XI Domingo do Tempo Comum

Ez 17,22-24 2Cor 5,14-17 Mc 4,26-34

Pe. Valderi da Silva

Irmãos e irmãs.

Estamos no XI domingo do tempo comum, e nesta liturgia nos é apresentada a realidade sobre nosso próprio crescimento espiritual e humano. Ele é fruto de como vivemos, de como colocamos em prática nossa fé em Deus e em Sua Palavra.Jesus pregando

A liturgia da Palavra inicia-se pelo leitura do livro de Ezequiel, e nele encontramos mais uma das tantas prefiguração do próprio Cristo Jesus que o Antigo Testamento nos oferece. Eu mesmo tirarei um galho da copa do cedro... Ele produzirá folhagem, dará frutos... debaixo dele pousarão todos... (Ez 17,22-23). É Deus Pai quem fala pela boca do Profeta, é Ele quem enviará Seu Filho para a humanidade, tomará a iniciativa da obra de salvação do gênero humano. Seu Filho descerá aos homens assumindo nossa condição, por isso se diz que Deus tirará um galho da copa do cedro, ou seja, tomará nossa própria carne para que o mais perfeito homem possa nascer, sem precisar criar um outra natureza diferente desta do ser humano. Este Filho de Deus, nascido em nossa carne, crescerá e no tempo certo produzirá muito fruto, fruto de salvação a todos, por isso seus frutos serão abundantes. De fato, esta salvação trazida por Cristo nos é o “fruto” desta árvore eterna, que nos oferece a vida nova que havíamos perdido definitivamente pelo “fruto” do pecado, quando os primeiros seres humanos se deixaram seduzir pelo mal.

É sob esta “árvore” salutar que se abrigarão todos os povos e criaturas. Por isso se diz que a salvação é universal, isto é, oferecida a todos. Em realidade, não existe a possibilidade daquele que deseja salvar-se sem se abrigar a sombra desta árvore da vida, árvore que em forma de Cruz, nos faz alcançar os Céus pelo sacrifício que nela foi ofertado.

Vivemos neste mundo sob a sombra desta “árvore”, mas sabemos que nosso corpo é mortal, que não viveremos eternamente neste mundo. Nossa condição mortal é a que nos dá a certeza de que a salvação que Cristo nos trouxe é real para nós, e esperamos na fé alcançá-la. No entanto, nossa vida presente na carne deve ser conduzida de tal forma que agrade ao Senhor, pois somos os únicos responsáveis pela nossa dignidade ou não quando partirmos deste mundo e nos encontramos diante de Deus.

Neste sentido é que São Paulo escreve: estamos sempre cheios de confiança e bem lembrados de que, enquanto moramos no corpo, somos peregrinos longe do Senhor (2Cor 5,6). Distantes Dele, porém assistidos com Sua graça que nos orienta e fortalece para conduzirmos nosso viver de tal forma que dê os frutos desejados. Este frutos desejados são tudo aquilo que me favorece a uma união mais perfeita com Deus, isto no meu dia a dia. O fato de estarmos vivos neste mundo deve ser encarado por todos como momento de crescimento das sementes que lançamos em nossa vida. Pois chegará o dia de apresentarmos os resultados de nossa vida neste mundo.

Paulo continua: nos empenhamos em ser agradáveis a ele... pois, todos nós temos de comparecer às claras perante o tribunal de Cristo, para cada um receber a devida recompensa – prêmio ou castigo – do que tiver feito ao longo de sua vida corporal (2Cor 5,9-10). A mensagem é simples, e todos nós já a escutamos muitas vezes. No entanto, sempre será difícil colocá-la em prática, sempre será necessário um esforço maior do que estamos fazendo neste momento. Isto nós mesmos conseguimos notar em nosso dia a dia, quando facilmente perdemos a paciência ou alimentamos sentimentos pecaminosos, nestes momentos percebemos o quanto é tarefa árdua semear boas sementes para que apresentemos bons frutos ao justo juiz.

Jesus pregando 02 Jesus nos conta duas parábolas neste evangelho para nos exemplificar melhor o que já refletimos. Primeiramente compara o Reino de Deus a ação de semear as sementes sobre a terra. Logo percebemos que Jesus nos diz o que estamos semeando quando procuramos fazer crescer as obras boas e nossa própria virtude: o Reino de Deus, que se manifesta através de nossas ações aqui neste mundo, entre nossos irmãos e irmãs. Este Reino é o objetivo da boa semente, ou seja, da vida cristã vivida conforme a Vontade de Deus, expressa principalmente em seus mandamentos.

O que semeamos não nos pode ser motivo de envaidecimento, do contrário não surgirá os frutos doces que se espera, talvez até venha a frutificar algo, mas com certeza serão frutos amargos e sem proveito. Por isso, a consciência de que tudo aquilo que desejamos ser fruto de nosso esforço pessoal e comunitário deve girar em torno deste Reino de Deus, isto é, fazer valer os princípios e os valores deste Reino aqui na terra, em nossa vida. E isto pode ter seu início no lar, na família, pois é ali que podemos experimentar um campo vasto para minhas boas atitudes, boas obras, como que semeando frutos para ver crescer frutos sadios mais adiante.

No desejo de ver crescer os frutos muitos ficam frustrados e acabam se perguntando se Deus realmente está ao seu lado. Ouçamos as palavras de Cristo: ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não percebe como isso acontece (Mc 4,27). Confiamos no auxílio divino, por isso não devemos ficar esperando ver as boas consequências das obras que fazemos, pois elas podem vir em tempos que não esperamos, pois é Deus que as faz crescer no silêncio da noite, na reclusão do coração. Assim, uma palavra ou conselho dado, quando feito com caridade e fundado no ensinamento de Cristo, nunca ficará sem retorno no coração daquele que ouviu. E mesmo este crescimento é aos poucos como Jesus mesmo aponta em sua parábola. Não nos é adequado ficar apressando os efeitos das boas ações que fazemos motivados pelo Evangelho, devemos aguardar, dar o tempo necessário a cada pessoa e situação, para que floresça nela o Reino de Deus.

Jesus ainda se utiliza de uma segunda parábola para apresentar o Reino de Deus. Nela o compara a um grão de mostarda, que parece ser a menor de todas as sementes, mas depois de atingir o momento do crescimento fica mais elevada que todas as outras. O Reino de Deus é assim, em conformidade com o que foi dito antes, o que semeamos pode nos parecer, a primeira vista, algo muito pequeno, quase insignificante, mas muitas vezes não conseguimos visualizar quão grande será o benefício de tal atitude semeada. Isto se refere a todas as coisas e atitudes tomadas em nossa vida cristã, desde a decisão de fazer as orações fielmente durante o dia e a noite, até se colocar a disposição da comunidade onde participo para realizar algum trabalho. Tudo em nossa vida precisa deste tempo para crescer que Jesus nos mostra ser tão necessário para a boa semente. Por isso, nossa obrigação também fica em saber reconhecer que nossa luta diária pela santidade, nosso empenho pela caridade com nossos irmãos, com a Igreja e com Deus, terá seu crescimento mesmo que não consigamos acompanhá-lo visivelmente.

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