Nossa Senhora Rainha, do Céu e da Terra

Is 9,1-6 Lc1,26-38
Valderi da Silva
Caríssimos irmãos e irmãs.
Neste dia temos a memória de Nossa Senhora Rainha, comemoração que complementa a Solenidade que a alguns dias celebrávamos, a Assunção de Maria aos Céus. De fato, fica-nos compreensível aceitar esta possibilidade de Maria ser coroada no Céu como Rainha visto que por graça alcançada foi levada para lá, junto do Rei dos reis.Maria Rainha do Ceu e da Terra
Desde a antiguidade cristã se fala de Maria como “Senhora”, e este título não é mero respeito, mas deseja revelar uma verdade a respeito da relação dela com toda a humanidade. Se trata do senhoril de Maria, mas um senhoril que difere no grau ao compararmos com o senhoril de seu filho Jesus. Ela é Senhora porque é mãe do Senhor, sendo assim necessário que esteja a frente daqueles que têm no Seu filho o Senhor do mundo. Evidentemente que não exerce este senhoril como seu filho – como já dito -, o faz por sua “faculdade” de poderosa intercessão, aí esta a característica usual que a leva a ser Senhora de todos. Por ser Senhora é plausível que cheguemos a denominá-la Rainha, visto que não existirá alguém com semelhante grau de intercessão junto a Deus do que ela, mas o que mais fortalece a chamá-la de Rainha é sua maternidade, ou seja, é a mãe de Jesus Cristo, o Rei Eterno.
Pio XII, o muito venerável papa que proclamou o dogma da Assunção de Maria em 1950, escreveu uma carta encíclica – em 1955 - sobre a realeza de Maria, onde instituía a festa de Nossa Senhora Rainha. A carta chamada Ad Caeli Reginam – Rainha do Céu – desenvolve o percurso desta devoção que parte desde os primórdios da Igreja com os Santos Padres que a chamavam diversas vezes de “Senhora”. São Jerônimo escrevia em determinado texto: "Saiba-se que Maria, na língua siríaca, significa Senhora” (Liber de nominibus hebraeis: PL 23, 886); também São Pedro Crisólogo escreve: "O nome hebraico Maria traduz-se por "Domina" em latim: "portanto o anjo chama-lhe Senhora para livrar do temor de escrava a mãe do Dominador, a qual nasce e se chama Senhora pelo poder do Filho" (Sermo 142, De Annuntiatlone B.M.V.: PL 52, 579 C; cf. também 582B; 584A: "Regina totius exstitit castitatis"). Assim muitos outros Padres e escritores dirigiam-se a Maria como a Senhora por graça de Sua maternidade divina. Mas ainda desejo destacar o que escreveu São Germano: "Senta-te, ó Senhora; sendo tu Rainha e mais eminente que todos os reis, pertence-te estar sentada no lugar mais nobre" (In Praesentationem Ss.mae Deiparae, I: PG 98 303A). Aqui já fica mais evidente que nunca foi incomum a titulação de Rainha a Maria.
Contudo, é necessário encontrar o fundamento teológico para festejarmos esta Rainha legitimamente. Não mereceria muito esforço de nossa parte, bastando-nos recorrer ao que os próprios evangelhos já nos deixam, que ela é a Mãe de Deus, visto sua maternidade divina. É por este motivo em especial que facilmente a reconhecemos como Rainha, visto que és a Mãe do Rei do universo e que foste elevada ao Céus para colocar-se ao lado deste Rei eterno. Assim lemos claramente no Evangelho que nesta liturgia encontramos: Eis que conceberás e darás a luz um filho... ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó e o seu reino não terá fim (Lc 1,31-33). Nas palavras do enviado de Deus a Maria, visivelmente conhecemos que o filho que dela nascerá é Rei, e como seu reinado não terá fim possui um reinado acima de qualquer rei existente ou por vir. Neste sentido, sendo Rei dos reis, seria conveniente que Ele coroasse aquela que a gerou como Rainha, para que participasse agora no Seu Reino, como participou de Sua vida na terra. Interessante notarmos como no Antigo Testamento, já Isaías fala deste Rei que assumirá o trono de Davi: grande será o seu reino e a paz não há de ter fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reinado, que ele irá consolidar e confirmar em justiça e santidade (Is 9,6). Este Rei poderoso e sábio é o Filho da Virgem que agora, após levá-la aos Céus junto Dele, a coloca ao seu lado no Trono eterno e necessariamente a coroa Rainha dos Céus.
Podemos também a considerar Rainha pela sua eminente dignidade, principalmente ao ser cumulada de muitíssimas graças, que superam a de todos os santos e anjos. Escreve Pio XII na encíclica Ad Caeli Reginam:
Para melhor compreendermos a sublime dignidade, que a Mãe de Deus atingiu acima de todas as criaturas, podemos considerar que a santíssima Virgem, desde o primeiro instante da sua conceição, foi enriquecida de tal abundância de graças, que supera a graça de todos os santos. Por isso, como escreveu na carta apostólica Ineffabilis Deus o nosso predecessor, de feliz memória, Pio IX, Deus "fez a maravilha de a enriquecer, acima de todos os anjos e santos, de tal abundância de todas as graças celestiais hauridas dos tesouros da divindade, que ela - imune de toda a mancha do pecado, e toda bela apresenta tal plenitude de inocência e santidade, que não se pode conceber maior abaixo de Deus, nem ninguém a pode compreender plenamente senão Deus" (Pio IX, Bula Ineffabilis Deus: Acta Pii IX, I, p.597-598). (Pio XII, Encíclica Ad Caeli Reginam, n.39)
É por esta dignidade recebida pelo estado adquirido junto de Deus, que Maria Santíssima pode ser considerada justamente e adequadamente Rainha de todo o Céu.
Mas também é Rainha dos homens, pois recebe juntamente a “governança” real sobre as mentes e vontades humanas. Reconhecemos esta dignidade de Rainha nossa, pela imperiosa potestade diante de Deus, exercendo com eficácia extraordinária a intercessão junto do Trono de Deus, em favor de todos os homens e mulheres desta terra.
Com ânimo verdadeiramente materno para conosco e ocupando-se da nossa salvação, ela, que pelo Senhor foi constituída rainha do céu e da terra, toma cuidado de todo o gênero humano, e - tendo sido exaltada sobre todos os coros dos anjos e as hierarquias dos santos do céu, e estando à direita do seu unigênito Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor - com as suas súplicas maternas impetra com eficácia, obtém quanto pede, nem pode deixar de ser ouvida" (Pio IX, Bula Ineffabilis Deus: Acta Pii IX, I, p.618)
O venerável para Pio XII, fala claramente de um império de Maria, movido pelo amor a Ss. Mãe e Rainha do Céu, exorta a toda a humanidade a render-se a este reinado feliz e conveniente para nossa salvação. Como podemos deixar de olhar para esta Mãe de Deus, o Rei eterno e supremo, e não vê-la junto de Seu trono? Como não a honrá-la pela dignidade que verdadeiramente possui? Honremos a Rainha do Céu e da Terra com a devida força e amor de nossas almas, para que Ela possa receber de nós um pouco do que Sua dignidade pede de seus súditos.









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