A “virtude complacente” do catolicismo

Existe a definição de complacência que nos traduz algo aceitavelmente bom, um desejo de benevolência, de querer cuidar, se comprazer. Mas infelizmente não se tratarei de nenhum sentido aceitável referindo-me a esta “virtude”.

Falando de catolicismo delimito este termo aos católicos que, reunidos em comunhão da mesma fé, professambalanca publicamente a mesma doutrina. Nisto levo em consideração que estes devem viver conforme esta doutrina, ou seja, mostrar aos demais, católicos e não católicos, a coerência fé-vida. É precisamente sobre esta junção fé-vida que se encontra esta “virtude” (ou anti-virtude) a qual me refiro neste artigo, pois surge inevitavelmente a complacência como mutante da real e necessária virtude que corresponde adequadamente a natureza do catolicismo.

Esta “virtude da complacência” faz com que o cristão pense estar agindo como reza o sensus fidei ou como orienta os sagrados mandamentos do Decálogo, ou ainda como nos guiam as Bem-aventuranças discorridas pelo Senhor. Esta degenerência da real virtude não é fácil de perceber, ela se instala no modus vivendi do cristão de maneira muito sutil, como já disse, usando a roupagem de uma verdadeira virtude, mostrando-se até como sabedoria oriunda do Evangelho. Esta falsidade nasce, em primeiro lugar, da má compreensão da Sagrada Escritura, de uma impaciência em ouvir, silenciar e meditar a Palavra de Deus contida na Sagrada Escritura. De fato, a grande maioria dos cristãos, daqueles que são até assíduos nas comunidades eclesiais, não estão formados – e porque não dizer programados! – a ouvir, silenciar e meditar o que Deus nos fala. Segue-se a isso um mau de nosso tempo, o imediatismo intelectual, isto é, sem o necessário trabalho intelectual, emitir um juízo e formular para isso uma sentença sobre o apresentado. Basta acompanharmos os grupos leigos de reflexão para perceber que não se procura uma reflexão para dela tirar a conclusão. Como todos procuram logo a satisfação intelectual, lançam suas sentenças, tirando a chance da sabedoria aparecer. Um vício se junta a este indesejável processo: o orgulho. Esta postura pecaminosa lacra o espírito a qualquer reflexão ou informação vinda de fora de si, por isso é um vício capital, pois dele surgem muitos outros problemas para o cristão, como este que agora falo.

Deste processo resumidamente apresentado, surge esta postura maligna da “falsa complacência”, pois ela se manifesta através da falsa caridade, da falsa honestidade, do falso amor ao outro, do falso sorriso, do falso apoio, da falsa oração, do falso elogio. Está tão presente a “falsa complacência” no catolicismo que nem mesmo os ministros ordenados escapam. Muitos agem de maneira a aparentarem-se virtuosos complacentes, mas em realidade, são como lobos a devorar quem eles mesmos julgam do alto de sua arrogância. Os leigos não fazem menos, também em relação aos ministros ordenados, quando desejam aparentar amizade, carinho e amor fraterno àqueles que Deus chamou para estar a frente de Seu povo. Neste sentido, dói ainda mais a mente e o coração deste cristão sentir a “falsa complacência” naqueles que deveriam exalar mais sabedoria e santidade. Confesso que ao ver certas atitudes do Papa Francisco percebo que ninguém escapa deste perigo da “falsa complacência”, pior ainda quando visa um benefício político ou simplesmente amizade, mesmo que traia a verdade e a ortodoxia da Santa Igreja.

Quem coloca a Verdade acima de tudo e todos esta menos propenso a cair na “falsa complacência”.

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