XXI Domingo do Tempo Comum

Is 22,19-23 Rm 11,33-36 Mt 16,13-20

Pe. Valderi da Silva

Fratres carissimi.[1]

O Evangelho deste Domingo é um dos mais importantes no estudo da Igreja fundada por Cristo e por isso convém que o analisemos com atenção.

1. Basta ler com atenção os Evangelhos para observar que em seu ensinamento e em sua vida, Jesus aparecia como um dos grandes profetas de Israel. A mulher samaritana lhe disse: “vejo que és um profeta” (Jo 4,19); quando perguntam ao cego de nascença o que diz de Jesus, ele responde: “Que é um profeta” (Jo 9,17); os discípulos de Emaús não podiam crer que o desconhecido que se juntou a eles no caminho não havia ouvido falar de “Jesus de Nazaré, que foi um profeta poderoso” (Lc 24,19); e, por fim, o mesmo Jesus toma com decisão o caminho de Jerusalém, segundo disse, “porque não cabe que um profeta morra fora de Jerusalém” (Lc 13,33).

Por isso, quando Jesus pergunta aos seus discípulos “quem dizem os homens que eu sou?”, eles respondem: “Uns, que João Batista; outros, que é Elias; outros, que é Jeremias ou algum dos profetas”. Estam certo. Jesus é um “profeta poderoso em obras e palvras diante de Deus e do povo”, como o definem os discípulos de Emaús. Mas é muito mais que isso. Hoje em dia os que não possuem fé em Jesus Cristo dão uma resposta semelhante: “Foi um grande homem; um homem excepcional; sua doutrina é muito elevada, etc.”. Mas os que ficam nisso não sabem o que dizem, porque também não o conhecem.

2. Jesus deseja agora saber o que dizem dele seus discípulos, aqueles que haviam deixado tudo para segui-lo. E enquanto os outros pensavam na resposta, Pedro se adiantou e disse: “Tu é o Cristo, o Filho de Deus vivo”. Se todo o Evangelho não é mais do que a revelação da identidade de Jesus Cristo, o Verbo de Deus encarnado, então esta frase de Pedro é o centro do Evangelho. Jesus aprova a declaração de Pedro e o chama “bem-aventurado” porque concluiu isso por mera dedução humana, mas por inspiração divina: “Não te revelou isso a carne nem o sangue (quer dizer, o homem), mas meu Pai que está nos céus”. De fato, Jesus ensina que o conhecimento verdadeiro Dele não se dá pelo esforço da inteligência humana, mas é um puro dom de Deus. Ao homem toca somente não pôr obstáculo. Por isso não têm sentido que uma pessoa sem fé reprove a outra que crê por sua opção de vida. Seria como se um cego reprovasse as cores que um pintor utilizou.

Jesus replica em uma frase de identica estrutura: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. É necessário observar que antes desta frase de Cristo, o nome Pedro, que hoje é tão popular, não existia, tampouco seu equivalente arameo “Kefa”. O príncipe dos apóstolos não se chamava assim; seu nome era Simão, filho de Jonas. Se o Evangelho o chama “Pedro” e se o chamamos hoje assim é exclusivamente porque este foi o nome que o deu Jesus na frase que lemos anteriormente. Não se pode negar que Jesus tentou fazer um jogo de palavras, que em grego (a língua em que foi escrito o evangelho de Mateus) soa assim: “Sy ei Petros kai epí taute te petra oikodomeso tem mou Ekklesían”. A tradução que intencionalmente rompe este jogo de palavras tentado por Cristo comete um abuso contra a Palavra de Deus. Em efeito, alguns traduzem: “Tu és Pedro e sobre esta rocha edificarei minha Igreja”. Assim o traduzem para que se entenda que a “rocha” é Cristo e assim diminui o status de Pedro como fundamento da Igreja de Cristo.

No ambiente semítico o nome representa o que a pessoa é. A mudança de nome, sobretudo, quando quem o faz é Deus mesmo, indica uma missão. Neste caso, Jesus muda o nome de Simão e o chama “Pedro” para confiar-lhe a missão de pedra fundamental sobre a qual vai edificar “sua Igreja”. Podemos concluir que uma comunidade cristã que não reconheça a Pedro como seu fundamento não pode chamar-se “Igreja de Cristo”. Jesus continua: “A ti darei as chaves do Reino dos Céus; e o que ligares na terra será ligado nos céus e o que desligares na terra será desligado nos céus”. A ninguém mais disse Jesus semelhantes palavras. Se o que faz Pedro na terra fica feito no céu, isso quer dizer que Pedro não pode errar quando define uma verdade relativa ao Reino dos céus, pois no céu não pode existir um erro. Portanto, esta sentença de Cristo promete a Pedro o dom da “infalibilidade” em matéria de fé e de moral.

3. No Evangelho consta que Cristo quis fundar uma Igreja que perdurasse até o fim dos tempos. Mas isso afirma que os poderes do inferno não prevalecerão contra ela.

E quando ascende ao céu promete: “Eu estarei convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,20). Deve permanecer também a pedra fundamental da Igreja; deve perdurar também Pedro. Esta mesma missão, com a mesma garantia divina da infalibilidade, perdura nos sucessores de Pedro, isto é, no Romano Pontífice. Se não tivermos fé, de qualquer maneira, ao menos um estudo histórico desta instituição, que apesar de todos os embates, perdura já vinte séculos, nos deveria fazer pensar. Mais que nunca resplandece esta verdade hoje na pessoa e na missão do Papa Francisco, que continuamente diz a Igreja e ao mundo essas verdades que “nem a carne nem o sangue, senão o Pai que está nos céus” nos revelou.


[1] Baseado na homilia de Dom Felipe Bacarreza Rodríguez, bispo Auxiliar de Los Angeles (Chile).

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