Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados

Novena em Honra a Santo Antônio
Catedral Santo Antônio / Frederico Westphalen

Pe. Valderi da Silva

Santo Antonio Padua 04

Irmãos e irmãs.

Neste quinto dia da novena em honra a Santo Antônio, nosso padroeiro, refletiremos sobre o versículo sexto do capítulo cinco do evangelho de Mateus: felizes os que tem fome e sede de justiça, porque serão saciados.

Este versículo esta inserido no chamado, Sermão da Montanha, ou Sermão das Bem-aventuranças de Jesus. Jesus não foge da linha traçada nos versículos anteriores, isto é, o sentido de fundo contido nesta bem-aventurança é o mesmo contido nas anteriores e nas sucessivas a esta.

Jesus declara feliz o que têm fome e sede de justiça. Logo entendemos que não se trata de algo contraditório, pois do contrário se poderia pensar que Jesus estaria declarando feliz aquele que passa fome, que vive na miséria da vida, que não possui nada para o alimento e por isso sente fome. E mais, poderia se dizer que Cristo estaria validando uma sociedade que é permissiva com o sofrimento alheio, que Cristo estaria justificando a indiferença de muitos a miséria humana. Por isso, não podemos pensar que se trata de algo antagônico à própria missão de Cristo, pois este sentir fome e sede que Jesus fala é um movimento interno – a vontade movida pela fé e razão – que nos direciona a buscar algo colocando toda a nossa disposição para chegar ao ponto desejado. Os espanhóis expressam algo parecido ao dizer tienes gana …, pois se trata de uma força voraz dentro de si que me projeta a viver a vida buscando aquilo que é desejado.

Na Sagrada Escritura encontramos um sentido que nos leva a este conceito de que Jesus fala nesta bem-aventurança:

“Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando verei a face de Deus?” (Sl 42,2-4); “Ó Deus, tu és o meu Deus, por ti madrugo. Minha alma tem sede de Ti, minha carne te deseja com ardor” (Sl 63, 2).

A fome significa na Bíblia a tendência e a lembrança ao Deus da vida. Jesus disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem acredita em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35). Os homens acreditam que Deus fará justiça aos que são oprimidos pela injustiça. A situação de “fome e sede de justiça” clama para que cessem a injustiça atual. A justiça corresponde ao Reinado de Deus sobre tudo e sobre todos. Por que a esperança de justiça se cumpre em Jesus Messias e Salvador na cruz. De fato “Javé é nossa justiça” (Jr 23,6).

(Extraído de www.Catequisar.com.br)

Por isso, o ter fome e sede, nas palavras de Jesus, não necessariamente expressam a carência do alimento material nem da água que nos nutre corporalmente. É feliz aquele que sente fome e sede de justiça, porque este a procura como alguém que passa fome e por isso procura ávidamente o alimento para se saciar. É feliz porque esta justiça que se procura não a encontramos plenamente nos homens e no mundo, pois esta justiça é a justiça de Deus e é Nele que a encontramos.

Assim, podemos afirmar que, buscando a justiça divina pretendemos alcançar de Deus a solução ou conforto para nossas atribulações. Mas também, encontrar nesta justiça o alento para seguir fielmente no caminho da graça de Deus, apesar das misérias humanas, das atribulações e dificuldades, apesar das muitas injustiças dos homens e mulheres.

Algo importante a ser destacado é que, percebemos “que Jesus não estava se referindo à justiça que é administrada nos tribunais dos homens! [Notamos que sua] abordagem... em momento algum teve objetivos políticos” (Extraído de www.ibiblia.net). Muitos ao longo da décadas mais recentes, desejaram atribuir um sentido exclusivo a estas palavras de Cristo que não conferem com a realidade do Reino de Deus. De fato, se Cristo falasse de mera justiça social estaria inclinando os homens buscarem o Reino de Deus aqui, neste mundo, nas coisas do mundo, quando na realidade, apesar de vivermos aqui e ter a obrigação de viver os valores do Reino, o Reino definitivo, o qual é regido por esta justiça de Jesus, não esta neste mundo.

“Em momento algum Jesus expôs os princípios anunciados pela [chamada] teologia da libertação em que a prática de justiça esteja atrelada a transformações de ordem econômica, social e política. Em momento algum Jesus demonstra que a bem-aventurança dependa de transformações sociais ou que se fundamenta nas relações sociais”

(Extraído de www.ibiblia.net)

Elas não estão a mercê das realidades externas, pois estas mudam com o tempo, enquanto que a felicidade declara por Jesus permanece para sempre.

“Os valores [que são vividos hoje,] são totalmente diferentes dos valores de cem anos atrás. O caráter e a moral [das pessoas] sofreram transformações e se adequou a sociedade moderna. Se a salvação estivesse apoiada nestas questões circunstanciais, qual seria o padrão correto de conduta nestes séculos de história da igreja?”

(Extraído de www.ibiblia.net)

Não poderíamos dizer que existe uma verdade imutável, resistente ao tempo nas palavras de Jesus Cristo, pois estaríamos afirmando que é a realidade atual, isto é, externa, que interpreta a revelação de Deus.

“Jesus não apoiou a sua doutrina no homem ou em seus méritos. A doutrina de Jesus não faz acepção de pessoas, de condição social, de épocas ou de cultura. A mensagem de Jesus é a mesma para os pobres e para os ricos. Ambos precisam reconhecer a miséria espiritual que se encontram. Todos os homens precisam arrependerem-se e o primeiro passo está em reconhecer a condição de miséria espiritual e a necessidade de socorro divino. Todos os homens estavam mortos em delitos e pecados, sem qualquer distinção entre eles.”

(Extraído de www.ibiblia.net)

É esta busca intensa e incessante pela vida em Deus que faz do homem um ser feliz, bem-aventurado. Pois nesta busca o ser humano consegue viver na santidade afastando-se do pecado que o corrompe. É nesta busca que ele consegue viver o amor, viver a caridade e ser justo ao mesmo tempo em que muda a realidade injusta em verdadeiro ambiente do Reino de Deus.

Quem tem fome e sede de justiça? Aquele que, desprendido das amarras colocadas pelos sentimentos egoístas, pelos bens materiais, pelas paixões humanas, pelo dinheiro e o poder, e, mesmo vivendo rodeado por tudo isso, busca sempre viver em Deus, fazer valer a justiça que nasce do amor e da fidelidade a Sua Palavra. Nossa “felicidade” nas palavras de Cristo, estará nesta busca incansável pela justiça divina, e a vivendo fielmente neste mundo, aqui não só seremos bem-aventurados, como ajudaremos a humanidade a viver mais retamente na Vontade de Deus.

Na vida dos santos encontramos aquela pessoa que, humana como nós, frágil diante do pecado, mas humilde e reconhecendo sua miséria humana para alcançar o perdão e a graça de Deus, é bem-aventurado porque buscou em sua vida com verdadeira fome e sede a justiça que o justifica diante de Deus. Nosso padroeiro, Santo Antônio, é exemplo singular desta felicidade pela realização na justiça divina, pois ele incansavelmente nunca exitou em viver na verdade de Deus e assim mostrá-la sempre que necessário aos homens e mulheres.

Roguemos a Santo Antônio que nos auxilie a que corramos ao encontro de Cristo para saciar-nos de Sua justiça.

Assim seja.

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