IV Domingo do Tempo do Advento

Mq 5,14a Hb 10,5-10 Lc 1,39-45

Pe. Valderi da Silva

Caríssimos irmãos e irmãs.

Estando próximo o Santo Natal de Nosso Senhor, a liturgia da Palavra nos vai mostrando insistentemente os eventos que antecederam o nascimento do Salvador. É por este motivo que hoje escutamos neste evangelho a narração da visita de Maria a sua parenta Isabel, que, conforme dissera o anjo a Maria, estaria esperando um filho, algo milagroso em vista de sua idade avançada. Nossa Senhora visita Santa Isabel

[A prontidão em ajudar]

Vemos Maria seguir “apressadamente” (cf. Lc 1,39b) à casa de sua parenta Isabel. Isto acontece logo após Maria ter recebido a visita do anjo do Senhor, anunciando a maravilhosa ação de Deus em sua vida. Esta atitude não deve ser vista como aconselhada ou imposta por Deus a Maria, já que o evangelho não deixa claro ter sido uma recomendação ou pedido do anjo para que Maria fosse visitar e acompanhar Isabel em sua gravidez. Deste modo, vemos na atitude de Maria uma preciosa atenção desta jovem escolhida por Deus, em correr para colocar-se a disposição para qualquer ajuda que poderia oferecer a Isabel, que sabemos ser, nesta altura de sua vida, alguém já com uma idade avançada (cf. Lc 1,36).

É difícil não perceber que esta virtude da prontidão em ajudar os demais mesmo sem haver pedido, é próprio de corações formados pelo amor a Deus. Pessoas que seguem o exemplo de Maria e forjam-se nas virtudes por amor, sentem-se impelidos a prestar qualquer auxilio aos irmãos, mesmo que não se lhes peçam nada. Uma característica desta caridosa prontidão é o desinteresse, ou seja, a gratuidade sem qualquer pensamento de retribuição, pois é feito por amor, e ao amor não se lhe paga nada a não ser com o próprio amor (Sexta-feira – 21 de dezembro. Blog VALDERI. 21/12/2012). Além disso, levando em consideração as circunstâncias de tal viagem, ficamos ainda mais impressionados com a virtuosa atitude de Maria. Zacarias e Isabel, segundo uma antiga tradição viviam numa cidade chamada Ain Karim (Israel), localizada num vale, numa considerável distância de Nazaré, cerca de 130 km, o que precisava de três a cinco dias para se vencer a distância (cf. SCOGNAMIGLIO CLÃ DIAS, João. O Inédito sobre os Evangelhos. Inst. Lumen Sapientiae. 2012, pg. 71-72). Pensando nisso, vemos que ao coração virtuoso, que age por amor, os obstáculos não são intransponíveis, se passa por todos eles, como deve ter feito Maria para chegar até a casa de Isabel.

[O louvor de Isabel pela dignidade de Maria]

Logo ao saber da chegada de Maria, Isabel exclama com voz forte: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1,42). Isabel neste momento se torna a primeira pessoa da história a reconhecer a grandeza de Maria Santíssima. Reconhece a dignidade elevada que esta jovem possui, por bondade de Deus, pois entre todas as mulheres da terra nunca se encontrará alguém tão digna como Maria, nunca se encontrará alguém tão elevada em graça diante de Deus como Maria.

Evidentemente, entendemos que Maria Santíssima é este ser humano tão elevado em dignidade acima de qualquer outro, por causa de Seu filho, Jesus Cristo. Nestas palavras de Isabel fica-nos evidente esta compreensão. É bendita pela graça superabundante que recebeu desde o nascimento, porque já era pensada para colaborar com o Plano Divino da Salvação.

Deste versículo podemos tirar algo importante para nossa devoção acerca da Mãe de Deus.

“[...] Isabel poderia ter formulado a frase numa ordem diferente: 'Bendito é o fruto do teu ventre e bendita és tu entre as mulheres!'; mas, ao contrário, ela primeiro elogiou Nossa Senhora. Agindo desta maneira, reconhecia que o melhor modo de chegar a Deus é pela Virgem Santíssima” (SCOGNAMIGLIO CLÃ DIAS, João. O Inédito sobre os Evangelhos. Inst. Lumen Sapientiae. 2012, pg. 78-79).

Quem esta vivendo na graça de Deus, e luta para viver os conselhos evangélicos, dificilmente não reconhecerá esta verdade que Isabel nos deixa entender. Por Maria temos o melhor meio de alcançar a Deus, visto também que nela o Senhor quis se abrigar para vir ao mundo.

[A primeira a reconhecer a Mãe de Deus]

Chegando em casa de Isabel, Maria é saudada como se já fosse esperada, algo que certamente aumentava em Maria sua admiração pela prodigiosa ação de Deus. Isabel dá o primeiro louvor a Virgem Maria e ao mesmo tempo é a primeira a reconhecer as maravilhas de Deus em Maria.

“Bem-aventura aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu” (Lc 1,45). Maria é louvada pelas palavras de Isabel, sua parenta, elevando-a ao nível dos bem-aventurados, colocando-a ao lado de santos homens e mulheres que foram distinguidos com o adjetivo de “justo” e “santo” entre os homens. Maria é bem-aventura porque teve fé em Deus, nas palavras que o anjo lhe pronunciava da parte de Deus. A respeito da fé de Maria, alguns podem pensar que por ter sido tão privilegiada por Deus desde o nascimento seria-lhe fácil crer em Deus, ter uma fé obediente, sem a dificuldade que um ser humano, como nós, sofre. Mas este pensamento não é justo com Maria nem com Deus. Dizer isso é eliminar a liberdade de Maria, é dizer também que Maria não tinha outra saída a não ser acatar a ordem do Altíssimo. Isto fere a própria intenção do plano salvífico que não pretende resgatar o ser humano a força, contra a sua liberdade, mas resgatá-lo precisamente mostrando a necessária obediência a verdade, não com autoritarismo, mas com convencimento e amor. Maria amava a Deus, pois estava convencida de quem Deus era e de que tudo o que vem Dele não podia ser desgostoso ao ser humano. Mesmo ela, no anúncio do anjo, não viu a Deus especificamente, mas um anjo, ou seja, mesmo ali fora-lhe pedido a fé para que acreditasse que aquele anjo vinha da parte de Deus, e que portanto suas palavras eram divinas (Sexta-feira – 21 de dezembro. Blog VALDERI. 21/12/2012).

É principalmente pela fé que nasce a bem-aventurança, pois sem ela dificilmente se forjará um coração pronto à doação total por um bem a si e aos outros. Além do mais, sem a fé não há possibilidade de amor a Deus, o que move em realidade a vontade humana para uma postura alinhada com o que Deus nos pede. A fé de Maria é inspiradora para toda a humanidade, pois é a mais perfeita entrega a Deus no invisível da materialidade, obstáculo comum ao crescimento de nossa fé.

Estando quase às vésperas do Natal de Nosso Senhor, vivamos intensamente esta mensagem do Evangelho, para crermos e amarmos mais ao Menino Deus que vêm até nós.

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