XXIX Domingo do Tempo Comum

Is 53,10-11 Hb 4,14-16 Mc 10,35-45

Pe. Valderi da Silva

Queridos irmãos e irmãs.

Hoje estamos convidados a nos fixar mais atentamente na cruz do Senhor, no Seu sacrifício Redentor. Talvez poderíamos simplesmente omitir esta homilia e rezar mais piedosamente esta Santa Missa, já que é aqui, neste altar que renovamos seu Sacrifício, Sua entrega total ao martírio em favor de nós, seres humanos. Talvez seria até propício que prestemos mais atenção no que fazemos na Santa Missa, para quem sabem, enxergar em cada palavra e gesto, o caminho de Cristo ao calvário, sua entrega na cruz, sua morte e ressurreição.

Mas podemos acrescentar nosso olhar sobre a Santa Missa, com esta Liturgia da Palavra, que hoje vivemos. É por isso que precisamos nos virar novamente para a Cruz do Senhor.

[A morte de Cristo foi pura entrega]

Jesus Cristo, não foi coagido de nenhuma maneira a entregar-se a morte. Esta decisão é livre apesar de necessária, pois sabe dos frutos que dela surgiram. Em realidade, veio ao mundo com esta missão, dar sua vida em resgate de muitos (Cf. Mt 20,28; Mc 10,45), através de seu sofrimento, tirar o sofrimento eterno dos homens e mulheres. Como Filho de Deus, uno com Ele, é ciente da Vontade de Deus e por isso, se torna “planejador”, artífice e “cúmplice” desta missão salvadora.

Jesus sabe que era preciso que houvesse esta entrega livre de Si mesmo, para que acontecesse este último e definitivo sacrifício em favor do povo. Um holocausto que eliminaria a necessidade de outros, um holocausto que substituiria a eficácia de tantos outros já realizados no passado e pensados para o futuro. Precisamente, deveria de ser um holocausto como esse, grande em dignidade do oferecido, que eliminaria a necessidade dos demais sacrifícios. Por isso, dizemos que a entrega livre de Cristo, foi o último e definitivo sacrifício em favor do povo.

[Por sua morte somos justificados]

Com sua oferta livre na Cruz, ou seja, sua entrega à morte realizada em nosso favor, recebemos o maior benefício que o ser humano poderia esperar de um sacrifício, a justificação. Esta justificação veio por algumas causas, como a glória de Deus, de Cristo e a vida eterna (causa final), a misericórdia de Deus que nos purifica e santifica (causa eficiente), os méritos que Cristo adquiriu por Seu sacrifício (causa meritória), o sacramento do Batismo, que é porta para que se possa alcançar os benefícios de sua oferta generosa na cruz (causa instrumental) e a justiça de Deus, que nos torna justos por nossa aproximação e submissão a Ele (cf. Concílio de Trento, in Denzinger Hünermann, 1529), tudo causa da justificação que nos veio pela morte de Cristo na Cruz.

[Mais simplesmente, podemos falar que] este sacrifício de Nosso Senhor, nos traz seus efeitos que são motivo de salvação ao gênero humano. O universo, ou seja, a criação toda recebeu nova vida animada pela força esclarecedora do Filho de Deus, que indica à criação a ordem que deve manter para participar da perfeição de Deus. Os vivos recebem a chance de uma vida nova, restaurada da antiga ferida e desfigurada pelo pecado original. Em realidade, Ele assume nossa natureza para nos resgatar integralmente, livrando-nos da veia maligna que nos arrasta para a morte. Por isso, o efeito por excelência da morte de Cristo na Cruz é a nossa Redenção, é abrir-nos a porta do Reino dos Céus, algo que antes era impossível para alguém encontrá-la. Após Sua morte, Jesus desce à mansão dos mortos – chamado também de Hades ou Sheol – e ali encontra aqueles que desde Abraão esperam sua vinda. “São precisamente essas almas santas, que esperavam o seu Libertador (CIC 633: Catechismus Romanus 1,6,3). Mas Jesus não desceu ali para libertar os condenados nem para destruir o Inferno da condenação, mas para libertar os justos que o haviam precedido (CIC 633)”.

(Blog VALDERI. Semana Santa – Sexta-feira da Paixão do Senhor. 06/04/2012)

[Seu sacrifício nos salva]

Sempre surgem aqueles que tentam ligar a salvação conquistada por Cristo a nós, somente com a Ressurreição. De fato, por ela culminou-se a obra redentora, mas somos salvos também pelo Sacrifício de Cristo na Cruz, por meio deste madeiro nos veio a salvação. Não nos é possível, nem permitido, separar a Cruz da Ressurreição, no entanto, devemos perceber que o sacrifício na cruz de Nosso Senhor, é a demonstração do grande amor de Deus para com a humanidade, ao ponto de deixar sofrer e morrer Seu próprio Filho, a quem ama com amor eterno, para que possamos ser salvos da escuridão eterna, e assim, poder entrar em Sua casa para sempre.

Mesmo nos servindo apenas de nossos sentimentos humanos, percebemos que é o amor que nos faz tomar atitudes gratuitas em benefício de outra pessoa. É o amor que “salva” muitas pessoas em nosso redor: em nossa família, em nossa sociedade. Amor que se traduz muitas vezes em sacrifícios, em verdadeiras “mortes” para que resulte em alguns méritos para o benefício desejado.

[Sua morte nos ensina a viver]

É nesta Cruz, onde depositamos nossos sentimentos mais doloridos que também encontramos ânimo para a vida na graça de Deus, vida de graça que nos permite estar constantemente diante de Deus, convivendo com Ele, nos formando por Ele e tendo força e coragem para viver longe do pecado.

(Blog VALDERI. Semana Santa – Sexta-feira da Paixão do Senhor. 06/04/2012)

Como seguidores fieis de Nosso Senhor, estamos constantemente convidados a seguir esta Cruz, esta oferta generosa, este sofrimento sem arrependimento. Depositar na dor e no sofrimento que podemos passar, a vida que devemos levar. O cristão torna motivo de vida o sofrimento que passa, pois sabe-se vencedor quando a dor, o sofrimento e também a morte lhe vêm por motivo de sua fidelidade a Deus.

“Estimados irmãos, é na cruz de Cristo que encontramos sentido para o sofrimento humano” (idem) e também alegria pela vida que conquistamos por nossa configuração ao Cristo na Cruz. Santo Agostinho nos fala algo a respeito da glória que podemos atingir sabendo passar pelo sofrimento: “Ninguém se conhece antes de ser provado, nem pode ser coroado se não vencer, nem pode vencer sem ter combatido, nem lhe é possível lutar se não tiver inimigos e tentações” (Santo Agostinho. Enarratio in Psalmum 60,3. In: Comentário aos Salmos (51-100). São Paulo, Paulus, 1997, v.II, p.225). O que Agostinho fala é precisamente o que podemos aprender de mais palpável nos fixando na morte de Cristo. Que precisamos aprender que todos e qualquer sofrimento que possa nos aparecer deve ser encarado como momento para conhecimento de mim mesmo, de quanto estou forte em Deus, para que, passando pelos sofrimentos – as batalhas – possamos atingir a glória que surge após a provação.

Jesus veio ao mundo para dar sua vida em regaste de muitos (Cf. Mt 20,28; Mc 10,45), que possamos compreender cada vez mais esta sublime missão de Nosso Senhor, e aprender a amar as cruzes que nos surgem, como meios de nos colocarmos junto ao Cristo em Sua oferta, para também sermos glorificados com Ele.

Comentários

Publicação do site mais visitada:

Ranking segundo IFFHS – Os 100 melhores times do mundo

ATENÇÃO

O site valderi.com.brestá migrando para outro local.
Acesse AQUI para acessar o novo site.



Blog VALDERI © 2022