IV Domingo do Tempo Pascal

At 13,14.43-52 Ap 7,9.14-17 Jo 10,27-30

Pe. Valderi da Silva

Estimados irmãos e irmãs.

Caminhando neste Tempo Pascal, algumas reflexões sempre são oportunas e por vezes um dever para nossa fé e crescimento da mesma. A liturgia deste domingo nos oferece algo aparentemente muito simples de ser compreendido, mas que no entanto, força-nos a uma melhor compreensão de nossa relação com Deus.Jesus Bom Pastor 02

Primeiramente é necessário observar que estas leituras, do livro dos Atos dos Apóstolos e do livro do Apocalipse de São João, nos fazem pensar quase que imediatamente nestas duas realidades existentes da Igreja de Cristo: a Igreja peregrina sobre este mundo, que ao mesmo tempo caminha na própria fé a fim de vivê-la adequadamente, e trabalha para cumprir a missão de libertar todos os seres humanos das trevas da ignorância, trazendo-os para próximos da Luz que é Cristo Jesus. A outra realidade da Igreja é precisamente a futura, ou seja, o que observamos no livro do Apocalipse. Aqueles que vivem numa “multidão” a contemplar o trono e o Cordeiro (cf. Ap 7,9), numa antecipação da realidade celeste que se pode resumir em viver a vida em Deus, contemplá-Lo ininterruptamente.

A figura do Cordeiro é colocada no Apocalipse já tendo em vista a própria imagem que Jesus passou de si mesmo. Esta figura esta intimamente ligada a outra imagem tirada do Antigo Testamento, o Servo de Javé que sofre e morre por obediência e amor a Deus. De modo que estão ligados o “cordeiro” e o “servo”, pois no fim, os dois são oferecidos em sacrifício para que a multidão dos seres humanos possam ser libertados do mal que os aliena e maltrata. Estas figuras são também símbolo e sinal de que somente há um capaz de cumprir tal missão, pois apenas um Cordeiro precisa se oferecer para a libertação de todos, pois somente este poderá sentar no Trono da Glória como o que se ofereceu por todos e venceu a morte, tornando-se, assim, digno de honra e louvor.

Notoriamente esta imagem do Cordeiro cresceu a partir das palavras de Jesus, sendo um destes momentos este evangelho de hoje. O chamado “evangelho do Bom Pastor”, revela três pontos importantes.

[Relação ovelha-pastor, pastor-ovelha]

Primeiramente, percebemos que existe um relacionamento inicial entre as ovelhas e seu pastor: “as minhas ovelhas escutam a minha voz” (Jo 10,27a). As ovelhas nestas palavras de Jesus não são surdas a voz do pastor, as escutam perfeitamente. Evidentemente que estas imagens podem ser transferidas para nossa relação com o Senhor, pois vemos neste Senhor o Pastor que tange o redil para os prados eternos. Neste sentido, precisamos destacar uma compreensão do “escutar”, pois esta ação é substancialmente diferente de apenas “ouvir” ou “perceber”. De fato, ouvir ou perceber, são apenas atos superficiais, que significa que tais palavras “ouvidas” nem sempre são assimiladas, meditadas e aceitas. Acontece o mesmo com a palavra “perceber”, pois ela trata de uma ação sensorial, ou seja, de um reflexo dos sentidos, mas que também não quer dizer que estejamos inclinados a assimilar e aceitar o que foi percebido. “Escutar” se diferencia neste sentido, de que nos remente a ação de assimilar e aceitar o que nos foi dito. É por isso que ESCUTAR não depende exclusivamente de nossos ouvidos, pois podemos escutar sem os ruídos necessários para que o ouvido possa captar. É assim que podemos dizer que escutamos a Palavra de Deus em nossas orações, em uma meditação, etc. Portanto, as ovelhas ESCUTAM a voz do pastor, e isto significa que elas ao escutarem logo o compreendem, assimilam e aceitam o que diz. Somos “ovelhas” do Senhor, nossa ação de escutar deve se igualar a estas ovelhas que fala Jesus. Jesus continua: “eu as conheço e elas me seguem” (Jo 10,27b). É o que acontece por consequência desta ação de escuta do Senhor, pois somente assim, o conheceremos tal como Ele nos conhece, de modo que O seguir será inevitável.

[O Pastor é o doador da vida eterna]

Também escutamos o que Jesus diz logo em seguida: “Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão” (Jo 10,28). O mesmo que cuida e chama é o único capaz de eliminar de nossas vidas a corruptibilidade, ou seja, aquilo que pode impedir o ser humano de viver eternamente, pois somente existe vida naquele que é o gerador da vida, isto é, em Deus. Por isso se faz vitalmente necessário obedecer a este Pastor, pois é Ele quem pode nos livrar no perigo de não viver eternamente. Existe aqui uma promessa de Jesus que é baseada numa realidade invariável: jamais se perderão! Isto se evidente a medida que sabemos da impossibilidade de perdição àquele que esta perfeitamente unido a Deus, pois do contrário seria como dizer que, alguém já no Céu corre o risco de ir para o inferno! Saber que nada pode tirar as ovelhas das mãos deste Pastor, é mais que sublime, é a alegria eterna, pois se trata, em última análise, da garantia de estarmos com Deus eternamente.

Todos os homens e mulheres precisam entender e aceitar esta realidade, de que se não se busca escutar o Pastor, que é o mesmo com o Pai, não se coloca em comprometimento nossa vida eterna na glória do Céu, além de nunca ficarmos livres dos males neste mundo. Precisamos colocarmo-nos esta exigência, de buscarmos sempre mais escutar e atender ao Pastor Eterno, que garante-nos a Vida que não perece em detrimento dos ruídos externos deste mundo que somente existem para nos perder do Pastor.

“Por fim, Cristo, como garantia desse poder salvífico que tem para suas ovelhas, proclama sua divindade, dizendo: 'Eu e o Pai somos uma só coisa'. Essa unidade entre o Pai e o Filho se expressa diretamente no poder. Os poderes divinos do Pai são os poderes do Filho” (TUYA, OP, Manuel de. Biblia Comentada. Evangelios. Madrid: BAC, 1964, p.1181).

[Nossa vida cristã guiada pelo Pastor]

Dentro desta reflexão, fica-nos mais claro que precisamos da guia deste Pastor em nossas vidas cristãs. Aliás, para que elas realmente sejam cristãs, é fundamental a guia deste Pastor.

A Igreja de Cristo esta presente no mundo como visibilidade deste pastoreio divino. São os ministros ordenados de Cristo que tornam o pastoreio de Jesus mais sensível e audível para todos os seres humanos, sendo a grande “multidão”, que falava o Livro do Apocalipse, aqueles que se deixam guiar por estes servos em nome do Senhor. Nossa direção neste peregrinar, conduzidos pelos Apóstolos, tendo como sucessores os bispos, termina na Jerusalém celeste, tem sua meta na visão do Trono do Cordeiro. Para lá é que nossos pés devem andar, deixando de lado os caminhos da maldade e do pecado que somente nos desviam deste caminho indicado pela Igreja de Cristo.

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