A vocação ao Matrimônio

Novena para Pentecostes
Paróquia Divino Espírito Santo – Cachoeirinha / RS
Pe. Valderi

Querida comunidade da paróquia Divino Espírito Santo.
O termo “vocação” vem da língua latina – VOCARE – e se traduz por chamado. Em sentido amplo pode-se falar em “vocação para o matrimônio”, para a “maternidade” ou para a “paternidade”. Estas são vocações implícitas na própria natureza criada. Pelo fato de alguém ser criado homem, em sua natureza esta embutido o chamado ao matrimônio e à paternidade. Da mesma forma, aquele que é gerada mulher traz em si a vocação ao matrimônio e à maternidade. (cf. Pe. Alir Sanagiotto. In. www.cancaonova.com.br)
Este chamamento é realizado pela natureza da pessoa, ou seja, pelo fato ser, existirmos como pessoas humanas já estamos sendo chamadas ao matrimônio. É algo implícito que não há como se desfazer. É possível negar esta vocação, assim como se pode negar tantas outras vocações que recebemos, mas ao fazer isso, não correspondemos ao que nossa própria natureza pede, não correspondemos ao que o próprio Criador designa para suas criaturas.
O chamado é pessoal e imutável. Mesmo para algo como o matrimônio, que a principio seria uma vocação coletiva, é um chamado que o próprio Deus faz a cada um que nasce neste mundo, isto porque o mesmo que Cria identifica a cada um pessoalmente, e o chama de modo pessoal.

Matrimônio

Mas o que entendemos por matrimônio?Matrimonio
Nos diz o Catecismo da Igreja Católica e também o Código de Direito Canônico que ele é um pacto – aliança – para a vida toda. Uma união comum onde estão unidos um homem e uma mulher. Se trata de um contrato, um acordo definitivo, onde estão colocadas as condições para uma trajetória de vida acompanhada por outra pessoa. O matrimônio, em seu conceito jurídico significa isso. E é justamente este conceito que esta sendo usurpado e tratado com menosprezo por todos aqueles que pretendem fazer do casamento apenas uma tentativa de vida a dois, podendo na primeira oportunidade que aparecer, apelar para uma separação. O matrimônio é ferido a cada vez que tentam fazer isso, pois tiram dele seu principal significado, de ser duradouro enquanto existir a vida, ou seja, para sempre.
Na verdade, isto é reflexo de uma sociedade que esta mais preocupada em viver instantaneamente - “viver os momentos...” - e não se preocupa com o valor que devem ser atribuído aos “pactos”, aos “compromissos”, pois assim, se educa na conscientização da necessidade de se cumprirem as promessas realizadas. Isto vai contra esta sociedade relativista e liberal, que vê na obrigação do cumprimento dos deveres assumidos uma “sufocação da liberdade”. O que esta sociedade procura não é lutar pela liberdade, mas por uma espécie de libertinagem, onde se cria um mundo em que não é  necessário cumprir regras e nem respeitar compromissos.
No “mundo” criado por muitos jovens, esta ideologia  da  sociedade relativista e liberal, rege suas condutas, desde comportamentos em casa e na escola, até atitudes no trabalho e nos chamados “namoros” que mais parecem bufe a moda de posto de gasolina: onde se olha, degusta e se deixa o prato sujo. Os jovens são as principais vítimas desta sociedade assassina do matrimônio, que ainda luta, com o apoio de muita gente, para relegar esta instituição a um mero formalismo. É claro para todos nós, que uma família consciente da má educação que se instaurou na sociedade, não deixará para outros educarem seus filhos no cumprimento dos deveres e dos compromissos assumidos, e nisto está o matrimônio, pacto que será somente respeitado por aqueles que entendem o valor desta aliança assumida de livre vontade.
Pela graça e dom de Deus, este pacto foi elevado a dignidade de sacramento entre os cristãos por Jesus Cristo[1] (cf. CDC 1055,§1). Deste sacramento do matrimônio os cônjuges geram um vínculo vitalício que, por ser de origem divina, não pode ser quebrado ou diluído. Nele se manifesta a unidade a indissolubilidade e a fecundidade, ou seja, a abertura a vida (geração de filhos) (cf. CIC 1643). Da união indissolúvel também se espera a fidelidade, expressão da entrega integral mútua. Estas são características essenciais do matrimônio, que de forma alguma pode ser excluída, pois de outra forma, deixa ser matrimônio.

Matrimônio e família

Este matrimônio é a base da família, é sua origem. Sem matrimônio a família não se ergue solidificada, ou seja, degringola com o tempo. O matrimônio é fundamental para quem pensa em formar uma família, não há como fugir desta realidade.
Hoje querem destruir o matrimônio na sociedade porque sabem que ele é o impedimento para que se formalize as outras formas de família que se querem apresentar. Formas que não são “famílias”, pois não correspondem àquela ordem natural que nasce do matrimônio e que vêm da natureza mesma do ser humano já antes da elevação deste pacto à dignidade de sacramento.
O Beato João Paulo II, em sua Exortação Apostólica Familiaris Consortio (n.3) – que trata da função da família cristã no mundo de hoje –, fala de modo claro a todos nós: o matrimônio e a família estão interiormente ordenados a complementarem-se em Cristo e têm necessidade da Sua graça para seres curados das feridas do pecado e conduzidos ao seu 'princípio'. Com isto, o saudoso beato, nos lembra que além de contribuição com a obra da criação, o matrimônio é fonte de realização plena ao casal assim como fonte de graças no auxílio contra o pecado original, pois através do sacramento do matrimônio, a família esta unida a Cristo, assim como o marido a esposa.
O matrimônio e a família não somente geram e edificam a humanidade, mas também contribuem para a própria edificação da Igreja de Cristo. Cada filho, gerado num berço cristão, ao mesmo tempo que é introduzido na grande família humana é também, sob a graça do batismo, gerado para a família cristã (a Igreja), sendo parte do trabalho dos pais educarem estes filhos na fé e no amor a Deus. (cf. FC 15)

A vocação ao Matrimônio

Depois de apresentar esta visão geral do matrimônio, fica mais fácil entender porque podemos e devemos falar em vocação ao matrimônio. Ele, sendo um chamado, mesmo estando inerente a nossa natureza humana, precisa de uma resposta, e esta não pode ser menos do que corresponder ao caminho chamado. Do contrário, dizendo não a este chamado, agredimos nossa própria natureza, mutilando-a, negando-lhe parte fundamental de seu desenvolvimento.
Esta resposta a vocação matrimonial deve ser dada com muita responsabilidade, pois não podemos perder de vista as características fundamentais deste sacramento, principalmente a indissolubilidade. Por isso, a necessária – e talvez urgente – formação para o matrimônio e a tudo o que nele esta inserido, desde a unidade, indissolubilidade e fidelidade até a consciência da importante geração dos filhos e sua necessária educação na fé e moral.
No mundo de hoje, a cada dia parece ser mais difícil sustentar com responsabilidade esta resposta ao matrimônio. São inúmeros apelativos que visam somente a desestabilização do pacto matrimonial tentando ferir principalmente sua indissolubilidade e fidelidade. Por isso, hoje mais do que em outros tempos, os casais precisam reafirmar sempre seu matrimônio; é como dar todos os dias a mesma resposta ao chamado recebido.
Dirigindo-me de modo especial, aos jovens solteiros aqui presentes, quero dizer-lhes que a vocação ao matrimônio esta ressoando no interior de cada um, existirá aquele momento em que ele falará mais alto para que possais o ouvir sem engano ou dúvida. Deixai o tempo necessário para vos formar humanamente e moralmente, sem nunca esquecer da fé que os alimentará e iluminará. Neste tempo em que esperais para assumir o matrimônio não tendes medo nem receio de guardar a castidade, se preparando adequadamente para aquela pessoa com quem construirá uma vida solidificada no sacramento do matrimônio. Isto também vai mostrar o quanto vocês dão valor aos próprios corpos, vendo neles algo sagrado, digno da natureza criada por Deus e aos sacramentos que Cristo nos deixou.
Caríssimos. A realidade do matrimônio cristão é inegavelmente a porta da felicidade, nele Deus pode de modo privilegiado se manifestar em seus modos diversos. Que todos os casais aqui presentes, possam relembrar daquele final da oração de benção nupcial que o sacerdote faz no ritual do casamento: enfim, após uma vida longa e feliz, alcancem o reino do céu e o convívio dos santos.
O Espírito Santo, Dom de Deus, vos oriente e conduza à plena realização da natureza humana, dignificada em Cristo pelo Seu amor.

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[1] Cân. 1055 § 1. O pacto matrimonial, pela qual o homem e
mulher constituem entre si o consórcio de toda a vida, por sua
índole natural ordenado ao bem dos cônjuges e à geração e
educação da prole, entre batizados foi por Cristo Senhor
elevado à dignidade de sacramento. § 2. Portanto, entre batizados não pode haver contrato
matrimonial válido que não seja por isso mesmo sacramento.

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