V Domingo do Tempo Pascal

At 6,1-7 1Pd 2,4-9 Jo 14,1-12

Pe. Valderi da Silva

Fratres carissimi!

Na Liturgia do IV domingo do Tempo Pascal, contemplávamos o evangelho onde Nosso Senhor afirma claramente ser Ele a porta por onde entram as ovelhas para o redil (Jo 10,7.9), ou seja, a porta por onde o batizado entra na vida eterna. Neste V domingo do Tempo Pascal, encontramos Nosso Senhor em continuação a este tema, mas apresentando um aprofundamento.

Jesus reafirma que somente Ele é a entrada certa, somente Ele é o caminho, somente Ele é a vida verdadeira (cf. Jo 14,6). Nestas palavras de Cristo encontramos três aspectos de Seu ser, de Sua existência: caminho, verdade, vida.

Todo cristão precisa perceber que seu caminho, não se trata das ruas e vielas por onde passa, não se mede este caminho pelo metros e quilômetros que andamos na vida. Nosso “caminhar” é a vida. Caminhar neste sentido é viver, sendo a vida que temos um dom de Deus, algo que recebemos porque Deus assim capacitou o ser humano para gerar filhos. Mas “caminhar” é uma ação, isto é, se caminha num caminho, e para que a vida (nosso caminhar) esteja na direção certa, seguindo a ordem para a qual existe é necessário saber onde está este “caminho”, único e certo para a realização do ser humano, criado e redimido por Deus. Jesus, o Verbo Encarnado, o Filho Unigênito do Pai, nos revela que este caminho que o ser humano necessita trilhar é Ele mesmo. Como? Andar Nele, caminhar Nele. Esta deve ser nossa existência neste mundo. Viver Nele significa buscar uma íntima união com Cristo a tal ponto que viveremos uma vida divina, participantes da vida de Deus. Isto é a santidade.

Este “caminho” nos revela qual é a verdadeira vida: Jesus Cristo. Ora, se Ele mesmo é o caminho, a trilha por onde caminhamos, ou seja, vivemos, parece claro que a vida que buscamos só pode ser Sua vida: viver com Ele, viver como Ele, viver Nele. Assim, a “vida nova” de que tanto nos fala o próprio Jesus é a Sua própria vida, ninguém poderá ter uma vida nova se não for a vida Dele, de Nosso Senhor Jesus Cristo. É estranho pensarmos em uma vida na sua plenitude – sem dor, sem sofrimento, sem morte! - sem Jesus Cristo, pois é somente Ele o vivente perfeito, aquele que têm a vida verdadeira para todos. Os batizados são os chamados a alcançar este estado de vida, são capacitados para isto através da graça batismal. Neles a assistência divina age de maneira eficaz quando não há pecado mortal que interrompa esta comunicação divina, ajudando-os a suplantar a tentação ao pecado para continuar no “caminho”, isto é, continuar na vida de Cristo. Esta vida de Cristo é a salvação, quem a alcança já esta salvo, mas é necessário buscá-la como denodado esforço, sem aquele natural desânimo diante do dia a dia cheio de pequenas distrações e contrariedades.

Sendo Jesus o caminho e a vida, percebemos que só é possível que Ele assim fosse se junto seguisse outra característica: a verdade. Ele é a Verdade em si mesmo, de maneira que nada que sai de sua boca, nenhuma atitude ou nenhum gesto é envolto na dúvida ou mentira. Nele não há espaço para mensagens dúbias ou com segundas intenções. Sua clareza brota necessariamente por ser a Verdade em Si, e isto quer dizer a própria essência de Deus. Fora Dele não existe verdade, tanto é assim que a medida que nos afastamos Dele, somos mais capazes de mentir, enganar e caluniar, o que nos serve também para medirmos nossa vivência com Deus. Se vivemos da Verdade, viveremos com verdade. Se vivemos ainda longe da Verdade, ou desta vida divina que é o próprio Jesus, ainda somos capazes de pecar contra a Verdade.

Para aceitar esse Jesus como Ele mesmo se apresenta – porta, caminho, vida e verdade – é preciso um pressuposto, algo sem o qual não é possível que alguém se aproxime da vida divina em sua plenitude: a . Jesus nos aponta isto no início deste evangelho ao dizer “não se perturbe o vosso coração, tendes fé em Deus, tende fé em mim também” (Jo 14,1). Fé que todos os cristãos batizados recebem como dom sobrenatural no dia do seu batismo, e que precisa crescer ao longo dos anos, para que todos possam alcançar esta maturidade na fé capaz de viver a vida de Cristo, salvação do ser humano.

Queridos irmãos. O que Tomé e Felipe perguntam a Jesus é reflexo de quem ainda precisa amadurecer sua fé em Jesus Cristo, pois ainda não enxergam a união íntima de Deus Filho com o Deus Pai. Um querendo conhecer o caminho, sendo que o “caminho” estava a sua frente (cf. Jo 14,5). O outro querendo ver a Deus Pai, sendo que o próprio Filho estava diante dele, e na união íntima dos dois, quem vê o Filho vê o Pai (cf. Jo 14,9). Do mesmo modo que buscamos a Deus, temos que fazê-lo em Jesus Cristo. Ele é o caminho, a verdade e a vida porque é Deus, igual a Deus Pai em tudo, por isso é capaz de nos preparar um lugar na eternidade.

O “edifício espiritual” (1Pd 2,5) que fala São Pedro na sua carta, é a Igreja visível, formada de todos os batizados que vivem segundo a vida de Cristo. Esta Igreja visível vai crescendo desde os primórdios da Igreja relatada nos Atos dos Apóstolos (At 6,1), e será sempre a missão desta Igreja mostrar a todos os homens e mulheres quem é o caminho, a verdade e a vida, Aquele que nos leva a morada eterna, preparada para todos os que, conhecendo o Filho de Deus, o seguem, moldando suas vidas a vida Dele para assim participar desta vida divina que somente Deus a têm em plenitude.

“Pois reta é a palavra do Senhor, e tudo que Ele faz merece fé” (Sl 32), nos diz o Salmo desta liturgia. A fé não impõe limites na esperança em Deus, por este motivo sempre esperamos confiantes Nele, apesar da fraqueza do rebanho, pois somente com Ele é possível andar o caminho certo num mundo como o nosso, envolto na névoa do erro, muitas vezes trevas densas capazes de nos levar a perdição.

Roguemos a Virgem Santíssima ande conosco, para vivermos juntos na morada eterna.

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