XVI Domingo do Tempo Comum

Jr 23,1-6 Ef 2,13,18 Mc 6,30-34

Pe. Valderi da Silva

Caríssimos irmãos.

[A dispersão que acende a raiva de Deus]

O povo de Israel sempre sofreu com a ameça constante da dispersão, seja territorial, pela ameça dos povos vizinhos que tendiam a conquistar novas terras, seja uma dispersão em relação a Lei de Deus, fazendo com que o povo se afastasse do caminho que Deus os orientava a seguir. Este povo da Antiga Aliança, convivia com este sentimento vivo dentro de si, o que leva o profeta Jeremias a falar com certa propriedade sobre a ofensa a Deus por parte de quem levar o povo a se dispersar.

Esta dispersão pode ser entendida de duas formas como já mencionamos. Uma realidade de migração obrigatória para longe de seus concidadãos, o que leva o povo a se dividir e cada grupo ou família ir para um lado diferente. Mas também, pode nos mostrar uma outra dispersão, que na realidade é a que mais entristece a Deus. Se trata da dispersão do povo de Deus que esta reunido sob Seu Nome. Isto acontece quando a família de Deus – seus filhos – acabam divergindo uns dos outros por um mal entendimento da Vontade de Deus, um por alguma intriga interna que acaba por afastar alguém ou algum grupo da união com os demais. Por isso é algo detestável a Deus, pois é uma divisão que não têm motivo verdadeiro para acontecer, é resultado de paixões pessoais que resultam do pecado. Estas atitudes, que podem se manifestar num ato egoísta, orgulhoso, mesquinho, vaidoso, etc., acabam se transformando em verdadeiras armas para a divisão dos filhos de Deus, levando muitos a se dispersarem e se afastarem, as vezes em definitivo. Ovelhas sem pastor

Isto pode ser a causa do que vemos acontecer em nosso tempo, quando pensamos que muitos cristãos acabam deixando a Igreja às vezes para seguir outras denominações religiosas. Por vezes, a comunidade têm que se perguntar se suas atitudes pessoais não estão sendo causa de afastamento de nossos irmãos, se seu testemunho não esta servindo de motivo para que muitos se retirem de nosso meio e em consequência da Igreja. Evidente que um cristão de verdade não baseia sua fé num ou noutro testemunho de vida, fundamenta sua fé em Cristo e é por Ele que segue nesta verdadeira Igreja. Mas temos sempre que considerar que muitos irmãos nossos estão ainda em fase de crescimento na fé e por isso, precisam olhar para os lados e ver o testemunho de irmãos mais crescidos.

[Deus adverte os pastores]

Voltando a leitura de Isaías, percebemos que Deus fala mais diretamente aos pastores que deixam estas ovelhas se perderem. Em realidade, se trata de serem a causa da dispersão uma vez que não as cuidam. A falta de zelo e vigília pode também ser motivo para as ovelhas se dispersarem, isto é, os responsáveis pelo cuidado e orientação do povo de Deus devem estar totalmente atentos aos que Deus lhes confiou. O pastor nunca deve adormecer, se acomodar na sua suposta sabedoria, nunca deve se descuidar de procurar constantemente as ovelhas mais tímidas ou mais resistentes a Palavra de Deus, pois esta correndo grave risco de sofrer com a justiça divina.

Apesar de notar que muitos homens e mulheres se afastam da família de Deus, como que ovelhas se distanciando do redil, precisamos ter a confiança em Deus, pois é somente Ele que têm o poder de reuni-las novamente num só local. Nós somos colaboradores que se colocam a seu serviço esperando que Ele sempre nos inspire a fazer o que planejou para a salvação de todos.

[Deus reunirá seu povo]

Esta reunião dos que estão dispersos, será possível pelo Sangue de Cristo. De fato, como diz Paulo, do que era dividido Ele fez uma unidade (Ef 2,14) pelo seu sacrifício na cruz. É o Filho do Altíssimo que irá reunir os povos dispersos debaixo do mesmo Nome, por isso edificou para humanidade a missão evangelizadora, que é manifestação desta vontade de Deus de juntar novamente o que está disperso. Em realidade é este desejo de Deus por unificar novamente seu povo que move a Igreja que Ele edificou a considerar-se enviada a todos os povos, mesmo os mais resistentes, para anunciar esta Vontade de Deus, vontade que entende a reunião dos povos todos como modo eficaz de se alcançar a salvação revelada por Cristo.

Tudo o que faz o ser humano estar dividido, Cristo suplanta com seu poder. Para uns falta a paz, mas Cristo é a paz. Para outros falta amor, mas Cristo é o amor. Outros ainda consideram os homens muito injustos e cruéis, mas Cristo é a justiça plena e a mais pura bondade. O que serve de argumento para os homens se dividirem, em Jesus Cristo é destruído, de modo que nada pode ser mais forte do que esta verdade: em Cristo todos os homens formam um só rebanho, sob a guia de um só pastor.

[O cuidado com os pastores]

Cristo prepara e envia seus discípulos para pregar nas cidades, dando-lhes autoridade para fazer muitas obras maravilhosas em Seu Nome. Mas Jesus se preocupa com o cuidado destes pastores, pois eles também fazem parte de Seu rebanho e necessitam de Sua atenção. Jesus neste evangelho, nota que não tinham tempo nem para se alimentar e os chama para um lugar retirado para o descanso merecido. De fato, o Senhor nos ensina neste gesto de atenção com quem deve estar sempre a frente do povo para o guiar na Vontade de Deus, que por muito dedicados que pretendamos estar no serviço a Ele em sua Igreja, nunca devemos esquecer de que somos membros do Seu corpo, e assim como os demais irmãos, é necessário sempre recolher-se em si, para escutar a voz do Senhor e nutrir-se de Sua palavra. O pastor só cuida bem de suas ovelhas se ele estiver bem.

[Jesus se compadece da multidão]

O olhar caridoso de Cristo não deixa passar despercebido a multidão que os seguia. Jesus olha para eles e sente compaixão porque as vê como ovelhas que não têm pastor, perdidas em suas vidas, tão frágeis diante do mal que até sentem-se aliviadas por verem alguém que as pode ajudar. Jesus olhando a terra do universo

O pastor segundo Jesus, deve animar sua missão pela compaixão por aqueles que não encontram a verdade e que estão vivendo tão profundamente os valores do mundo que não conseguem considerar importante a busca por Deus. Esta compaixão (“sofrer junto”) significa para o pastor colocar seu coração ao lado daquele que sofre, mesmo que este sofra de algum mal de forma inconsciente. Cristo ao olhar para a multidão que os seguia, via certamente a numerosa humanidade que hoje nem sempre professa que Deus é o senhor de suas vidas, que Deus têm o valor que lhe é devido. Certamente enxergou os muitos homens e mulheres que desprezam a Deus e a vida humana, que desprezam tudo que possa instruí-los numa vida moralmente reta, que não os permita ofender a si e os demais.

Este amor do pastor é o amor que vemos em Deus, principalmente na persistente tentativa de reunir todos os homens e mulheres sob um mesmo teto, sob o Seu amor. Este amor de Deus o faz desejar eternamente esta união, pois não poderá haver mais de um Deus, mais de uma morada assim como não há mais de uma verdade.

Nós, que estamos continuamente reunidos em torno dos sacramentos que o Senhor nos deixou, supliquemos que Dele nunca nos afastemos e que a cada dia possamos agradecê-lo por seu imenso amor.

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