O que vai mal no mundo? [III]

Falava da alma como voltada para Deus desde sua criação (O que vai mal no mundo? [I]), o que para alguns ainda é difícil de ser aceito, veja-se o exemplo de alguns “ateus” que negando a existência de um deus negam que a alma – que a maioria aceita ser existênte, mesmo que confundida às vezes com o espírito humano – possa ter este direcionamento natural ao seu criador. Aqui se trata de uma negação apriori de Deus mas que têm como consequência a negação da existência da alma, pois não existe um conceito para ela que exclua a possibilidade de um deus.
Dizia também (O que vai mal no mundo? [II]) que nossa visão sobre este tema pode ir da alma – nosso “mundo” – até Deus e até nós mesmos, sendo que este direcionamento natural à Deus nasce da própria natureza da alma, que é tirada do ser eterno e puro de Deus.
Nos dedicando a visão deste mundo que  nos leva a nós mesmos, podemos nos perguntar como já o fizemos anteriormente, se não seria mais adequado falar primeiro de nossa direção aos outros seres humanos, talvez baseados na experiência cristã. No entanto, repito o que já mencionei, precisamos ver – esta é a intenção desta reflexão – a relação que o ser humano corporal têm com sua alma pessoal e qual o valor desta relação.
O leitor pode notar que me refiro algumas vezes a alma como nosso “mundo”, isto é intencional. Penso ser nossa alma tão abrangente – como por vezes se pode perceber na sensibilidade desta pela beleza – que, restringí-la sob qualquer pretexto de conceituação ou rigorismo linguístico, seria como apresionar um pássaro para o analisar, isto é, não se pode compreender o pássaro em sua totalidade se esta restringido em sua liberdade, que se manifesta justamente por poder voar livremente. Neste exemplo se apresenta uma dificuldade que logo associo a alma criada por Deus: perceber esta totalidade da alma e analisá-la é algo muito difícil, pois exigiria voar junto com o pássaro, “ser alma” para compreender a alma. Por isso, não ouso pretender dar uma explicação da alma, mas aproximar-se do reto cuidado que cada homem e mulher deve ter com sua alma.
Neste ponto chegamos ao motivo de escrever sobre a alma até nós, ou seja, numa direção de compreensão, ver a alma em relação do corpo humano e como ela sente-se aí. São Paulo nos deixa entender que a alma é como uma prisioneira dentro deste corpo perecível (cf. IICor 5,6 em comparação com o exílio no corpo), mas isso não quer dizer algo ruim, como se tivêssemos que viver com este fardo inevitável! Nossa alma esta aqui, revestida de um corpo perecível, mas que a completa, pois não seremos só alma na prometida vida nova depois do juízo final (CIC 1042; também recomenda-se ler sobre o juízo final nos nn. 1038-1041), viveremos com nosso corpo que outrora era mortal, mas que agora ressuscita por força de Jesus Cristo.
Por que a alma está ansiosa por Deus, se o corpo a completa? Porque neste mundo algo não a deixa viver sua realização, porque sente um “incomodo” e porque sabe que o corpo que a revesti permite este “mal-estar”. Fica claro quando chamamos este “incomodo”, “mal-estar” pelo seu nome, pecado. Existe uma inteligência na alma, e por isso entende que o mal entrando no coração humano, modelando seu caráter e afetando seu espírito, estará pondo em risco sua vivência junto Daquele que a chama para Si deste sua criação. É por este motivo que a alma, ao mesmo que sabe da importância do corpo material para lhe complentar, vira-se constantemente para Deus.
Disse que existe uma inteligência na alma, pois ela inatamente inclina-se para Deus, mas precisa esclarecer esta inclinação, pois estando no corpo, sente a necessidade de conhecimento de si e de seu fim. Este conhecimento é a tarefa primeira de nossa vida corporal que junto entendo estar a recusa constante do mal e a prática do que favorece a alma.
[continua]
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*Siglas:
CIC, Catecismo da Igreja Católica.
IICor, Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios.

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