Carta de um leigo a Dom Benedito Beni dos Santos a respetio da “Missa Sertaneja” celebrada pela Comunidade Canção Nova

Porque desde o nascer ao pôr do sol, meu nome é grande entre as nações, e em todo lugar se sacrifica e se oferece ao meu nome uma oblação pura, porque grande é meu nome entre as nações, diz o Senhor dos exércitos.” (Mal. 1,11)

Imagem ilustrativa 


Excia. Revma.

Dom Benedito Beni dos Santos,

Bispo Diocesano da Diocese de Lorena

 

Sr. Bispo, Dom Beni, é notável o grande desejo do coração do Santo Padre Bento XVI e que marca seu pontificado, que é o retorno do senso sacral na Liturgia Sagrada. Ele tem empreendido suas forças para que a Igreja, em sua totalidade, reencontre no Sacrifício da Santa Missa o vigor que impulsiona o seu apostolado, aos seus participantes e que deve se estender ao mundo inteiro, para transformá-lo com as graças do Memorial da Paixão de nosso Senhor.

Toda a Liturgia é um escrínio da Fé Católica, enquanto testemunho público da Fé da Igreja” (Mediator Dei, nº 43) A riqueza dos ensinamentos de nosso Senhor e, não somente, mas Sua presença substancial é o Sumo Bem que anima nossa fé.

Em seu livro “O valor teológico da Liturgia, Art. II”, o Pe. Manoel Pinto, S.J., fala sobre os efeitos da crise de Fé: “Quando houve abalos na fé, houve em geral subversões na Liturgia. As extravagâncias doutrinais dos gnósticos no século II, fizeram-nos cair em extravagâncias Litúrgicas. Entre eles, Valentim servia-se dos hinos litúrgicos para neles vazar as suas doutrinas, como refere Tertuliano(...)”.

Infelizmente, excelência, hoje não é diferente. O card. Ratzinger, em 1985, também o Beato Pontífice João Paulo II, denunciavam a atual crise de fé, a qual, nestes tempos tem afetado a Santa Igreja; também hoje, não é diferente dos primeiros séculos da Era Cristã, como fala o Revmo. Pe. Manoel, essa crise afeta a Liturgia é a “válvula de escape” dessas novas ideias e, em algumas vezes, heresias. Temos confiança, evidentemente, que é certa a Vitória de Cristo Rei, lutamos para que seja nossa também.

Não precisaria, eu, indigno pertencente da grei de nosso Senhor, apresentar essas objeções, acontece Sr. Bispo que, como está, profeticamente, no Motu Proprio Tra Le Sollicitude, de S. Pio X, em 22 de Novembro de 1903: “Finalmente, a prece, sobretudo a prece litúrgica, feita de modo indigno só pode atrair a cólera de Deus contra quem a faz: É em vão que esperamos ver descer sobre nós a abundância das bênçãos do céu, se nossa homenagem ao Altíssimo, em lugar de subir como perfume de suavidade, repõe, pelo contrário, nas mãos do Senhor os açoites com os quais o divino Redentor expulsou outrora do Templo seus indignos profanadores.”.

É de muita valia, citar a poetiza Adélia Prado, que diz: “A Missa é como um poema, não suporta enfeite nenhum”. No último, 24 de Novembro, foi rezada uma Missa, na sede da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista-SP, na qual foi “inculturado”, a participação de bois na entrada e no ofertório, pelo fato de ser um evento chamado Canção Nova Sertaneja.

Sr. Bispo, São Francisco Xavier, quando foi evangelizar o oriente, principalmente o Japão, percebeu que eles gostavam de adereços, muita cor e por inspiração de nossa Senhora, usava tudo o que a Igreja tinha de mais belo para atraí-los, em momento algum abriu mão dos tesouros litúrgicos, para inculturar elementos que apagariam o brilho dos elementos da religião Católica.

A Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, do Vaticano II, diz que Regular a sagrada Liturgia compete ùnicamente à autoridade da Igreja, a qual reside na Sé Apostólica e, segundo as normas do direito, no Bispo. Por isso, ninguém mais, mesmo que seja sacerdote, ouse, por sua iniciativa, acrescentar, suprimir ou mudar seja o que for em matéria litúrgica.

Seria grave, creio eu, se este incremento litúrgico citado, tivesse acontecido sem ser televisionado. Acontece que a Canção Nova, faz seu apostolado pelos meios de comunicação, portanto, foi levada ao ar essas imagens a todos que sintonizam o seu canal.

Este acontecimento, logicamente, compete à autoridade local, porém, na função de leigo, imagino que como foi transmitido, devo comunicar ao Sr. nossa tristeza e indignação com o ocorrido. Durante duas vezes este ano, foi celebrada a Santa Missa na Forma Extraordinário do Rito Romano, na Comunidade e como é o desejo do Santo Padre, as duas formas do mesmo Rito Romano, devêm enriquecer-se mutuamente e não foi isso que aconteceu.

Sua excelência pode constatar pelos meios de comunicação social a decepção dos fieis que viram pela TV ou pelas fotos, publicadas pela própria comunidade, nas redes sociais. Que bem pode fazer a Canção Nova, seguindo os ensinamentos do Santo Padre, ajudando-o a sanar as feridas de uma liturgia dessacralizada, promovendo a “reforma da reforma”. Quantos sacerdotes “copiam” o modo de celebrar que veem na comunidade, ela tem muita influências nas paróquias, capelas e comunidades do país. Por isso, decidi escrever esta carta, manifestando o sentimento de nossos corações, diante do fato ocorrido.

Aproveito dessa, para parabenizá-lo pelo seu múnus pastoral e peço a nossa Senhora, Auxílio dos Cristão que lhe cumule com inúmeras bênçãos para o seu ministério.

Prosternado aos vossos pés e implorando sua benção apostólica,

In Jesu et Maria,

Valdeci Silva I. Junior

Graduando em História – PUCG/UFF

Comentários

Fred disse…
VC PODERIA EXPLICAR PQ NÃO FOI ACEITO NO SEMINÁRIO? ESTÁ FRUSTADO?
Anônimo disse…
"Um reino dividido não pode subsistir." (Lc 11)
Querido Padre, uma lástima que seja levada a diante manifestações públicas como essa. Se a ideia fosse apenas a correção fraterna e caridosa, ela não seria pública. Parece-me que este senhor ou teve segundas intenções ao tentar retificar as questões liturgicas necessárias a respeito da referida missa, ou simplesmente foi infeliz ao não ter discernimento de que estava atacando a própria Igreja ao fazer esse pronunciamento de maneira pública.
Que rica seria uma correspondência particular com o mesmo conteúdo. Uma pena que ao fazer isso ele tenha expressado a quem quisesse que os cristãos muitas vezes esquecem a verdade a cerca de como corrigir e de como ser Igreja. "Se um membro sobre, todo o corpo sofre." (1Cor 12)
Admiro seu blog e trabalho, porém faço apenas um apela para não vincular esses ataques públicos que muito se está fazendo entre os membros da Igreja.
Se que saber minha opinião pessoal, também não concordo com essas questões liturgicas levantadas pelo senhor autor desta carta. Porém, essa atitude é um péssimo testemunho de caridade para o mundo. Atente a isso, Padre.
Sua bençao.
VALDERI SILVA disse…
Obrigado pelo comentário.
Mas EU resolvi postar esta carta pelo mesmo motivo de que pública se tornou a INCOERÊNCIA E DESOBEDIÊNCIA desta referida comunidade. Talvez a caridade de que fala, precisa-se ser mais entendida para que não caiamos nestes tempos em convenientes omissões, deixando-nos com tanto respeito humano dentro da Igreja que acabamos apoiando e promovendo a "orgia" dos hereges, e soprando o vento da más interpretações do que pede a Santa Igreja.
Esta carta foi endereçada e entregue ao Sr. Bispo. Como o conheço pessoalmente, sei que tratará do assunto e não se ferirá pela publicação do que recebeu, pois não o ofende nem diminui seu ministério episcopal. Mostra sim, o erro e a inconformidade daqueles que querem ver a Santa Igreja livre das interpretações protestantes e modernistas.
Sem mais por ora, suplico a Deus que lhe abençoe como toda a sua família.
Anônimo disse…
Sr. Anônimo, enviei a carta ao sr. Bispo, como mencionado pelo Pe. Valderi. Acontece que essas questões de caridade, eu manifesto na mesma e mais, não creio, penso eu, ser falta de caridade. Somos a grande Família Católica, quando acontece algum escândalo com um membro de nossa família, não devemos propagá-lo, mas com os nossos devemos falar e fazer o possível para que ele seja corrigido. Portanto, meu amigo Anônimo, essa é nossa Família, por isso compartilho com você a minha dor, que é a dor de todos que amam essa Família. Podemos divergir no modo de transmissão destes sentimentos, mas comungamos de que não estava correto e mui superior a isso, comungamos do mesmo Alimento, que, por sinal, é a Cabeça dessa Família.
Agora, respondendo ao sr. "Fred", desconfio, mas não acuso quem seja vossa pessoa; começo dizendo que o que diz respeito a minha vida particular, não caberia responder aqui e se estás tão interessado em saber algo, sobre ela, deveria me perguntar e não fazer um comentário que não convém com a postagem, que não é sobre vocação e afins.
Meu amigo, Graças a nosso Senhor, tenho resolvida minha vida vocacional. O que implicaria ser frustrado no conteúdo da carta?! E se, por acaso, estás interessado em acompanhar o meu "itinerário" vocacional, deveria saber que se tivesse aceito estaria no seminário, mas por mercê de Deus, resolvi dar continuidade ao meu curso de História, na UFF e que se for vontade de Deus, não é esse tempo que extinguirá uma vocação e se não for sacerdotal, buscarei correspondê-la onde quer que seja. Acredito ter esclareci algumas coisas sobre minha vida pessoal para o sr?!
No mais, agradeço ao Pe. Valderi, estou rezando pelo seu sacerdócio e peço que o sr. recorde-se de mim, quando subir ao Altar de Deus, que alegra nossa juventude.

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