"O caçador de Pipas", uma lição que vêm de longe

Umas das leituras que a muito aguardava era da obra de Khaled Hosseini, O caçador de pipas (Rio de Janeiro. Editora Nova Fronteira, 2005, p.365). Especialmente porque, não faz muito tempo, a "literatura universal" tem dado mais atenção às obras literárias de escritores de regiões afegãs, paquistanesas, árabes e próximas a estes países. Não que somente agora houvesse produção nestes locais, mas que antes não se via nas livrarias os títulos destes escritores expostos para o público em geral.

O caçador de pipas é um romance que traz as marcas do conflito nesta região, uma história marcada pela trágica presença do terror e da morte violenta.

Situada no Afeganistão, esta obra fala de dois jovens, Amir e Hassan, sendo o primeiro filho de um homem muito respeitado na sua região, e o segundo, filho do empregado do pai de Amir. Os dois cresceram juntos na mesma casa, pois tinham praticamente a mesma idade. Amir sentia certo ciúmes do zelo de seu pai pelo filho do empregado, Hassan, algo que o fez, associado a sua covardia, cometer coisas que depois o envergonhariam para sempre.
Como toda história, existe um vilão, ou esteriótipo do mal que acaba servindo até de confronto conosco mesmo. Este era Assef, que desde jovem desafiava Amir por ter como amigo um hazzara (casta considerada inferior a de Amir e Assef). Este Assef sumir ao mesmo tempo da dominação do Afeganistão por parte dos aliados da URSS, mas não iria deixar revisitar Amir, como algo que ainda precisa ser resolvido.

Depois de Amir permitir covardemente que seu amigo, Hassan, fosse violentado por Assef e companheiros em uma emboscada, após o seu último torneio de Pipas, ele e o pai fogem para Cabul e finalmente e finalmente para os EUA, onde acabam reconstruindo a vida em San Francisco. Ali, neste novo país, Amir encontra sua esposa, casa-se, escreve seu primeiro romance e confirma sua carreira como escritor e vê os últimos dias de seu pai, que falece feliz por ver o filho casado e com futuro.

Mesmo longe, Amir sempre acompanhou a tragédia que se abatia em sua terra, especialmente depois da tomada do poder pelo grupo Talibã, que implantavam com extremo rigorismo a lei da shari'a. Lá tinha, desde a infância, um grande apoiador, Rhain Kahn, uma espécie de "amigo mais velho". Este entrou em contato com Amir e lhe pediu que viesse para o Afeganistão, porque ainda "havia tempo para ser bom". Amir, temerosamente viajou até o pais natal, mas de tantas lembranças ruins, inclusive de si mesmo e de sua covardia.

Encontrou Rhain Khan, e este lhe revelou muitos segredos guardados a muito tempo, especialmente o fato de que Hassan seria meio irmão de Amir, ou seja, filho legítimo de seu pai. Rhain procurou Hassan e o encontrou, casado e com um filho. Após convence-lo a morar na antiga casa do pai de Amir para cuidá-la, pois somente aos cuidados de Rhain Khan, durante uma viagem deste a outra região para cnsultas médicas, os talibs invadiram a casa, e forçaram Hassan e sua esposa a saírem da casa, como eles se negassem a fazê-lo, foram arrasados até a rua e executados e o pequeno Sohrab deixado em um orfanato.

O que Rhain Khan queria de Amir era que ele tirasse Sohrab  daquele orfanato ruim e o levasse a um lugar melhor. Amir resistir mas ao fim concordou. E foi atrás de Sohrab. Encontrou o orfanato mas descobriu que o dono do orfanto havia vendido o menino a um comandante talib. Amir e Farib (homem conhecido de Rhain Khan) foram atrás deste homem e o encontraram. Neste encontro, Amir descobriu quem era este talib, o Assef de outrora, que viera para o assombrar por seus erros a respeito de Hassan. Depois de conversar, veio a luta pelo menino e Amir, claramente em desvantagem, foi salvo da morte pelo filho daquele a quem devia a honra senão a própria vida: Sohrab usando o estilingue, derrubou o gigante e os dois se salvaram da prisão: Sohrab da escravidão talibã e Amir da covardia que não o deixava enfrentar os perigos.

Enfim, O caçador de pipas é um romance que nos faz pensar sobre a própria dignidade humana; sobre a nossa e sobre a dos outros; sobre a covardia e a coragem; sobre o amor pela pátria e o respeito pela vida humana. Mas o que mais me chamou a atenção está em Sohrab, pois nele o escritor estampou a face do horror da guerra, a violência terrorista marcada no comportamento de um menino.

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