Santo Padre contra as Famílias numerosas?!

Acompanhei um pouco perplexo as notícias de que o Papa teria se demonstrado contra os "casais-coelhos", como me disseram numa linguagem já pejorativa, que geram uma família numerosa com muitos filhos, talvez se demonstrando "irresponsáveis" numa sociedade onde é necessário firmar a paternidade responsável.
Já havia dito o quanto aconselharia o Santo Padre Francisco a pensar antes de falar alguma coisa diante de jornalistas que geralmente procuram algum ponto para distorcer tudo na Santa Igreja de Cristo. Lamentavelmente o Santo Padre é movido mais pelo sangue latino (de língua solta!) do que de razão e prudência, virtudes tipicamente necessárias no estado dele.
Aqui segue o texto que alimentou tanta polêmica nestes dias. O Papa esta respondendo a um jornalista:
“Penso que o número de três (crianças) por família que você mencionou é o que os peritos dizem que é importante para manter a população. Três por casal. Quando isto diminui, ocorre o outro extremo, como está acontecendo na Itália. Escutei, não sei se é verdade, que em 2024 não haverá dinheiro para pagar os aposentados (devido à) queda da população.
Portanto, a palavra-chave, para dar uma resposta, e uma que a Igreja usa o tempo todo, e eu também, é a paternidade responsável. Como se faz isto? Com o diálogo. Cada pessoa, com seu pastor, busca como realizar esta paternidade responsável.
O exemplo que mencionei recentemente antes sobre a mulher que está esperando seu oitavo (filho) e já tinha sete que nasceram por cesárea. Isto é uma irresponsabilidade. (Essa mulher poderia dizer) ‘eu não, eu confio em Deus’, mas Deus te dá métodos para ser responsável. Alguns acreditam que, desculpem a palavra, né, que para ser bons católicos temos que ser como coelhos. Não. Paternidade responsável. Isto é claro e por isso na Igreja há grupos matrimoniais, há peritos nesta matéria, há pastores, e as pessoas podem procurá-los e sei que há muitas, muitas maneiras que são lícitas e que ajudaram. Você fez bem em me perguntar isso.
E outra coisa em relação a isto é que para a gente mais pobre, uma criança é um tesouro. É verdade que se deve ser prudente aqui também, mas para eles um filho é um tesouro. (Alguém diria) ‘Deus sabe como me ajudar’ e talvez algum deles não sejam prudentes, isto é certo. Paternidade responsável, mas vamos olhar também a generosidade do pai e da mãe que enxergam um tesouro em cada filho”.
Para alguém sensato, livre da influência midiática, logo se percebe que o Papa Francisco não falou nada que fira a doutrina da Santa Igreja, apesar de ter sido um pouco descuidado nas palavras. Abaixo reproduzo oportunamente um texto do Revmo. Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Junior, publicado no Facebook sobre a relevante atenção e apoio às famílias numerosas como verdadeira colaboração ao plano divino.
Famílias numerosas, famílias felizes
Quando João XXIII recebeu no Palácio Apostólico a visita de dez irmãos, sendo nove religiosos e um bispo, logo disparou: “Uma mamãe? Sim, Santidade, uma mamãe”. A cena é belíssima e, de certo modo, nostálgica, uma vez que famílias com muitos filhos têm se tornado um espécime raro ano após ano, mesmo entre os católicos. As últimas pesquisas relativas à taxa de fecundidade no Brasil, por exemplo, indicam um declínio contínuo a partir da década de 1960, período em que o governo passou a disseminar os métodos anticoncepcionias, como política de saúde pública. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a quantidade de crianças por família no país é de 1,9. Número relativamente aquém do necessário para reposição da população que, conforme especialistas, seria de 2,1 no mínimo.
“Não, eu não quero mais um filho, porque não poderemos viajar de férias, não poderemos ir a tal lugar, não poderemos comprar uma casa”. É o que costumam dizer aqueles que veem com pavor a ideia de ter uma família numerosa, critica o Papa Francisco num desafio à cultura do “bem-estar à qualquer custo”. Com isso, o Santo Padre assevera o ensinamento de seu predecessor, Paulo VI, há muito olvidado: “O gravíssimo dever de transmitir a vida humana, pelo qual os esposos são os colaboradores livres e responsáveis de Deus Criador, foi sempre para eles fonte de grandes alegrias, se bem que, algumas vezes, acompanhadas de não poucas dificuldades e angústias” (Cf. Humanae Vitae, n. 1). A geração e o cuidado da prole não são somente um direito natural da família, mas algo que se enquadra no próprio projeto de Deus e, por isso, um dever. Com efeito, mesmo que em algumas circunstâncias surjam dificuldades, a graça de poder transmitir a vida não pode ser sobrepujada por questões banais e de ordem materialista.
A defesa dos anticoncepcionais, feita muitas vezes por católicos, até mesmo de maneira intransigente e soberba, demonstra a incapacidade de enxergar a beleza do dom da paternidade e o vazio espiritual que assolam a sociedade moderna. “Quer-se seguir Jesus, mas até certo ponto”, pontifica o Papa. Ora, não espanta a quantidade de divórcios realizados desde a sua trágica aprovação, já que são consequência lógica da forma como os casais passaram a relacionar-se após o advento da contracepção artificial: como objetos de prazer.
As famílias numerosas, por outro lado, agem conforme a regra única do amor e, obviamente, da paternidade responsável - aquela que opera dentro dos limites do bom senso e da reta conduta cristã - abrindo-se gerenerosamente ao dom da criação. Testemunha a favor disso a própria história recente, cheia de exemplos boníssimos de casais, desde os mais ricos aos mais pobres, que abandonaram-se à providência divina e contribuíram, assim, para o desenvolvimento saudável de seus filhos, dentro de um lar agraciado pela presença do pai, da mãe e dos primeiros amigos: os irmãos. Quando existe a confiança no auxílio da graça, existe também a confiança mútua do marido e da mulher, a busca pela unidade e a consumação dessa união numa só carne. União indissolúvel que nenhuma lei pode cancelar.
A geração de um novo filho é, pois, a mais genuína expressão do amor de um casal, fato que, num momento de profunda angústia, levou Raquel a implorar a seu marido: “Dá-me filhos, se não morro” (Cf. Gen 30, 1). É o cumprimento do mandato divino “sede fecundos e multiplicai-vos (Cf. Gen. 1,28), pois “não é bom que o homem esteja só” (Cf. Gen. 2,88). “Por isso - lembra o Concílio Vaticano II - o autêntico cultivo do amor conjugal, e toda a vida familiar que dele nasce, sem pôr de lado os outros fins do matrimônio, tendem a que os esposos, com fortaleza de ânimo, estejam dispostos a colaborar com o amor do criador e salvador, que por meio deles aumenta cada dia mais e enriquece a sua família” (Cf. Gaudium et Spes, n. 50).

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