X Domingo do Tempo Comum

Gn 3,9-15 2Cor 4,13-5,1 Mc 3,20-35
Pe. Valderi da Silva

Irmãos e irmãs.

Desde a criação do homem e da mulher o mal investe contra a obra mais amada por Deus, justamente para feri-Lo. Escutamos o relato alegórico do livro do Gênesis, onde a serpente, figura do mal e meio pelo qual o demônio se utiliza para se aproximar do ser humano, ilude a mulher fazendo com que cometa o primeiro pecado da história humana. É por este ato que se abriu a brecha para a corruptibilidade do ser humano, quando se deu ouvidos pela primeira vez ao mal. Mas que pecado foi este? A desobediência a Voz de Deus: Então comeste da árvore, de cujo fruto te proibi comer? (Gn 3,11). Foi por este pecado, que muitos ainda consideram como pequeno e simples, que o mal fez morada na natureza humana. Não somos naturalmente maus, ou seja, nossa natureza em si é boa, mas grudou-se nela a inclinação para fazer o mal, é o que chamamos de pecado original, o pecado que deu origem a nossa corruptibilidade.Adao e Eva - arvore do bem e do mal

O fato importante de ser notado também, é que o demônio é existente como tal, desde a existência do homem sobre a terra, ele sempre procura algo que possa desagradar a Deus, é de sua índole afrontar a Deus Onipotente. Ele encontrou, na obra mais perfeita de Deus, um eficaz instrumento para ofender Sua santidade. A cada inclinação cedida, isto é, cada vez que pecamos não fazemos menos do que servir de instrumento para que este mal atinja seu objetivo de ofensa e escárnio a Deus. Evidentemente que não desejamos conscientemente colaborar com o mal, mas o fazemos pelos vícios, desvios de conduta, mentalidade imoral e contra a Igreja e muitos outros pecados. O que devemos procurar sempre exercitar em nossa  vida é o que nos preveni e remedia contra estas investidas do demônio para fazer-nos servos seus. Por isso, temos os sacramentos deixados por Cristo, temos a Igreja que administra estes sacramentos, temos e Virgem Maria e os santos que por sua intercessão podem nos auxiliar. Não temos desculpas para contribuir com o mal, pois temos Deus e seus instrumentos que nos favorecem uma vida santa, longe da influência do maligno.

Tristemente o mal sempre estará ao redor do homem e da mulher, como uma serpente a ferir-lhes o calcanhar. Mas temos alguém que já venceu o mal, e por isso pisou na cabeça desta serpente. Jesus com sua Ressurreição saiu triunfante do que seria o triunfo do mal, a morte, e com isto nos provou de uma vez para sempre que nosso fim na verdade é o começo.
Percebendo que passamos muitas calamidades em nossa vida, às vezes com a impressão de que são tormentas infindáveis, sempre devemos nos lembrar destas palavras de Paulo, que com confiança afirma, que mesmo que o corpo pereça e vá se arruinando, o nosso homem interior, pelo contrário, vai-se renovando (2Cor 4,16). Isto faz parte de nossa certeza da vida eterna que é justamente reservada àqueles que não temem viver para Deus fazendo de tudo para não ceder ao mal. Sabemos que, se esta tenda em que moramos neste mundo for destruída, Deus nos dá uma outra moradia no céu que  não é obra de mãos humanas, mas que é eterna (2Cor 5,1).

Nesta batalha espiritual contra o mal, é necessário que estejamos fortes, solidificados em nossa fé. Isto somente acontece quando não nos colocamos sozinhos, mas nos unimos em comunidade com o mesmo objetivo. É o estar unido como família de que fala Cristo em Seu evangelho. Se permanecemos unidos, fortes ficamos, do contrário quando vamos nos dividindo vamos assinando nossa sentença de destruição, pois sozinhos podemos até resistir por algum tempo as investidas do mal, mas dificilmente nos manteremos sempre na graça de Deus. Ao acusarem Jesus de agir em nome do demônio, estes não se deram conta disto que Jesus lhes esclarece. Mesmo o demônio, resolvendo lutar contra seus aliados, verá aos poucos sua ruína, pois com a divisão cresce a discórdia, e com a discórdia o enfraquecimento de ambos os lados. Por este motivo Cristo afirma que o reino que se divide contra si mesmo dificilmente se manterá, o mais provável é a ruína completa.

Como podemos perceber, em nossa vida vale o mesmo princípio anunciado por Jesus. Numa sociedade, pequena ou grande, onde ha muitas divisões, a luta interna começa e a autodestruição esta próxima. Hoje vemos nosso mundo desunido, onde existem vários grupos de pessoas, cada um pensando diferente e por vezes atacando os outros justamente por que são diferentes. A diferença não deveria ser causa de divisão, nem de ataques sucessivos, pois são estes que levarão os homens e mulheres a destruição. Não existe outro causador desta desunião que leva a luta entre si senão o pecado. Pois é justamente ele o “fruto proibido” para nossa felicidade, mas apesar disso nossa liberdade nos leva, muitas vezes a optar por atitudes que permitem a atuação do mal, o que nos resulta nos pecados que cometemos, leves ou graves, pecados que podem estar contribuindo para esta divisão interna da comunidade cristã, em particular.

Jesus nos fala ainda neste evangelho sobre o único pecado que não pode ser perdoado: o pecado contra o Espírito Santo.  “Este pecado se caracteriza quando alguém deixa de acreditar na obra do Espírito Santo... é atribuir a obra do Espírito Santo aos demônios” (Rede Sepal, www.liderança.org), foi o que fizeram os Mestres da Lei.

[Também] lembrando as palavras do [beato] João Paulo II, “a blasfêmia contra o Espírito Santo... consiste na recusa em aceitar a salvação que Deus oferece ao homem” (Carta Enc. Dominus Vivificantem, 46), uma recusa livre e tomada com sua inteligência. Como Deus poderá perdoar a quem não quer ser perdoado?!
(Blog VALDERI. Segunda-feira da III Sem.Tempo Comum. 23/01/2012)

O papa São Pio X (cf. Catechismo Maggiore) nos dá um breve esclarecimento de como podemos cometer este pecado nos indicando algumas atitudes que levam a ele: [1] desesperança da salvação; [2] presunção da salvação sem merecimento; [3] negar a verdade conhecida como tal; [4] inveja da graça que Deus dá a outros; [5] obstinação no pecado (teimosia firme e consciente) e [6] impenitência final (recusa arrepender-se até a morte).

Por fim, vemos na atitude de Jesus, no final deste evangelho, Sua acolhida da humanidade toda como sua família, membros de seu laço de união. Esta união que nos torna fortes, agora nos leva a considerar todos como membros da própria família de Cristo. O que pode parecer duro da parte de Cristo em relação a sua mãe e parentes, é na verdade atitude do Deus que quer unir a todos sob o mesmo amor, na mesma união porque sabe que somente assim seremos fortes o suficiente para vencermos definitivamente o mal que nos rodeia.

Nos tornamos membros de Sua família quando abandonamos o erro e obedecemos a vontade de Deus, obediência que, sendo descumprida, foi causa de queda dos primeiros humanos, motivo de entrada do pecado no mundo, agora, o cumprimento da mesma, é motivo de salvação, pois nos une a Cristo, o Filho de Deus, exemplo de obediência até a morte.

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