XXVIII Domingo do Tempo Comum

Sb 7,7-11 Hb 4,12-13 Mc 10,17-30

Pe. Valderi da Silva

Estimados irmãos e irmãs.

A liturgia de hoje, nos convida a valorizarmos seriamente o que mais é importante para nossa vida como filhos de Deus. Não se pode acreditar que as riquezas ou os bens materiais, poucos ou muitos, possam estar mais valorizados que a união perfeita com Deus. O que ouvimos neste evangelho, pode nos acordar do sono em que nos encontramos diante do fascínio do mundo. São coisas visíveis que podem nos alienar para não valorizar o que vêm de Deus, algo que muitas vezes não é tão sensível aos olhos.

Esta leitura do livro da Sabedoria, não poderia deixar mais claro a nós que a busca pelo espírito de sabedoria é muito mais importante do que o que podemos conquistar neste mundo. Certamente muitos percebem que homens e mulheres se deixam conduzir pelo materialismo fútil e sem sentido, que provavelmente lhes dará algum prazer momentâneo mas que logo se diluíra com o tempo, sendo necessário adquirir mais coisas para suprir o prazer perdido. Isto é um vício que pode nunca acabar se não há este despertar para a busca da sabedoria, pois é ela que nos fará ponderar com justiça e coerência as decisões e atitudes, a postura e o pensamento diante da vida e dos costumes.

Vemos com tristeza muitos valorizarem mais a beleza externa das coisas e pessoas do que a profundidade, tornando mais popular aquilo que aos seus olhos é “bonito”, mas que no fundo não passa de mera caricatura da beleza verdadeira. O livro da Sabedoria nos conduz a pensar que esta sabedoria que se deve buscar precisa ser mais desejada que a saúde e a beleza visível, até mais desejável que a luz que nos ilumina (cf. Sb 7,10).

Agora podemos pensar no que consiste esta sabedoria, onde a podemos encontrar. Facilmente podemos perceber que esta sabedoria não é encontrada em meio as coisas terrenas, visíveis que são facilmente corrompidas pela maldade e malícia. A encontramos justamente onde não há esta possibilidade da corrupção, onde não encontramos a maldade humana, oriunda do pecado. Desta maneira, sabendo que somente Deus é a perfeição que o pecado não têm, que é a incorruptibilidade que a coisas terrenas não têm, podemos assim afirmar que a sabedoria se encontra Nele, em Deus, e que por consequência disto, Ele é a própria sabedoria. Não seria então sensato de nossa parte buscar somente a Deus acima de tudo? Não seria sensato desvalorizar em nossa vida o que esta abaixo desta Sabedoria? Como bens materiais, dinheiro, moda e festas?

Caríssimos irmãos. Não julgo ser estas coisas algo totalmente detestáveis, como se fossem propriamente obras do demônio, digo isto para que vejamos nossa insensatez quando em nossa vida estas coisas mundanas estão acima de Deus, que é a única fonte de felicidade perene.

Mencionando onde podemos encontrar a Sabedoria que é o próprio Deus, ainda precisamos perceber que a forma mais excelente de O encontrarmos é na Sua Palavra. Esta Palavra que não se refere necessariamente a um livro ou textos, mas a algo vivo, que não esta estagnado em algum ponto esperando que seja encontrado. A Palavra de Deus é viva e eficaz, como nos diz a carta aos Hebreus (cf. Hb 4,12). Ela se faz visível e compreensível na vida das pessoas, na vida daqueles que já puderam perceber um pouco do que é o próprio Deus, compreendo assim sua Palavra.

Dizemos “Palavra de Deus”, porque significa a manifestação de Deus, que mostra-se a nós através da verbalização de Sua Vontade. Neste sentido podemos ver o porque a carta aos Hebreus fala que esta Palavra é tão cortante que penetra o mais íntimo do ser humano, lhe separando até o mais improvável, pois ela separa o que é bom do que é mal, julga os corações (cf. Hb 4,12). Precisamos lembrar aqui, que esta Palavra de Deus, sendo manifestação do próprio Deus, é a Sabedoria que se torna visível, por isso, ela age com justiça e revela a verdade.

O evangelista Marcos nos apresenta um encontro significativo de Jesus com alguém sinceramente desejoso de fazer a Vontade de Deus, acima da sua própria. Este desejo ele expressa na pergunta que faz a Cristo: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (Mc 10,17). Esta pessoa cumpria tudo o que sabia ser necessário para conquistar o prêmio desejado, ser digno da vida eterna. Diz o evangelho que Jesus o olha com amor (cf. Mc 10,19-20), algo que não se pode deixar passar sem a devida atenção, pois neste pequeno detalhe nos é revelado o quanto Jesus se alegra por alguém esforçado em ser perfeito, ou seja, lutando por sua santificação no mundo. Podemos nos colocar na frente de Jesus, e imaginar se nos olharia com este olhar amoroso como o fez neste evangelho, pois se realmente trabalhamos para nossa santificação, não podemos esperar outro olhar de Cristo a nós.

Tendo visto que esta pessoa era um bom filho de Deus, que realmente tentava seguir fielmente a Lei de Deus, Jesus lhe diz a única coisa que lhe faltava para entrar na vida eterna: “vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vêm e segue-me” (Mc 10,21). Nestas palavras do Senhor se encontra a radicalidade daqueles que querem entrar na vida eterna conforme Deus nos preparou. Hoje, muitos de nós podemos ouvir estas palavras de Cristo e também pensar ser impossível realizar tal ato na esperança da vida eterna. Não seria um pensamento anormal para um ser humano que vive tão envolto com suas coisas, sua vida cômoda ou prazerosa. O que não podemos dizer é que, apesar de nos colocarmos ainda no lugar desta pessoa que no evangelho parece ter algumas poses, é que isto, que Jesus pede, seja impossível ou até desnecessário para a vida eterna.

Caríssimos irmãos e irmãs. Precisamos ouvir atentamente esta exigência de Jesus, mesmo doendo em nossa sensibilidade materialista. Talvez, um primeiro passo a ser dado em direção do que Jesus nos pede é justamente buscá-lo de coração desejoso do Céu, ardente pela Sabedoria que é o próprio Deus, sem o pré conceito de que não é possível a nós “vendermos tudo o que temos” para seguirmos a Cristo. Tudo deve ser possível para quem quer realmente deseja estar com Deus na vida eterna (cf. Mc 10,27).

Justamente aquele que ama a felicidade terrena - esta que se conquista com as coisas que podemos comprar - é o rico de que fala Jesus, que dificilmente consegue entrar na vida eterna, no Reino de Deus (cf. Mc 10,23). E mesmo a estes não é impossível a conversão, pois Jesus não diz ser “impossível” mas apenas diz ser “difícil” a entrada do rico no Reino de Deus.

Nossa riqueza estará nesta vida eterna que podemos conquistar pelo nosso despojamento de tudo o que nos prende aqui. Despojando-nos destas coisas que Jesus fala, já nesta vida terrena sentiremos uma ponta da felicidade que nos aguarda, pois é precisamente a confiança na promessa que já nos deixa felizes.

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