Protagonismo dos leigos ou "leigo protagonista"?

Não se trata de uma tentativa de anular a figura eclesial do leigo, mas de trazer algo que venho observando a muito tempo nas paróquias por onde passo.
Já é sabido de todos que o Concílio Vaticano II enfatizou a importância da figura "leigo" na Igreja, esclarecendo mais sua participação e também sua responsabilidade com a própria missão da Igreja (Apostolicam Actuositatem, Paulo VI, 1965). É deverás importante salientar que o Concílio não inventou a figura do "leigo" no seio da fé cristã com este destaque aos leigos, mas deixou sim, mais claro seu papel na comunidade eclesial. A própria ação da Igreja ao longo dos séculos, precisa ser vista com a colaboração leiga, algo que agora é destacado pelo Concílio. Mesmo aquele argumento de que, antes o leigo não podia fazer nada na Igreja, precisa ser deixado de lado, pois revela leviandade de quem o faz sem considerar a Igreja em seu tempo.
Mas falando deste momento atual, onde já vivemos sob a regra da AA, precisamos ainda buscar maior esclarecimento para evitar muitos erros e exageros.
Como disse, já passei por muitas paróquias, e o que vi em algumas são verdadeiras provas de "esquizofrenias leigas". E não exagero, pois o que nos é apresentado são leigos atuando sem direção alguma, com pretenso mandato livre e perene para qualquer coisa na sua comunidade, especialmente dentro das cerimônias litúrgicas que possuem normas e ritos próprios conforme a finalidade.
O título desta postagem soa estranho, mas para mim foi o modo de diferenciar entre o que nos faz entender o documento conciliar sobre o apostolado leigo e estes exageros "leigos" em suas igrejas.
No decreto AA, os leigos precisam ser orientados para uma espiritualidade de apostolado, algo que os deveria levar para a oração e para a atividade pastoral. Considerando que o mesmo documento diz:
 "tal apostolado no entanto, não consiste apenas no testemunho de vida. O verdadeiro apóstolo procura ocasiões para anunciar Cristo com palavras, seja aos que não creem para trazê-los à fé, seja aos fiéis para instruí-los, confirma-los e despertá-los para uma vida mais fervorosa" (6)
 A vida do leigo na Igreja deve se manifestar em oração, palavras e ação, especialmente na sua família e comunidade. Por isso, ele precisa sentir-se motivado a testemunhar a fé com a abrangência que pode ter sua ação no mundo em que vive.
Nas comunidades locais, no entanto, no afã de fazer este ensinamento do Concílio dar certo, trilhou-se muitos caminhos tortuosos, cheios de leviandade e negligência endossadas pela falta de estudo da própria instrução da Igreja. Desta forma, depois de 50 anos do acontecimento Concílio Vaticano II, vemos não a figura do "leigo" sendo protagonista da ação evangelizadora, mas vemos muitos leigos ardendo em chamas para serem "protagonistas de uma fé particular, mesquinha e epidérmica.
Estes dias estava em uma Santa Missa que me agradava muito pela piedade com o que o sacerdote presidia a cerimônia, mas nela estava um leigo, que deveria fazer os comentários da missa, atuando como se estivesse num palco. A cada comentário que fazia, dava voltas em frente do altar, como fazem aqueles pastores evangélicos nos cultos transmitidos pela televisão. Mais ou menos pelo meio da Santa Missa, ouvi de alguém perto de mim, "não sabia que o padre tinha concelebrante hoje". A pessoa falava isso em tom de ironia, pois via claramente o exagero e o desrespeito deste leigo "ardendo em chamas" pelo protagonismo naquele momento.
Quem dera soubesse que na Santa Missa o protagonista é o próprio Cristo!
Como disse no início, não é uma tentativa de anular a figura do leigo na Igreja, mas uma observação de quem sabe que aberrações no campo pastoral pós-conciliar existem aos montes, mas não devemos incentivar tais momentos, nem mesmo passar os olhos e deixar para lá.
Se a crise de fé já é grande no mundo católico, ficará pior ainda se anarquizarmos tudo o que a Igreja têm de visível para nos levar a Graça da Salvação.

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