Lederman: O bóson de Higgs ajudaria a compreender melhor como Deus fez o universo

Um amigo jornalista, sabendo que além de sacerdote, sou químico de profissão, entrevistou-me em uma emissora de rádio e me perguntou se a expressão "partícula de Deus", que referia-se a uma partícula subatômica, mais adequadamente chamada "bóson de Higgs", não tinha a intenção de negar a existência de Deus. Eu lhe respondi que não, pois, inclusive, quem lhe deu esta alcunha, o prêmio Nobel de Física, Leon Lederman, disse certa vez que demonstrar a existência do "bóson de Higgs" ajudaria a compreender melhor como Deus fez o universo.

A intenção dos cientistas europeus, que comunicaram em Genebra que haviam compBoson de Higgs [particula de Deus] rovado a existência da "partícula de Deus", com a presença do doutor George Higgs, - que nos anos 70 propôs a existência do "bóson" -, não é negar a existência de Deus ou distorcer a imagem que nós, crentes, temos d'Ele.

Certamente, a utilização do termo "partícula de Deus", com o qual também é conhecido o "bóson de Higgs", poderia fazer muitas pessoas pensarem que Deus é matéria e têm partículas e, pelo mesmo, é "mensurável" e "manipulável"; a outros poderia fazer supor uma espécie de um "panteísmo", onde o conjunto do todo "faz a Deus" e, inclusive, alguns poderiam chegar a afirmar que "Deus não existe".

Ao contrário dessas posições, a comprovação da existência desta partícula assinala como a ciência e a Fé não estão em contraposição, mas que se completam, pois têm como objetivo comum a verdade, da qual se aproximam de diversas maneiras. A ciência através das causas segundas e a religião através da causa primeira que é Deus. A ciência prentende saber "como", a religão nos diz "Quem".

Deus é o criador de tudo quanto existe, visível e invisível e se distingue de sua criatura. É Espírito e, por isso mesmo, é imensurável. Não obstante, isto não significa que não possamos reconhecer sua existência por meio da razão e da ciência que nos proporcionam alguns dados sobre Deus. O mesmo se auto-revela parcialmente no Antigo Testamento e plenamente o faz na pessoa de Cristo. Como um ato libérrimo de amor, se limita e toma nossa condição humana sem deixar de ser Deus, para nos redimirmos, para que o conheçamos melhor, experimentemos seu amor e saibamos que somos chamado à Vida Eterna; dados que conhecemos porque o mesmo Deus nos revelou-os através de seu amado Filho, Jesus Cristo.

O mundo em uma ordem maravilhosa

A ordem maravilhosa que encontramos no mundo das partículas subatômicas, assim como a beleza macrocósmica das imagens das constelações nos limites do Universo, captada pelo telescópio espacial "Hubble" e divulgadas em 2009 nos falam não somente de uma ordem e uma perfeita harmonia, contrárias ao caos e à sorte, mas de uma mente criadora, que para os católicos é muito mais que uma "mente" ou uma "energia", pois é Pessoa, é o nosso Pai que se revela na natureza e em cada ser humano, pois Deus assume nossa condição humana em seu Filho Jesus Cristo.

Pela mesma razão, esse achado científico nos alegra, pois fala da capacidade do homem de escrutinar o mundo material, para conhecer seus segredos e por meio deles ter um maior número de evidências da existência de Deus.

O 4 de julho de 2012, para os físicos do mundo, será recordado como o dia em que puderam comprovar a hipótese sobre as "partículas subatômicas" e que sua visão da "materialidade" do mundo era correta, pois encontraram o elo perdido que sustenta a hipótese que, desde a segunda metade do século passado, haviam proposto para explicar a maneira como as partículas subatômicas interagem, mantêm-se unidas para dar consistência à matéria e se comportam.

Em 1972, junto com alguns amigos do Preparatório 8 da Unam, onde estudei, apresentamos em uma exposição universitária a figura tridimensional de uma "Orbital D", dado científico que então se tratava de uma novidade, pois depois dos descobrimentos que deram pé à utilização da energia atômica ainda faltava muito por conhecer sobre a constituição subatômica da matéria e seu comportamento, pelo que contava com diversas hipóteses, como a que agora foi comprovada.

Em geral, desde o secundário e no preparatório também, ensinava-se a todos a respeito dos elementos da tabela periódica; dos átomos, dos prótons, nêutrons, elétrons e talvez, quando se estudava o processo da vida das plantas, dos fótons. Em estudos mais especializados sobre o mundo das partículas subatômicas fala-se dos "quarks" e "leptones" que tem seis variações cada um. Os "leptones" aparecem de maneira individual e os "quarks" em pares, os quais estão unidos por "gluones". Recordemos que estes nomes foram sendo dados às partículas conforme elas iam sendo descobertas.

Para explicar alguns "comportamentos dessas partículas", o cientista inglês, George Higgs, propôs a existência de uma partícula a mais, a qual ele chamou "bóson", sendo que, desde 1964, essa partícula hipotética recebe o nome "bósons de Higgs". Anos depois, em um revista de divulgação científica, esta partícula foi denominada por Leon Lederman como "a partícula de Deus", sem nenhuma conotação de tipo religioso, mas somente comparativo, com a ideia de que "se sabia que existia, mas que ninguém o havia visto".

Por Monsenhor Pedro Agustín Rivera Díaz

Reitor do Templo Expiatório a Cristo Rei

Antiga Basílica de Guadalupe

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Fonte: www.gaudiumpress.org

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