CREDO IN RESURECTIONEM CARNIS

Tríduo na Capela Santa Terezinha - Sapiranga/RS

Pe. Valderi da Silva

Queridos irmãos e irmãs.

Os “símbolos da fé” são o conjunto dos principais pontos da fé, que um cristão precisa saber e professar para estar verdadeiramente inserido na fé da Igreja, e assim saber o que implica crer no próprio Senhor Jesus Cristo.

A Santa Igreja mantêm a guarda de todos estes pontos, colocando-os nas chamadas “profissões de fé” que geralmente fazemos na Santa Missa, seja pelo “Credo Apostólico” ou o “Credo Niceno-Constantinopolitano”. Quase ao final de nossa profissão de fé, ou seja, o “Creio”, rezamos credo in resurrectionem carnis (creio na ressurreição da carne). Este é o artigo de nossa fé que hoje será abordado nesta reflexão. Jesus Cristo Ressuscitado [El Greco]

O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, dos números 202 à 206 trata deste artigo. E logo no início ele faz esta abordagem: o que se indica com o termo “carne”, e qual a sua importância? Parece meio banal, mas é diferente falar apenas de “corpo” e não de “carne”, pois o CORPO pode ser entendido como um conjunto da matéria, mais a dimensão intelectual, sensorial, consciência e a dimensão espiritual. Para entender que “cremos na RESSURREIÇÃO da carne” e não somente do corpo, precisamos lembrar que a Igreja acredita na separação da alma-corpo no momento em que a pessoa morre. Ou seja, após a morte, o corpo – matéria carnal – se corrompe, por isso ele se deteriora, enquanto que a alma é imortal, ou seja, não morre como a matéria carnal. Por isso nossa necessidade de crer na ressurreição da CARNE, pois é ela que precisa ressuscitar, e não a alma que permanece, ainda dotada da dimensão intelectual e sensorial.

Diz o CCIC: “o termo carne designa o homem na sua condição de fraqueza e de mortalidade” (202). Nosso Senhor ao se encarnar (cf. Jo 1,14) desejou assumir justamente esta fraqueza, esta corruptibilidade da carne que faz com que o ser humano morra neste mundo, mesmo não deixando de existir, ou seja, considerando que sua alma é imortal, e que mesmo tendo morrido aqui, continua existindo, só que sem matéria visível. “Com efeito, nós cremos em Deus criador da carne”, capaz de fazer ressurgir aquela matéria que Ele mesmo criou do nada, mesmo tendo se passado anos. Falando em “ressurreição da carne”, falamos que o estado definitivo do ser humano “não será apenas a alma espiritual separada do corpo, mas que também os nossos corpos mortais um dia readquirirão a vida” (CCIC 203). Quando isso ocorrerá? No final dos tempos haverá o Juízo Final, e dele sabemos apenas que será o momento em que “Deus vai ressuscitar o nosso corpo, para sermos julgados todos juntos” (Pe. Alfieri Eduardo Bompani), isto é, ressuscitará nossa CARNE para unirmo-nos à alma e sermos um só CORPO novamente.

É entendendo este artigo de nossa fé, que descartamos qualquer possibilidade de doutrinas reencarnacionistas, que ensinam que as almas voltam a se encarnar noutro corpo, seja para pagar pecados ou para cumprir alguma missão. Um católico que entende e professa sua fé não admite nem simpatiza com esta ideia absurda. Da mesma forma não nos é permitido crer na presença de espíritos dos já falecidos entre nós. A alma, após separada do corpo, esta numa dimensão diferente dessa, onde pode viver, pois está sem o corpo material. Sua comunicação conosco é impossível, visto que para os captarmos seria necessário estar na mesma dimensão que eles.

Muitos confundem a sensibilidade de algumas pessoas como “dom” de falar com os espíritos. O que geralmente acontece, em muitos relatos de “aparições” de pessoas mortas, etc., é o fruto de sonhos, alucinações por motivo de doenças ou nervosismos, coisa do presente. Deve-se levar em consideração o subconsciente do ser humano que é extremamente poderoso em guardar imagens, lembranças e sons, e que a qualquer momento pode trazer coisas à tona, sem uma necessária explicação, mas isso não têm nada de sobrenatural.

Existe uma relação íntima entre a Ressurreição de Cristo e a nossa. “Como Cristo ressurgiu verdadeiramente dos mortos e vive para sempre, assim ele próprio ressuscitará a todos no último dia, com um corpo incorruptível”, ou seja, que não mais morrerá (CCIC 204). É assim que se viverá eternamente: com um corpo que já não morre, e conforme o juízo final, para a felicidade eterna ou para a condenação eterna.

Neste mundo, precisamos nos conformar a Cristo, e por isso nossa morte deve seguir seus passos. Precisamos “morrer em Cristo”, o que significa “morrer na graça de Deus, sem pecado mortal. O crente em Cristo, seguindo o seu exemplo, pode assim transformar a própria morte num ato de obediência e de amor para com o Pai. A carta de São Paulo a Timóteo já nos lembra isso: 'É digna de fé esta palavra: Se já morremos com ele, com ele viveremos' (2Tm 2,11)”.

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