SÉTIMA ESTAÇÃO: Jesus cai pela segunda vez

Eu sou o homem que conheceu a miséria sob a vara do seu furor. Ele me guiou e me fez andar nas trevas e não na luz. (…) Embarrou meus caminhos com blocos de pedra, obstruiu minhas veredas. (…) Ele quebrou meus dentes com cascalho, mergulhou-me na cinza.

(Do livro das Lamentações 3, 1-2.9.16)

V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
R/. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

A tradição da tríplice queda de Jesus sob o peso da cruz recorda a queda de Adão – o ser humano caído que somos nós – e o mistério da associação de Jesus à nossa queda. Na história, a queda do homem assume sempre novas formas. Na sua primeira carta, S. João fala duma tríplice queda do homem: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Assim interpreta ele a queda do homem e da humanidade, no horizonte dos vícios do seu tempo com todos os seus excessos e depravações. Mas, olhando a história mais recente, podemos também pensar como a cristandade, cansada da fé, abandonou o Senhor: as grandes ideologias, com a banalização do homem que já não crê em nada e se deixa simplesmente ir à deriva, construíram um novo paganismo, um paganismo pior que o antigo, o qual, desejoso de marginalizar definitivamente Deus, acabou por perder o homem. Eis o homem que jaz no pó. O Senhor carrega este peso e cai... cai, para poder chegar até nós; Ele olha-nos para que em nós volte a palpitar o coração; cai para nos levantar.

(Via Sacra. Meditações e Orações pelo Cardeal Joseph Ratzinger, 2005)

Esta queda de Jesus é a queda do homem cansado, exausto pelo tamanho sofrimento que suporta. Cada  homem e cada mulher, tendo seus sofrimentos reunidos num mesmo momento da vida não conseguem os suportar e também sedem ao peso caindo ao chão. Todos temos quedas em nossas vidas, e elas acontecem de várias formas e na maioria das vezes de forma inesperada. A família, a sociedade, o trabalho, os estudos… todos estes ambientes nos proporcionam em certo momento alguma queda que pode ser muito forte ao ponto de pensar em deixar a vida acabar ali, no chão. Cristo, cai, mas levanta. Ergue-se o Cristo das dores, o Cristo que carrega o maior sofrimento que alguém pode suportar. Ele levanta de sua queda para que nós nos levantemos das muitas quedas que sofremos, quedas estas que precisam se transformar em cajado que auxilie nosso caminhar, dificultando um novo momento de caida.

A lamentação pelo despojamento da dignidade proporcionado pelo tombo, não pode ser a palavra que defina nossa atitude neste caminho. Lamentar deve ser apenas uma reação que logo deve ceder lugar ao esforço corajoso e consciente da recuperação e do vislumbramento da recompensa que se encontra ao fim do caminho.

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