Um Lugar ao Sol

Num velório. Assim começa este romance do autor Érico Veríssimo, uma continuação do livro Música ao Longe que encontra-se com o romance Caminhos Cruzados especialmente no drama do quotidiano da vida dos personagens e sua aventura no mundo real.

Das obras inciais do autor é a mais longa (Ed. Globo, 1979, 21ed. 412 pgs), mostrando que o próprio autor foi tornando mais consolidada a narrativa em torno dos personagens de sua criação, especialmente o personagem Clarissa, Fernanda, Amaro e Vasco, que na minha opinião, revelam muito da própria filosofia do escritor em seu universo literário.

Em Jacarecanga restaram somente Clarissa, Vasco, Clemência e as dívidas, depois da morte trágica de João de Deus que metera-se no jogo da política. Estes, por causa da visível impossibilidade de sustentar-se em Jacarecanga, resolvem mudarem-se para Porto Alegre, visando uma vida melhor, com mais oportunidades, especialmente para Vasco e Clarissa. Esta última acabou conseguindo transferência para lecionar em Canoas enquanto Vasco, apesar de seu emprenho, somente ficou fazendo pequenos servições avulsos até que, com a ajuda da vizinha e amiga Fernanda conseguiu um emprego como desenhista numa editora. Esta que acabou publicando o livro que Noel, esposo de Fernanda e pai da Anabela escreveu com certo sacrifício, ouvindo as sugestões da esposa e pontualmente dos vizinhos e amigos. Em Noel não pude deixar de ver descrita a sofreguidão real do escritor, que luta e trabalha para fazer surgir uma obra razoavelmente boa para ser publicada.

Um Lugar ao Sol não é apenas uma continuação, mas um desenvolvimento necessário dos personagens criados pelo escritor a fim de deixar mais madura a ideia que a existência de cada um deles deve passar ao leitor. Com certeza, em cada um deles podemos identificar fisionomias existentes em nós mesmos, seja na presunção de Álvaro, pai de Vasco, ou na voracidade de Vasco ou de Pedrinho, ou na brutalidade misturada com a humanidade de Dr. Seixas. Aqui vale uma menção ao Dr. Seixas que parece que cuidava de todos no romance. Sua visão da morte em vida dos mais velhos é o reflexo da filosofia moderna que vê senão retrocesso e escuridão no que é mais velho, e exalta de modo exacerbado a vitalidade da juventude que por conta das rupturas dos limites morais, se vê com energia e força para fazer tudo o que lhe vier na cabeça.

Enfim, uma obra que parece firmar o caráter e o pensamento de personagens criados pelo autor, ao mesmo tempo que revela a maturidade da própria obra do escritor.

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