A respeito da renúncia de Bento XVI

Bento XVI e Sao Pedro [Vaticano]

“Bene conscius sum hoc munus secundum suam essentiam spiritualem non solum agendo et loquendo exsequi debere, sed non minus patiendo et orando. Attamen in mundo nostri temporis rapidis mutationibus subiecto et quaestionibus magni ponderis pro vita fidei perturbato ad navem Sancti Petri gubernandam et ad annuntiandum Evangelium etiam vigor quidam corporis et animae necessarius est, qui ultimis mensibus in me modo tali minuitur, ut incapacitatem meam ad ministerium mihi commissum bene administrandum agnoscere debeam. Quapropter bene conscius ponderis huius actus plena libertate declaro me ministerio Episcopi Romae, Successoris Sancti Petri, mihi per manus Cardinalium die 19 aprilis MMV commissum renuntiare ita ut a die 28 februarii MMXIII, hora 20, sedes Romae, sedes Sancti Petri vacet et Conclave ad eligendum novum Summum Pontificem ab his quibus competit convocandum esse.”

 

Com essas palavras, o Santo Padre, Bento XVI, anunciou aos Eminentíssimos Cardeais, no dia 11 de fevereiro deste ano, sua decisão de renúncia ao Governo da Barca de Pedro. Suas palavras serenas e claras, não foram diferentes das que inúmeras vezes ouvimos em seus discursos, homilias e reflexões. Esta serenidade e lucidez deixam expressas a tranquilidade de alma deste incrível ser humano que ensinou novamente toda a Igreja a crer para pensar e pensar no que crê.

A notícia ainda corre o mundo e todos estam ainda perplexos com tal possibilidade – agora real – de um papa renunciar ao Trono de Pedro. Não acredito que exista um cristão que não tenha ficado no mínimo espantado com tal notícia. O que me leva a deixar claro, primeiramente que Bento XVI não inventou nenhuma regra nova que possibilitasse sua saída do papado. O Código de Direto Canônico resguarda este direito a todos os pontífices:

Can. 332 §2

Si contingat ut Romanus Pontifex muneri suo renuntiet, ad validitatem requiritur ut renuntiatio libere fiat et rite manifestetur, non ut a quopiam acceptetur.

[tradução]

Se acontecer que o Romano Pontífice renuncie a seu múnus, para a validade se requer que a renúncia seja livremente feita e devidamente manifestada, mas não que seja aceita por alguém.

Para entender porque que existe esta possibilidade dentro do CIC (Codex Iuris Canonici) é preciso lembrar que o grau mais alto do sacramento da ordem é a ordenação episcopal, nos lembrando que o Papa não recebe uma “ordenação” quando assume o ministério petrino, ele é investido no múnus dado a Pedro, tornando possivel a sucessão no mesmo múnus (missão). Sendo assim, Bento XVI não deixará de ser bispo, algo que a ordenação episcopal lhe conferiu, apenas deixará o múnus de Pedro para um sucessor.

Como eu, muitas pessoas ficaram abaladas por sempre imaginarem o “papa morrendo papa”. De fato, apesar de existir esta possibilidade da renúncia, a tradição da Igreja sempre levou os papas a ficarem no trono de Pedro até a morte, tornando assim, o “posto” de papa algo vitalício, isto para se assemelhar ainda mais a São Pedro, que morreu sendo o “primeiro entre os apóstolos”.

Entre os cristãos sempre será preciso renovar o amor e obediência ao Santo Padre, pois assim participamos de sua missão através da força de nossas orações. Nunca se deve esquecer que os cristãos devem por obrigação obedecer em tudo ao Santo Padre, semelhentemente, o amor que a ele devotamos deve crescer a cada dia em nós, por ser ele figura de Cristo entre nós, pai de uma grande família!

Um pergunta não muito fácil de responder, mas igualmente não muito preocupante, é o que acontecerá ao bispo Joseph Ratzinger? Certamente será tido como bispo emérito da diocese de Roma, visto que todo Pontífice é o bispo titular desta diocese. Por especulação, podemos pensar que repousará nesta mesma sede, resguardando-se a oração e estudo, algo que sempre foram suas paixões. Ninguém mais se reportará a ele como soberano da Igreja Católica, mas enquanto vivo, sempre gozará do amor que foi-lhe devotado, assim como o respeito e admiração.

Uma outra possibilidade é que volte para sua terra natal, a Alemenha. Talvez prefira colocar-se entre seus patrícios e ali tentar por sua presença ainda exercer uma última missão: dar o exemplo da fé e da caridade ao seu povo.

Tudo o que dissermos a respeito de Bento XVI será pouco em vista de sua personalidade fantátisca e labor incansável. Sua renúncia têm data e hora marcada, mas seu pontificado já entrou para a história da Igreja e da humanidade.

Salve Bento XVI, soberano pontífice da Igreja! Deus o guarde e inspire, e chegando o fim de seu ministério petrino, se digne orar pelos cristãos que ainda vivem nas sombras da ignorância e do erro.

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