XVIII Domingo do Tempo Comum

Ex 16,2-4.12-15 Ef 4,17.20-24 Jo 6,24-35

Pe. Valderi da Silva

Estimados irmãos e irmãs.

Esta liturgia da Palavra está toda direcionada para o nosso alimento eterno, para aquilo que nos sustenta para a vida eterna junto de Deus.

[No Antigo Testamento a prefiguração da Eucaristia] Mana no deserto

Deus sempre demonstrou seu poder por sinais e prodígios, pois somente assim é que a débil fé humana pode crer na Sua onipotência e depositar a confiança exigida na Sua vontade. Deste modo, vemos no Antigo Testamento relatos de grandes intervenções de Deus em favor de seu povo, como a própria retirada do povo hebreu do Egito depois de tantas pragas que atacaram os egípcios (cf. Ex 7,14 – 11,1-10). Este evento sempre será lembrado por este povo como grande manifestação da onipotência de Deus (cf. Sl 75,2: invocando teu nome narramos tuas maravilhas). Estes sinais são necessários para mover a mente e o espírito humano a adesão pela fé em Deus que fala por meio de seus profetas, são sinais extraordinários, mas que em determinado tempo Deus considerou fundamental para este melhor assentimento daqueles que Ele buscava.

É neste sentido que encontramos também esta passagem do livro do Êxodo que aqui escutamos. O povo que Deus libertou com Sua intervenção milagrosa das mãos dos egípcios, agora se encontra no tempo de espera pela terra prometida por Deus, onde habitaram definitivamente. Estão no deserto e consequentemente sentem-se privados de alimento, e juntando-se a fé ainda em crescimento deste povo, começam a maldizer a própria ação de Deus por tirá-los daquele lugar de escravidão. Aqui se apresenta um primeiro aspecto que este momento da história da salvação nos deseja passar. A facilidade com que o ser humano passa a desacreditar em Deus diante de alguma dificuldade que se apresenta no curso da vida.

[A debilidade da fé]

Podemos dizer que esta facilidade surge principalmente da fraqueza da fé, algo que podemos sentir neste povo que estava no deserto. Nós sabemos como a fraqueza na fé pode se manifestar no ser humano, justamente duvidando da presença de Deus, colocando em dúvida Sua providência e sua atuação, mas principalmente não reconhecendo nos sinais “milagrosos” da vida a manifestação Dele em nosso favor. Esta debilidade na fé começa a se tornar evidente quando não mais defendemos a necessidade de Deus em nossas vidas ou nas vidas de nossos irmãos. Quando não mais nos esforçamos por buscar de Deus o que nos deve fortalecer no corpo e na alma. Um sinal claro de que deixamos de fortalecer nossa fé esta no desleixo da vida cristã, quando não mais nos importamos em faltar as celebrações litúrgicas e sacramentos, quando não mais sentimos a necessidade de ouvir e meditar a Palavra de Deus.

Mas também há outro modo de perceber a opção por deixar enfraquecer a fé. Quando não nos preocupamos em viver os conselhos evangélicos do amor e da caridade, com nossos irmãos e conosco mesmo. Também quando ignoramos a existência dos Mandamentos da Lei de Deus, vivendo como se eles nem existissem ou como se não fossem válidos para minha vida. Também nestas atitudes percebemos alguém que optou por não fortalecer sua fé e por isso esta fadado ao murmúrio contra Deus no primeiro infortúnio que tiver.

Vemos neste povo que coloca em dúvida a reta intenção de Deus em tirá-los do Egito, uma consequência da pouca fé mas também da maldade do coração humano. Logo que uma expectativa criada em torno da possível intervenção de Deus a nosso favor se demonstra uma aparente ilusão, ou seja, quando nossas expectativas de ajuda divina não se realizam, logo podemos criar em nossos corações uma tendencia a acreditar que Deus não nos ajudou como queríamos por desejar ver-nos padecer. Foi exatamente algo semelhante que se passou entre alguns do povo que murmuravam contra Moisés e Aarão, questionando o porque Ele os tirou do Egito se não os providencia alimento.

O que vemos neste momento do povo escolhido é a mais clara demonstração de que é Deus mesmo que, apesar da pouca fé dos homens, faz surgir o alimento que nutre a vida humana. Deus não deixa padecer por falta de alimento aqueles que depositam Nele sua plena confiança. Ao contrário do que a maldade do coração humano pode concluir, Deus não age desonestamente com o homem, nem deseja ver o definhar daquele que Ele criou. Por isso, dá o alimento necessário. Mas que alimento é este? Para o povo no deserto Deus envia Codornizes e orvalho que se transforma em pão, alimentos bem reais, com procedência conhecida. Em realidade Ele sempre nutriu o ser humano com tudo o necessário para que houvesse alimento, são os dons da natureza que estão a disposição do ser humano.

Mas ao povo no deserto, Deus oferece bem mais que o alimento material. Oferece o alimento eterno, resumido na fé que todos alimentaram com o milagre que a favor do povo Deus realizou.

[Jesus é o alimento eterno] Eucaristia pao da vida

O que vemos o povo no deserto receber de Deus é o que Jesus fala aos discípulos para que seja motivo de preocupação para não se perder. Os que procuram Jesus pela simples possibilidade de receber gratuitamente o pão material que sacia a fome efêmera, não estão a procura da vida eterna que Deus oferece, mas somente de vantagens para sua vida perene. Cristo adverte para a real preocupação que deve mover a vida humana, a busca permanente do alimento que nos nutre para a vida eterna (cf. Jo 6,27).

Esforçai-vos … pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará (Jo 6, 27). Acredito que todos podemos ver nestas palavras de Jesus a Eucaristia, Seu corpo e sangue. Eles são entregues a humanidade como alimento, não para esta vida, mas para a vida eterna. A eucaristia é este alimento prefigurado no maná entregue ao povo escolhido no deserto, descido do céu como as cordonizes para saciar a fome dos escolhidos de Deus. Mas, diferentemente do povo no deserto, hoje temos que enxergar este alimento descido do céu com olhos mais apurados, com a visão que esta ligada ao “sentido” da fé, precisamos nos esforçar mais que aquele povo que no passado recebeu visivelmente o alimento das mãos de Deus. Hoje, precisamos ter fé, para ver na Eucaristia o que realmente ela é para nós, o alimento eterno, Corpo de Cristo.

Tanto o maná descido do céu como a Eucaristia são dádivas de Deus, dons de Deus a seus filhos necessitados de alimento. Por este motivo, a ninguém é dado o direito de controlar e apossar-se do alimento celeste.

Estimados irmãos. Tal alimento, digno acima de qualquer outro merece de nós a dignidade suficiente para o receber. Que nosso interior se encontre sempre dignamente limpo e ordenado para ser receptáculo daquele que sustenta todo o universo. Junto ao pedido dos discípulos – Senhor, dá-nos sempre desse pão (Jo 6,34) – colocamos nossa intenção movida pela consciência da necessidade deste alimento salvador.

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