Fantoches e outros contos

Estou dedicando meu tempo de leitura a todas as obras de Érico Veríssimo, e para isso resolvi seguir a ordem cronológica de suas publicações, por isso comecei por Fantoches e Outros Contos (Ed. Globo, 1932. 365 págs.)

Esta obra reúne alguns contos do escritor que com ela esforça-se por lançar sua carreira na vida literária, como ele mesmo indica no prefácio da edição comemorativa que li.

Nela encontramos os contos reunidos sob o título Fantoches, que são os seguintes:

  • Os três magos
  • A aquarela chinesa
  • A dama da noite sem fim
  • Como
  • Um dia a sombra desceu
  • Chico
  • Criatura versus criador
  • Malazarte
  • O cavaleiro da negra memória
  • Faustino
  • Quase 1930
  • Pigmaleão
  • Uma história da vaquinha Vitória
  • Tragédia numa caixa de brinquedos
  • Nanquinote (3 contos)
E temos os Outros contos:
  • As mãos de meu filho
  • O navio das sombras
  • Os devaneios do general
  • Esquilos de outono
  • A sonata
  • A ponte
Confesso que, apesar de ser a primeira obra que foi publicada do autor, todos os contos são igualmente bons, uns mais que outros, mas todos com satisfatória coerência interna, que faz com que o conto tenha certo valor.

De todos, acho que destacarei dois, para ilustrar um pouco do que penso sobre Érico Veríssimo nesta sua primeira obra: Esquilos de Outono e A Sonata. São quase os últimos da edição, mas possuem elementos que fazem-se presentes em todos os outros, por isso, não menosprezo os contos individualmente, pois como disse antes, possuem certa coerência interna e ligam-se aos outros por determinadas características.

No conto Esquilos encontro facilmente a característica observadora do autor, que não deixa escapar a fraqueza humana em suas descrições. Seu personagem, o assassino de "esquilo", revela a esquizofrenia que as pessoas adquirem mediante a própria insegurança, falta de determinação e completa falta de realização consigo mesma. Bem que disseram certa vez que todo escritor romancista é um psicanalista "natural". Esta esquizofrenia fruto desta má resolução interna perpassa outros contos como o Um dia a sombra desceu, Faustino, O Cavaleiro de negra memória e o até o próprio Naquinote.

Mas o pequeno Nanquinote revela também traços do que enxergamos em A Sonata, no personagem que aparentemente, enamora-se por uma figura do passado que conhecera através de um antigo anúncio de jornal. Podemos dizer que sua imaginação foi canalizada pela sua falta de formação humana, que lhe impedia de socialização natural, por isso sua postura solitária, melancólica, talvez tentando trazer em si os próprios defeitos dos compositores que tocava e ensinava a tocar. Não podia resultar em outra coisa senão em tragedia emocional este romance atemporal, caso típico de psicanalise, mas que na literatura revela os traços da humanidade carente de direção.

Contos como Os Três Magos também trazem esta característica do enamorado atemporal, apesar de parecer uma coisa boa as vezes, este modo de vier certas situações pode resultar em catástrofes existenciais, coisas que O navio das sombras pode nos revelar muito bem.

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