Sobre o Concílio Vaticano II, Fraternidade São Pio X: Pe. Paulo Ricardo

Do Pe. Paulo Ricardo, em programa “Escola da Fé” da TV Canção Nova [14/06/2012]


Vaticano II e Reforma Litúrgica.
“O Concílio fez a Constituição sobre a liturgia Sacrosanctum Concilium, mas Paulo VI foi muito além da Sacrosanctum Concilium. Por exemplo, a Sacrosanctum Concilium diz para dar algum espaço ao português, à lingua vernácula dentro da Missa. Paulo VI liberou tudo! Paulo VI foi além daquilo que o Concílio tinha colocado”. 

Fraternidade São Pio X.
“Eles são Padres e Bispos da Igreja Católica, mas que não têm uso de ordem canônico regular. [...] Eles estão numa situação canônica irregular”. 

“Eles têm uma série de questionamentos a respeito do ensinamento do Concílio. Então a grande dificuldade é a seguinte: o Papa irá ou não irá aceitar que haja dentro da Igreja um grupo de sacerdotes e de bispos que oficialmente, claramente e em público, colocam pontos de interrogação sobre alguns ensinamentos conciliares. Pergunto: ‘ah, mas isso é absurdo, como é que eles vão contestar um Concílio?’. Não, não é absurdo porque eles não estão contestando um Concílio dogmático, não é? Aliás, eu tenho certeza absoluta que se eu fosse ler alguns trechos do Concílio para algumas pessoas hoje em dia, tenho certeza absoluta que as pessoas não aceitariam o que está no Concílio. [...] Está cheio de gente criticando o Concílio dentro da Igreja”. 

“De uma forma geral, parece que sempre houve um pouco dois pesos e duas medidas. Ou seja, se você critica para ser mais avançado, mais progressista, mais à frente, então pode. Mas se você critica para pôr um freio-de-mão e dizer: ‘espera lá, vocês estão indo longe demais’, então não pode”. 
“Me parece que o chefe da FSSPX, Dom Fellay, quer a união com Roma, ele vê que o Papa Bento XVI está sendo muito sincero e honesto com ele, e ele quer corresponder a esta mão estendida do Santo Padre. Acontece que existem pessoas que durante estes anos ficaram tão feridas com uma série de personagens e de atitudes com relação a eles, que os demonizava, que os tratava de forma inóspita, que as pessoas estão com medo, com medo de que isso seja uma espécie de armadilha”. 

“Tradicionalistas”.
“Eu não vejo porque é que nós devamos agora tratar como criminosos pessoas que querem simplesmente fazer aquilo que a Igreja inteira fazia há 60 anos atrás, 70 anos atrás. Não é sério, não é, digamos, decente, é dar um tiro no pé, é cortar o galho no qual nós estamos sentados, nós agora criminalizarmos aquilo que todo mundo fazia há 100 anos”. 

“Alguns pessoas infelizmente trataram, não somente os documentos do Concílio, mas certas coisas do Espírito do Concílio — muitas aspas do Espírito do Concílio, que ninguém sabe onde é que está, porque não está em documento nenhum… — trataram este Espírito do Concílio como se fosse um super-dogma, um dogma que teria anulado todos os dogmas anteriores, como se agora o Vaticano II fosse o único Concílio e os outros 20 não valessem mais. Nós temos aqui um grupo de pessoas que quer insistir: ‘olha, vamos lembrar dos outros 20 concílios, vamos lembrar daquilo que nos sempre fomos’”.
 
Liberdade Religiosa.
“Não é um problema dogmático, é um problema de como resolver a convivência pacífica entre os vários povos, as várias crenças… Nós podemos propor soluções que depois, daqui um ano, a gente está reunindo para resolver os problemas que nós criamos com a nossa solução. Nós compreendemos que, quando nós tratamos de coisas práticas, pastorais, de soluções, nós não temos as formulas mágicas”. 

Hermenêutica da Continuidade.
“O Concílio é infalível? Não! Ele é criticável? Depende. Como é que nós devemos agir diante de documentos da importância do Vaticano II? A primeira coisa é a docilidade e a benevolência, de quem está diante de um documento eclesial [...] diante de um Concílio Ecumênico. [...] Qual é a abordagem de uma pessoa quando ela pega um documento do Concílio Vaticano II? Deve ser de benevolência, não com um olhar de ‘venha cá, agora vou pegar aqui o Concílio e vou caçar heresia, vou provar que tem heresia’”. 

“Diante de um texto conciliar, se eu sou Católico e tenho amor à Igreja, eu preciso abordá-lo como algo que vem da minha mãe, a Mãe Igreja. E então, ler isso na sintonia da Fé Católica de dois mil anos. Então, se eu encontro aqui uma frase que para mim gera uma grave dificuldade de interpretação, e eu não consigo interpretar esta frase na sintonia dos dois mil anos, eu devo, em primeiro lugar, seriamente estudar para ver se não existe uma saída de ver uma continuidade entre as duas coisas. E aí depois que eu sinceramente procurei entender,  compreender e ver que isto que está sendo dito aqui não é diferente daquilo que foi dito durante dois mil anos, aí talvez eu possa criticar alguma expressão do Concílio e dizer: ‘eu acho que esta expressão foi inadequada, eu acho que esta expressão deu espaço à interpretações errôneas… que os Padres conciliares quiseram dizer uma coisa boa, mas eu acho que se eles tivessem sido mais duros, mais claros, mais incisivos seria melhor’. Tudo bem. Aí você está discutindo uma atitude pastoral. E dá para discutir uma atitude pastoral com respeito para com os bispos. Porque é evidente que nós não temos ainda na Igreja o dogma da imaculada conceição episcopal [...]. É possível sim, mas uma coisa é você discutir uma coisa e falar como um rebelde, e quer que a Igreja caia, ou então como um rebelde que quer causar rupturas”. 

“A bomba-relógio já estava armada. Os bispos assinaram os últimos decretos do Vaticano II em 1965. Em 1968, eclodiu no mundo inteiro uma revolução estudantil, marxista [...]. Pergunto, foi o Concílio que causou isso? Como? Nem pensar! [...] Agora, o que aconteceu, isso sim, infelizmente, homens de Igreja aproveitaram a onda e então colocaram dentro da Igreja erros, dizendo que era o Espírito do Concílio [...] O que nós podemos talvez acusar os bispos do Vaticano II é de não terem sabido ler, como João XXIII diz, os sinais dos tempos de forma adequada, e não ver que os tempos estavam maduros não para uma primavera da Igreja, mas para um inverno tenebroso que se seguiu”. 
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Extraído de Frates In Unun

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