Santa, Sexta-feria Santa, Sábado Santo –, refiro-me também ao Domingo de Ramos, a Segunda-feira e a Terça-feira. Já no Domingo de Ramos, que é a abertura desta semana, nos debruçamos sobre a anúncio “oficial” da paixão de Cristo, e o que mais nos deve impressionar é a entrega generosa e serena de Cristo que entra em Jerusalém sabendo que dali não sairá sem a morte as costas.

Viver bem esta semana pede principalmente a participação de todos os rituais que a Igreja faz nestes dias, uma participação atenta e desligada do mundo cotidiano que pode ser motivo de atrapalho no intento de aproveitar cada momento destas celebrações. Mais uma vez cito o Cardeal Arinze: [devemos estar nas celebrações] com muita fé, com muita atenção, com diligência ao ler os textos que a Igreja usa a cada dia, do Domingo de Ramos até o Domingo de Páscoa, porque nesta Semana está condensada a celebração litúrgica do mistério da nossa salvação: o sofrimento, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Esta atitude de é fundamental na participação de qualquer Santa Missa, mas se necessita ter esta atitude principalmente nesta semana se estamos dispostos a viver adequadamente os dias mais santos de nosso ano liturgico. Ela se demosntra essencialmente em minha postura frente a Cristo, ao me aproximar Dele em Sua cruz sempre devo ter a plena certeza de que Ele esta a ver-me, em realidade, olhando para o Cristo na Cruz devo tentar ao máximo sentir seu esforço humano, sentir sua dor… senti-Lo! Isto consigo com a fé, não com a inteligência. Mesmo que minha seja pequena como uma semente, posso aproximar-me de Jesus, e assim começar a sentir e viver com Ele seus passos neste itinerário santo até nossa salvação.

Como todas as celebrações são muito bem elaboradas e cada oração inspirada para que expressemos nossa máxima compreensão do Mistério da Salvação, nossa participação nestas celebrações pedem nossa mais esforçada atenção, e nisto utilizo não somente minha fé mas principalmente minha inteligência. De fato, a liturgia destes dias nos apresentam uma várias leituras do Antigo Testamento e do Novo Testamento que expõe de maneira mais ou menos comprimida a compreensão do plano divino em vista da Salvação da humanidade: são ao todo 25 leituras entre AT e NT e 14 Salmos. Por isso, faz-se necessário um esforço intelectual e diligência para captar ao máximo tudo o que esta acontecendo na liturgia, principalmente na liturgia da palavra, e isto não acontece sem a máxima atenção que possamos dispensar. Além da liturgia da palavra, é muito importante que cada gesto do celebrante seja acompanhado com atenção, pois cada posição ou movimento que ele faça durante a celebração é carregando de um profundo significado, é parte intergrante manifestação sensível do próprio agir de Cristo. Deste modo, já no Domingo de Ramos percebemos o sacerdote a frente da procissão como o Cristo que silenciosamente e mansamente ingressa em Jerusalém.

Na quinta-feira, onde presenciamos o gesto de máxima humildade de Cristo no Lava-pés, para que aprendamos o mandamento que nos deixa, ameis uns aos outros, assim como eu vos amei (Jo 13,14). E não podemos deixar de prestar atenção a instituição da Eucaristia e do sacerdócio, que nesta Ceia Santa Jesus deixa como presentes a humanidade.

Na sexta-feria da Paixão experimentamos o momento mais forte de desta semana. Forte pela intensidade da celebração, toda a dramaturgia do relato da condenação e morte de Cristo nos deve elevar a estar presente naquele momento, para de fato perceber a dramaticidade e o tamanho da obra que Deus realizou por nós neste oferecimento. É recomendado pela Igreja a prática do jejum e abstinência neste dia, principalmente de carne: Esses tempos são particularmente apropriados aos exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, às peregrinações em sinal de penitência, às privações voluntárias como o jejum e a esmola… (CIC 1438), e podemos complementar lembrando do quinto mandamento, (jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja) [isto] determina tempos de ascese e penitência que nos preparam para as festas litúrgicas; contribuem para nos fazer adquirir domínio sobre os nossos instintos e a liberdade do coração (CIC 2043). Além disso, neste dia, conforme uma tradição antiga na Igreja, acontece a adoração e o beijo da cruz: Ecce lignum crucis, in quo salus mundi pependit. O beijo na Cruz na Sexta-feira Santa será justamente a certeza de aceitarmos o Cristo que deu a vida por nós e aceitarmos as nossas cruzes iluminadas por Ele, sabendo que com Ele morreremos para com Ele ressuscitarmos. Morrermos ao pecado para ressuscitados para uma nova vida (Dom Orani J. Tempesta, O.Cist.). Quem beija este santo Lenho nas condições habituais – confissão e contrição dos pecados, comunhão sacramental e a oração do Pai-nosso, Ave-Maria e Glória nas inteções do Santo Padre – lucram indulgência plenária para si ou para uma alma do purgatório.

O Sábado Santo é dia de luto, por isso não se deve propagar a idéia de que se trata de um “sábado de aleluia”, pois a Ressureição de Cristo acontece no Domingo somente. A Vigília Pascal acontece neste dia, e é a celebração com mais referência a Sagrada Escritura, por isso se nota que é realizada nove leituras entre AT e NT e sete salmos que devem ser todos cantados. Isto tem um motivo, é a forma necessária para que tenhamos nesta celebração uma noção uniforme da ação de Deus na história preparando Seu plano de salvação. Neste dia acontece alguns gestos muitos significativos e que requerem total atenção: Benção do Fogo Novo (donde será acesso o novo Círio Pascal); preparação do Círio com os sinais que o acompanham: números (declarando o Senhor como Princípio e Fim, Alfa e Ômega, Senhor do tempo e da Eternidade) e cravos (simbolo das chagas de Cristo pela qual fomos fomos salvos); acendimento do Círio Pascal proclamando Jesus Luz do Mundo – Lumen Christi; proclamação da Páscoa – Preconis Pascale; temos também a liturgia batismal que é inserida na Vigília Pascal em vista deste momento novo que os cristãos celebram, pois em realidade isto nos lembra que neste instante nasceu nossa fé assim como no batismo nasce um novo filho de Deus, é neste momento que todos renovam suas promessas batismais o que é de relevante importância.
O Domingo da Páscoa do Senhor é o dia festivo onde nos encontramos com o Ressuscitado, onde elevamos nossos louvores a Deus nos mais altos dos céus, podemos cantar alegres pela nossa salvação: cantai cristãos, afinal, salve, ó vítima pascal! Cordeiro inocente, o Cristo abriu-nos do Pai o abrisco.

Confissão, Comunhão e oração
Nestes dias da Samana Santa é importante não esquecer que junto à participação das celebrações, para uma boa vivência desta semana, é conveniente para o cristão a confissão sacramental, e nas celebrações se aproximar da comunhão. Nada substitui a oração que deve ser realizada em casa, no dia a dia, esta atitude orante deixa o cristão constantemente “ligado” no período que esta vivendo, pois não o deixa esquecer o que vive a cada celebração, a cada momento, seguindo os passo de Jesus até a Ressurreição.

Falando de oração não podemos esquecer da piedosa oração da Via Crucis, onde relembramos os passos de Cristo do Pretório, onde foi condenado, até o Gólgota, lugar de Sua crucificação. Nesta rica devoção podemos nos colocar ao lado de Jesus e sofre com Ele, experimentando alguma coisa daquilo que Ele passou pelo tamanho sofrimento que se submeteu pelo nosso resgate das mãos da morte. A Via Sacra não esta restringida a ser executada somente em alguma igreja, posso piedosamente, realizá-la em casa, sozinho ou acompanhado, diante de alguma imagem ou simplesmente trazendo a mente cada cena das estações.

Frutos da Semana Santa
Os frutos da Semana Santa irão depender da intensidade com que cada fiel vive estes dias. Assim como acontece com a Santa Missa, a Semana Santa nos oferece graças especiais, como é o caso da indulgências, que se pode lucrar para si e para uma alma do purgatório, na adoração da Cruz na Sexta-feira Santa. Mas estas graças divinas estão disponíveis apenas a quem se prepara para as receber e quem realmente se coloca inteiro – corpo e alma – nas celebrações litúrgicas. Pensando nisso, precisamos fazer um verdadeiro movimento de conscientização em nosso próprio corpo e mente, para vencermos a nós mesmos quando nos alcança a preguiça, o comodismo de ficar em casa ou o orgulho de não se humilhar a vista dos outros. Estas coisas podem nos travar no intento de viver adequadamente a Semana Santa e assim nos privar de todo bem que ela nos pode oferecer.

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