XXIII Domingo do Tempo Comum

Is 35,4-7a Tg 2,1-5 Mc 7,31-37
Pe. Valderi da Silva
Queridos irmãos e irmãs.
Nesta liturgia dominical, se nos apresenta através das leituras proclamadas a lógica inversa deste mundo que se revela no Reino de Deus. Não é com nossa visão ainda presa nas categorias mundanas que será visto o Reino de Deus se estruturando no fim dos tempos, na verdade, este Reino obedece a valores que no mundo são tidos como apenas apêndices de uma vida socialmente pacata, mas sem ter eles como fundamentais. Sabemos, entretanto, que é somente através de uma vida vivida conforme os valores do Reino que se poderá garantir permanência certa neste “mundo” preparado para receber todos os dignos de Deus.
A liturgia deste final de semana, no seu âmago, traz uma verdade de nossa fé a respeito de Cristo. É Ele, o Senhor, que tira-nos da escuridão e da surdez para Deus.
[A realidade do Reino de Deus]
Nesta carta de São Tiago, começamos a notar esta verdadeira lógica do Reino de Deus. Jesus em diversos momentos do Evangelho nos aponta esta mesma necessidade de viver o que não se tem como valor, mas que de fato é mais valioso e necessário do que o que podemos e vivemos no dia a dia. Mostrando-nos que a fé não faz acepção de pessoas, Tiago já esta transmitindo aquilo mesmo que recebeu de Jesus, que a fé em Deus não permite nenhuma diferenciação entre os seres humanos, revelando desta maneira, um dos muitos valores do Reino que deve já ser vivido neste mundo. É uma realidade do Reino de Deus o fato de que todos são comparados com Cristo e “medidos” por Ele, de forma que não é o exterior que faz alguém estar mais próximo de Deus, mas o interior onde reside a verdade sobre a fé e as virtudes da alma.
Neste Reino de Deus se vive muitas virtudes que são partes constitutivas da vivência junto de Deus, lugar onde todos vivem a caridade e o amor, onde todas as possíveis imperfeições são afastadas, sendo que nem sequer estão ali presentes. O que exorta Tiago, sobre a fraterna acolhida de todos, sem discriminação e julgamentos é algo próprio de quem vive neste Reino. Evidentemente, quando Tiago fala que Deus escolheu os pobres deste mundo para serem herdeiros do Reino não excluí os ricos simplesmente porque possuem riquezas, mas excluí os amantes do seu dinheiro e avarentos que transformam suas posses em endossos para viver arrogantemente e assim no pecado.
[A correspondência aos valores do Reino]
Cada cristão, assim como todos os seres humanos, devem perceber a necessidade de viver estes valores do Reino de Deus, principalmente este, que São Tiago nos apresenta em sua carta. Onde, então, vivemos isto? Em nosso dia a dia, correspondendo perfeitamente a este valor humano e espiritual que Deus nos pede, assim já estaremos vivendo como concidadãos dos que já são dignos do Reino de Deus.
Sabemos que a fé em Deus não deixa espaço a qualquer divisão ou julgamento de nossos irmãos, nos fazendo, deste modo, pessoas que vivem harmonicamente com todos, sem deixar de ter nossa própria característica como alguém que esta no mundo para o deixar cada vez melhor. Ouvimos Cristo dizer que todos os que O seguem devem ser luz do mundo (cf. Mt 5,14), pois o mundo fica coberto pela escuridão quando não há Deus e por causa desta vontade de ficar no escuro por não conhecer a luz, não enxergam os sinais de Deus para suas vidas. Por este motivo, devemos ser esta “luz” que vai até nossos irmãos para tirá-los das trevas e fazemos isto de modo especial com nosso exemplo de quem vive como se já estivesse no Reino Eterno de Deus. É desta maneira que entendemos, também, nossa atividade de importante atuação no mundo para melhora de algumas situações causadas pela “escuridão” e desvalores vividos pelos homens e mulheres.
[Algo vela o Reino neste mundo]
Seria um sentimento louvável e propício que o cristão desejasse ardentemente transformar este mundo no Reino de Deus, como ele é em sua totalidade. Isto já se demonstrou muito difícil pela própria “natureza” pecadora do homem. Como já dito, o que nos cabe fazer – e até se torna necessidade – é viver os valores que conhecemos deste Reino aqui, entre nós. Mas algo vela estes valores, não os deixando que se manifestem e junto vela o próprio Reino de Deus.
Num esforço, podemos chegar a algumas conclusões do que estaria cortinando estes valores que os cristãos tentam viver. Acredito que todos irão concordar que grande parte nisto se deve aos meios de comunicação privados e governamentais, que tentam implantar seus próprios valores, diminuindo ou até querendo desvalorizar o que temos por necessário para uma verdadeira edificação da família humana. Programas que martelam insistentemente em comportamentos regidos por desvalores são uma constante em muitas emissoras de TV e rádio. Sem mencionar as tendenciosas colunas jornalisticas impressas em vários jornais. Mas não somente na mídia o Reino de Deus encontra esta cortina que o esconde para a humanidade em geral. Também nos governos que, quase sempre guiados pela ganância do dinheiro e do poder, maculam a própria ordem da justiça e da solidariedade, deixando a vida humana a mercê de poucas mentes cheias de ideologias e com o propósito de ser mais eficiente e lucrativo do que verdadeiro.
Penso que o maior exemplo disto esta no descaso com a vida humana, que hoje neste país como em muitos outros, esta sendo tratado como uma opção, como um bem material onde se pode decidir tê-lo ou não. A vida é desfigurada em seu valor, ela não é mais dom de Deus, mas na visão que pretendem implantar neste mundo, ela é dom do homem e por isso pode ser manipulada pelo homem.
[A surdez do mundo]
É justamente no evangelho de hoje, que ouvimos sobre a surdez do ser humano. No evangelho registrado por Marcos, encontramos o evidente caso da humanidade que, fechando os ouvidos a voz de Deus, não consegue perceber a necessidade da vivência deste Seu Reino, não consegue “falar com facilidade”, é a imagem do homem que sem considerar Deus em sua vida perde algo de sua existência, pois justamente perde de crescer para seu fim último, estar junto de Deus.
Neste homem surdo, nos perguntamos o que causa esta dificuldade de ouvir? Como já mencionado, esta patente que é precisamente a valorização do pecado, camuflado e promovido por vários meios criados pelo próprio ser humano. Certamente, podemos nós mesmos presenciar este efeito daquele que começa a valorizar mais as coisas do mundo que as coisas de Deus, pois são estas pequenas atitudes pessoais que vão dando valor ao “desvalor”, vão transformando a própria “surdez” humana para a voz de Deus como “medalha de honra”, como se fosse expressão de liberdade!
É preciso tirar o tapume que impede o som da vida ser audível aos ouvidos humanos. É por este motivo que vemos no homem surdo a imagem da humanidade apegada ao mal e surda a Deus, pois é esta surdez que impede que os homens e mulheres vivam bem, conforme sua finalidade, assim como era a surdez que impedia aquele pobre homem surdo de falar corretamente.
[Cristo: voz para o mundo surdo]
Como cristãos sabemos perfeitamente que esta voz que todos os seres humanos necessitam ouvir é a voz de Jesus Cristo, pois Ele é quem restitui a vida àquele que a perdeu, assim como restitui a audição ao surdo. Igualmente, ouvindo novamente a voz de Deus o ser humano começa novamente a “falar” corretamente, isto é, a viver segundo a própria natureza de sua alma que deseja estar intimamente ligada a Deus e somente a Ele obedecer.
Aqui se configura nossa missão no tempo em que vivemos de nos tornarmos estes instrumentos de Deus para que sua voz alcance os surdos e mudos, para que todos os nossos irmãos na natureza humana possam reencontrar a faculdade da íntima união com Deus, algo tão necessário para a vida eterna. Por isso, não podemos nos amedrontar mediante as barreiras impostas pelo mal que somente deseja impedir que Deus devolva a vida àqueles que estão na sombra da morte, na escuridão e no silêncio da surdez.
Estimados irmãos em Cristo. Vivemos em Deus e só permanece fielmente unido a Ele quem escuta Sua voz e deseja cumprir Sua vontade.
Roguemos a Deus que nos faça, conforme nossas capacidades, seus instrumentos de cura neste mundo repleto de males que impedem Sua Palavra que dá a vida e leva a santidade.






















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