Tenho de proclamar a minha incredulidade. Para mim não há nada de mais elevado que a ideia da inexistência de Deus. O Homem inventou Deus para poder viver sem se matar.
Esta frase chocante Dostoiévski coloca na boca do personagem Mickin, e algo tão chocante me fez pensar: será que Fiodor Dostoiévski era uma pessoa sem fé? Um ateu?
Casa onde escreveu o romance "O Idiota" |
Mas considerando sua obra tão acentuadamente moral e crente num mérito eterno, não é possível acreditar que o mais famoso escritor russo seja um legítimo ateu, até porque, a própria existência de tal ser humano (o ateu) ainda é contestada.
Acredito que, esta fala do Príncipe Mickin, esta estrategicamente posta no conjunto da obra, pois o próprio romance não deixa de ser uma crítica ao leviano e até ao ingênuo cristão, que humildemente tenta colocar-se no meio da sociedade, que nem sempre compartilha da mesma fé ou rigor e clareza moral.
O escritor russo não é ateu, mas um cristão. Na verdade, um típico cristão russo, cheio de ânsia pela humanidade no ser humano, e desejo de associar esta humanidade a fé clara e certa ao homem imerso numa sociedade caótica pelas ideologias e doenças psíquicas. Sua obra "O Idiota" é uma obra prima de análise de personagens e neles de mentalidades, que revelam os seres humanos que em nosso tempo encontramos, cheios de vaidades, orgulhos e mesquinhez, mas vazios de algo insoldavelmente maior que eles próprios: Deus.
Dostoyevski não é ateu, é mais religioso que podia eu pensar. Seu livro aqui citado (O Idiota) é prova de uma refinada mostra de religiosidade além da pura pregação e doutrinação, mas de desmonte da própria farsa humana do ateísmo e do vulgarismo, além do suicídio das ideologias, que nada elevam o ser humano além de o rebaixar para a possível morte eterna.
Leiam Fiódor M. Dostoyevski, e tirem suas conclusões!
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