Sobre a renúncia de Dom Aldo di Cillo Pagotto [3]

*Extraído do blog Rubão
Continuando a repercussão da estranha (no mínimo!) renúncia de Dom Aldo di Cillo Pagotto, reproduzo a recente postagem de um blogueiro da Paraíba sobre a acusação que faz a advogada e blogueira Laura Berquó.
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A advogada Laura Berquó apontou ontem (17) os padres Luiz Antônio de Oliveira, Marcondes Meneses e outros três que não nominou como responsáveis pela “armação” que teria levado Dom Aldo Pagotto a renunciar ao cargo de Arcebispo da Paraíba. A ‘armação’ dos padres, todos de João Pessoa, consistiria em montar denúncias ou espalhar boatos nos quais o ex-arcebispo é acusado, entre outros atos, de proteger padres pedófilos, perseguir movimentos sociais, maltratar pessoas pobres e bajular ricos e poderosos do Estado.

“Padre Luiz Antônio, Padre Marcondes e mais três pelo menos deveriam assumir para a comunidade católica a armação contra Dom Aldo. Seria mais digno e mais másculo, digamos assim”, escreveu Laura no blog Epa Hey! (epahey2015.blogspot.com.br), sugerindo ainda que um deles seria o verdadeiro autor de carta – já publicizada – na qual uma paroquiana revela episódios de assédio sexual e envolvimento homossexual de Dom Aldo durante o período em que esteve à frente da Arquidiocese.

“Padre que diz ter feito opção pelos pobres não é homem em assumir que manda os outros assinarem cartas (pessoas que nem sabem direito do que se trata)”, afirma a advogada, presumivelmente referindo-se ao documento assinado por Mariana José Araújo da Silva, que está sendo processada por Dom Aldo na Justiça por ter feito a carta onde constam acusações ao ex-arcebispo de assediar jovens e manter relacionamentos homossexuais. A carta, já conhecida do público, seria peça importante do processo interno e sigiloso instaurado pelo Vaticano para investigar Dom Aldo.

“Eu fiquei chocada como a Igreja que se diz tão aberta sob o papado de Francisco, preocupado com a opinião pública, é incapaz de mudar o processo canônico e permitir que sacerdotes tenham direito à defesa. Papa Francisco, o senhor subiu muitos pontos com a renúncia de Dom Aldo. A mídia internacional, já preparada para divulgar a renúncia de Dom Aldo (como pedófilo e homossexual) já aguardava a ‘grande limpeza’ que seu heroico papado preparava. Só que o senhor deveria era se envergonhar de usar uma pessoa que não teve defesa como boi de piranha”, disse Laura Berquó em outra postagem sobre o mesmo assunto.

Padre nega complô, mas admite e explica divergências

Procurado por este blogueiro, o Padre Luiz Antônio negou veementemente que ele, o Padre Marcondes e outros tenham planejado, participado ou executado qualquer trama, complô ou conspiração contra Dom Aldo. Admitiu, contudo, que ele e a maioria dos componentes tanto do Colégio de Consultores quanto do Conselho Presbiteral bem como vários outros padres de toda a Arquidiocese abriram sérias divergências com o então arcebispo. Principalmente a partir do momento em que o chefe da Igreja Católica na Paraíba, segundo o padre, passou a desconsiderar critérios estabelecidos pela própria Igreja para acolher candidatos à formação pelo Seminário Arquidiocesano.

Além de não ter observado tais critérios (que primavam pelo rigor na análise da vida pessoal e religiosa dos candidatos ao seminário), Dom Aldo teria enviado a outras dioceses, para serem ordenados, seminaristas que não foram aprovados pelo Conselho Presbiteral da Arquidiocese da Paraíba e no ano seguinte teria ordenado diáconos sem escutar aquele colegiado, pois sabia que alguns candidatos não seriam aprovados no escrutínio do Conselho. Esse fato gerou grande tensão, observa Padre Luiz Antônio.

Ele assegura ainda que os problemas com Dom Aldo não se resumem às denúncias sobre pretensas questões de conduta moral, como foi propalado. Lembrou que desde a chegada à Paraíba no ano de 2004, Dom Aldo protagonizou diversos episódios de maus-tratos a padres, a pessoas humildes, entrou em conflito com movimentos pastorais e sociais, defendeu publicamente o trabalho infantil e, ao mesmo tempo, expoentes políticos que estivessem no exercício do poder.

Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, do Altiplano, Padre Luiz Antônio acredita que as denúncias contra o agora Arcebispo Emérito avolumaram-se com as Visitas Canônicas à Arquidiocese da Paraíba, feitas por um bispo e um arcebispo, ocorridas em agosto de 2013 e março deste ano. As visitas canônicas são uma espécie de sindicância ordenada pelo Vaticano para apurar fatos suscitados em denúncias ou queixas que podem comprometer a missão da Igreja Católica ou atentar contra as suas normas internas.

Durante essas visitas, informou Padre Luiz Antonio, mais de 40 pessoas – entre padres, religiosos e leigos – foram ouvidas pelos representantes do Vaticano. Tal quantidade de depoentes, argumentou, contradiz a ideia de que um pequeno grupo de padres tenha feito alguma “armação” para se chegar a tal desfecho, qual seja, a renúncia do Arcebispo da Paraíba.

Indignado, Padre Luiz Antônio considera injusta a imputação da responsabilidade que lhe é feita, e a outros padres, pelos últimos acontecimentos na Igreja da Paraíba. Afirma ainda que “armação” contraria, radicalmente, seus princípios e os mais de quarenta anos de absoluta dedicação à Igreja.
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Leia também: Sobre a renúncia de Dom Aldo di Cillo Pagotto [1], [2]

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