Ratzinger e a responsabilidade ao ler e estudar a Sagrada Escritura

Poucos livros me deixaram tão ansioso quanto este que aqui vou mencionar. Ansioso mesmo, de ficar todos os dias esperando o carteiro entregar as correspondências a fim de receber o almejado tesouro encomendado! Recebi e já estou "devorando" o primeiro volume de "Ser Cristão na Era Neopagã", do mestre na teologia contemporânea Joseph Ratzinger, ou mais conhecido como Bento XVI.
Este livro, que será publicado em três volumes, trata de uma coletânea de artigos, homilias, entrevistas e discursos que Ratzinger fez no período de 1986 até 2004, originalmente publicados na revista italiana 30 giorni nella Chiesa e nel mondo (30 Dias na Igreja e no mundo). Mas não pretendo reproduzir aqui a apresentação do primeiro volume.
O primeiro capítulo já traz um texto excelente de Ratzinger, apesar de relativamente curto: "O poder dos cristãos" de janeiro 1988. Trata-se de uma fala de Ratzinger ao clero da RDA (República Democrática da Alemanha), lembrando que neste período ainda havia a divisão entre Alemanha ocidental (apoiada pela colisão aliada) e a Alemanha oriental (apoiada pela União Soviética). Ele fala ao claro desta parte influenciada pelo comunismo soviético.
Deste discurso o que desejo destacar é algo que apoia o que sempre preguei a respeito da leitura e interpretação da Sagrada Escritura: que a única que tem a autoridade para interpretá-la corretamente é a Santa Igreja.
Na página 16 diz Ratzinger:
A exegese histórico-crítica pode ser um maravilhoso meio para uma compreensão mais aprofundada da Bíblia quando os seus instrumentos são usados com aquele amor reverente que deseja conhecer o dom de Deus com a maior precisão e cuidado possíveis. Mas ela falha em sua tarefa quando não é mais uma estrada para a escuta atenta mas "tortura" o texto para extrair dele as respostas que ele parece esconder.
Evidentemente que não desejo usurpar as palavras de eminente teólogo, mas percebam o que ele diz, por mais dedicado que seja o estudioso, debruçando-se incansavelmente sobre a Sagrada Escritura deve sempre existir o cuidado para não se "torturar" o texto para comprovar alguma ideia fantástica ou para alimentar um desejo estranho de "desmentir" a Sagrada Escritura. Até parece estranho dizer isso, mas existe muito teólogo católico que parece esforçar-se por desmentir a Sagrada Escritura e a Igreja, esta última o alvo preferido. De fato, em meus estudos encontrei professores de todo tipo e ao gosto de todas as ideologias, mas sempre havia quem tivesse o desejo de descobrir o "ovo de Colombo", alguém que trabalhava por uma polêmica, por uma confusão, para ser contrariado e assim estar no centro das atenções.
É triste ver isso, mas atualmente a Sagrada Escritura é "torturada" diariamente por inúmeros leigos e padres, nas paróquias ou nas comunidades de vida. Torturas estas que algumas vezes resultam em verdadeiras aberrações.
Tive conhecimento, certo feita, de um leigo que sempre se enveredava como expert em interpretação de textos da Bíblia. Acontece que em determinado encontro acabou se enrolando de tal forma com uma explicação que, sem perceber, acabou por negar a divindade de Jesus Cristo. Não conseguiu desfazer o erro porque sua vaidade não permitia que admitisse diante de todos que tinha errado e que desejava se corrigir. Foi então que numa última tentativa de salvar-se neste momento vexatório afirmou que era teólogo e que portanto se dava a liberdade de expressar algumas "linhas teológicas".
Antes de tudo, esta "linha teológica" não se trata de resultado de estudo sério mas de uma irresponsável leitura da Bíblia, para louvar mais a si mesmo diante dos homens do que para contemplar e louvar a Palavra de Deus.
Esta brecha que encontrei no texto de Ratzinger me fez lembrar do quanto os ministros ordenados (clero) não orienta adequadamente o povo a cerca disto, da leitura e interpretação responsável da Palavra de Deus. É triste encontrarmos algumas vezes padres ou bispos tratando a Sagrada Escritura com certo relativismo, desconsiderando o esforço necessário para se lê-la sem temor de distorcer a Palavra Revelada. Penso que isso somente foi aparecendo cada vez mais na Igreja pela vaidade de alguns teólogos que colocam-se "acima do bem e do mal", colocam-se acima da autoridade da Igreja e muitas vezes acima da própria autoridade oriunda da Palavra de Deus.

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