Textos para "Um sentido para a vida", de Saint-Exupéry

Já havia expressado minha admiração pelo gênio literário de Saint-Exupéry, especialmente pelo seu modo de escrever que inebria cada texto com um profundo sentido interior, fazendo com que seus livros e outros textos assumam humanidade, e além disso um anseio de futuro onde o humano não se esconda por detrás da técnica e ciência.

Acabo de ler este livro, intitulado Um sentido para a vida, que não se trata de uma obra escrita em forma de romance pelo escritor, mas sim de um livro que reúne diversos textos dele. Neste livro encontramos textos inéditos para o grande público, escritos entre os anos de 1926 e 1943. Textos que foram elaborados sob encomenda de jornais e revistas, como também prefácios que o escritor elaborou para alguns livros, como ao Grandeur et Servitude de l'aviation, do francês Maurice Bourdet. Também prefácio ao Le Vent se lève de Anne Morrow-Lindbergh.

Talvez poucos saibam que Antoine de Saint-Exupéry atuou também como repórter, produzindo algumas reportagens especiais como correspondente, especialmente em lugares tensos, como na Russia e na Espanha, esta última durante a guerra civil. Em todos estes lugares, pode extrair os mais profundos pensamentos sobre a vida humana e enfim colocá-las no papel, utilizando-se de uma linguagem muitas vezes poética, pois julgava ele mesmo ser na maioria das vezes incapaz de reproduzir toda a realidade do momento vivido, seja na guerra, no front, seja em um voo, seja no quotidiano da vida. Aliás, este escritor questiona a própria capacidade do ser humano em exprimir adequadamente a realidade através das palavras. Colocando-se a questão da "traição" daquele que tenta descrever a realidade, fato ou pessoa, coloca-se também ele sob a desconfiança do leitor se de fato não existe um exagero ou negligência da realidade quando se lê determinado texto.
Neste livro encontramos:

  • Uma novela: O aviador (1926);
  • Quatro série de reportagens: Moscou (1935); Espanha ensanguentada (1936); Madri (1937); A paz ou a guerra? (1938);
  • Relato sobre um estudo encomendado: O piloto e as forças da natureza (publicado em 1939);
  • Duas cartas: Carta aos franceses; e Carta ao General "X";
  • Também um apelo de Saint-Exupéry aos leitores americanos: Pleito pela paz (New York Times, 22/04/1945);
  • Três prefácios: Ao Grandeur et Servitude de l'aviation, do francês Maurice Bourdet (1933); ao Le Vent se lève de Anne Morrow-Lindbergh (1939); e a Document, referente a um artigo destinado aos pilotos de testes (1939).
Este conjunto de textos, que pode aparentar sem nexo interno, revelam o que o título deste livro quer transmitir, no conjunto deles encontramos o anseio de Saint-Exupéry por encontrar e dar um sentido para a vida dos homens. Sendo alguém que presenciou com seus olhos os dramas de uma guerra, além da perna de amigos e conhecidos por conta do ofício de aviador, pode extravasar seu espírito e colocar nas palavras suas lágrimas pela triste condição do ser humano que ainda precisa se orientar para passar por este mundo sendo feliz, realizado em sua natureza.

Aprecio tanto Exupéry! Ele não deixa de lado a essência espiritual do ser humano, na verdade ele mesmo tenta provar a todos que o ser humano só não consegue trilhar o caminho do verdadeiro desenvolvimento quando esquece do espírito em nós, quando pensa somente no imanente poder temporal, e esquece que dentro da "carcaça humana" existe o que é imortal, que precisa crescer, se desenvolver, ser alimentado e alcançar seu criador, isto é, Deus.

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