Sobre a retirada dos crucifixos e o laicismo

1.Desde que iniciou este debate sobre a possível tirada ou não dos crucifixos dos ambientes do judiciário gaúcho, tentei ficar apenas observando, vez ou outra, comentando com alguém interessado no assunto. Acontece que neste momento resolvi expressar-me sobre a questão por dois motivos: tristemente vi pouco – para não dizer quase nenhuma – manisfestação de autoridades eclesiásticas sobre tal questão e a falta de abordagens a respeito do real problema que esta escondido nesta decisão que este determinado juiz tomou.

2.Não serei injusto com aquelas autoridades eclesiásticas que se pronunciaram, principalmente o Excelentíssimo Dom Antônio Rossi Keller, bispo de Frederico Westphalen (RS), que sem muito esperar, lançou ao povo de sua diocese uma nota pastoral a respeito de tal assunto. Tenho que citar também a movimentação do Excelentíssimo Dom Dadeus Grins, Arcebispo de Porto Alegre (RS), que recentemente se encontrou com jurista católico para discutir este assunto e quem sabe, se movimentar contra esta decisão. Além disso, muitos sacerdotes e leigos profissionais na área de direito também manifestaram sua inconformidade.

3.Mas o motivo mais forte de minha manifestação, rechaçando esta decisão totalmente imparcial, fora da ordem natural da democracia de um estado livre, é a falta de clareza, mesmo entre os católicos, sobre a real intenção que move estas atitudes. Ela esta bem clara nas várias tentativas que membros de vários poderes fazem para ferir ou derrubar a cultura cristã de nosso povo, é o chamado laicismo que é diferente de laicidade – que a Igreja promove por acreditar que se trata de um valor adquirido e assim é reconhecido pela Igreja.

4.O laicismo nas palavras de João Paulo II é “uma ideologia que leva gradualmente, de forma mais ou menos consciente, à restrição da liberdade religiosa, até promover o desprezo ou a ignorância de tudo o que seja religioso, relegando a fé à esfera do privado e opondo-se à sua expressão pública” (24/01/2005). Em consonância com o Bem-aventurado João Paulo II, Dom Antonio Keller afirmou em palestra que o que vemos na atual conjuntura é um odium fidei – ódio da fé – que move a trabalhar sorrateiramente no intuito de fazer a Igreja desaparecer da sociedade. O laicismo esta tomado como ideologia base para estes que desejam se ver livres da consciência que a Igreja sempre lhes acorda, assim fica mais fácil transformar a verdade em objeto maleável a interesses pessoais ou partidários.

Esta movimentação já esta acontecendo a muito tempo, sempre que alguma pequena lei é aprovada sem a necessária consulta democrática, e visa dar chancela a algum procedimento que fere princípios que a Igreja sempre defendeu, esta se avançando nesta intenção de levar a Igreja/religião às catacumbas, ou seja, empurra-la cada vez mais para fora da sociedade. Isto como se a sociedade não necessitasse da Igreja, o que não é verdade, principalmente nestes tempos em que a justamente a Igreja é o principal defensor da verdade e assim não permite que o homem destrua o próprio homem.

5.Esta decisão do Conselho de Magistratura do TJ-RS tomada no dia 06 de março, que reza a retirada de todos os símbolos religiosos dos prédios da justiça gaúcha dificilmente será alterada enquanto estiver no cargo tal juiz que determinou assim, mas este fato não é o mais grave enquanto fato isolado. O grave sim é que este fenômeno do laicismo esta querendo crescer e se manifesta em decisões pontuais como esta da justiça do Estado do Rio Grande do Sul.

Precisamos estar atentos ao que acontece em nossa sociedade, sempre prontos para reclamar e se manifestar a favor ou contra o que desejam aprovar e que pode restringir minha liberdade de expressão e de culto e também usurpar meu direito a verdade.

Quarto Domingo da Quaresma, 18 de março de 2012.

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