Os sonhos da "Querida Amazônia"

"Querida Amazônia", este é o nome do recente documento pós-sinodal que o Papa Francisco escreveu como resultado do último Sínodo que aconteceu em Roma em outubro do ano passado, que tinha como tema a Amazônia e os povos indígenas. Sobre este sínodo já escrevi em outros artigos sobre os mais variados pontos de polêmica que estavam impressos no documento de trabalho, o Instrumentum Laboris.



No dia 12 de fevereiro deste ano, foi publicado a Exortação Pós-Sinodal Querida Amazônia, um documento relativamente pequeno, de 111 parágrafos e onde encontramos a tão esperada conclusão do Papa a cerca do que fora lhe apresentado no documento final do sínodo. Ele esta divido em quatro capítulos que o Papa nomeou de "sonhos": nesta breve Exortação, ouso humildemente formular quatro grandes sonhos que a Amazónia me inspira (n.6). Desta forma, encontramos "um sonho social", "um sonho cultural", "um sonho ecológico" e "um sonho eclesial".

Não se podia esperar nada muito diferente do que fora colocado no documento final do sínodo, apesar de que muitos religiosos, padres e bispos nada ortodoxos ansiavam por uma manifestação do Papa sobre a possibilidade da ordenação de homens casados e sobre as diaconisas. Mas apesar destes dois pontos nem serem tocados pelo Papa, o assunto não morreu no Vaticano, assim sabemos pelas várias manifestações durante o sínodo e ainda agora, especialmente pelo árduo trabalho em prol deste tema específico que faz o cardeal Cláudio Hummes, uma espécie de Cardeal Marx (Alemanha) aqui no Brasil, aliás, estes dois purpurados alinham-se perfeitamente nos assuntos que ferem agudamente a Doutrina, Tradição e costumes católicos.

UM SONHO SOCIAL
Como o Papa Francisco manifesta-se sempre com grande empenho nas causas sociais, tudo o que ele escreveu neste capítulo já era o esperado, afinal, nada de novo em seu pensamento esta contido nestas linhas, do paragrafo 8 ao 28 encontramos uma defesa evidente da vida social indígena, quase que defendendo uma espécie de "inocência angelical" dos povos que desejam viver na floresta. 

O Papa chega a tratar como destruidora a urbanização de regiões da Amazônia: "A construção de hidroelétricas e projeto de hidrovias têm impacto sobre o rio e sobre territórios (...). Somos uma região de territórios roubados" (n.11). Além disso, cita de maneira sutil a campanha do atual governo brasileiro que repete claramente que a Amazônia é do Brasil e que não será entregue a qualquer organização ou instituição global, de certo modo, o Papa acusa o governo federal por tentar ele mesmo cuidar do que faz parte territorialmente ao Brasil. (n.13)

Francisco mais uma vez repete que precisamos pedir perdão aos povos nativos pelas brutalidades com que foram tratados no passado, assumindo o discurso de "dividas históricas", tão popular nos governos esquerdistas que já passaram no Brasil, e nos grupos que ainda sobrevivem. A Teologia da Libertação ajuda a trazer estes slogans socialistas para dentro da Igreja, revestindo-os de "teologia católica".

No meu artigo "Sínodo Pan-Amazônico: O panteísmo na deificação dos mitos e rituais indígenas", escrevia sobre este relativismo que pulula diante de nós como sendo uma bonita e justa ação concreta contra um possível perigo iminente de destruição dos povos indígenas. 

UM SONHO CULTURAL
"O objetivo é promover a Amazônia...", mas promover o quê? Uma cultura indígena? Já havia escrito noutro artigo que parece crescer uma "teologia indígena" que seria uma mutação da famigerada Teologia da Libertação.

Parece que somente índios vivem na Amazônia, ao menos é o que este capítulo sugere. Uma promoção daquele modo de vida que pequenas aldeias possuem e colocá-las como ideal para toda a Amazônia. Parece um tanto colonizador e autoritário, pois ao mesmo tempo que o documento condena o "colonialismo do passado e do presente" ele deseja impôr um modo de ver e viver característico de uma parcela da população amazônica.

Apesar do Papa citar estas diferentes parcelas de pessoas no parágrafo 32, este "sonho" lança mão da chamada cosmovisão indígena que durante o Sínodo foi comentada por mim e outros como sendo uma aceitação por parte da Igreja de idéias relativistas, panteístas além de uma perigosa destruição do conceito de missionariedade da Igreja.

O Papa deseja motivar os jovens amazônicos a conhecer suas raízes e cultivarem a história ancestral, o que parece justo e louvável. No entanto, não fica claro se o Papa deseja que façam isso mesmo que permaneçam em erros morais, sociais e de fé, pois os índios precisam conhecer a Cristo e sua Igreja, certo? O que significa aderir a fé e a doutrina. Pois bem, por isso se tão polêmico este discurso de preservação da cultura indígena, pois quem o lança quase nunca especifica o que preservar e até mesmo como se entende o termo "preservar", pois não parece bom tratar os índios e seu costumes como animais selvagens que devem ser isolados para não se extinguírem.

UM SONHO ECOLÓGICO
Aqui neste capítulo, lamentavelmente, vemos as mesmas imprecisões e falácias científicas que forjaram boa parte de relatórios que foram apresentados no Sínodo sobre o bioma amazônico. Um exemplo disso é a repetição no documento papal de que as chuvas dependem das florestas, algo que já havia lembrado ser mentiroso e recordando mais uma vez uma entrevista do renomado professor da USP, Dr. Ricardo Felicio, onde fala claramente sobre esta inverdade que foi vendida mundo afora com claros fins econômicos (assista também este outro vídeo: #News - PROFESSOR "NÃO" CONFIRMA MITO DE QUE AMAZÔNIA SERIA O PULMÃO DO MUNDO).

Mas sobre este "sonho" gostaria de destacar somente a triste repetição por parte do Papa da expressão panteísta "Mãe Terra". Por mais que se diga que esta expressão não deseja deificar a terra, uma mera criatura, sua repetição exaustiva tende a inculcar na maioria das pessoas que não atinam para esta ressalva fundamental, uma ideia de que Deus esta nas coisas, o que pode levar ao "tudo é Deus", destruindo a própria revelação divina da personalidade real e objetiva do Deus Uno e Trino.

Certamente já assistimos inúmeras vezes a terceira pessoa da Santíssima Trindade ser colocada como intermediadora de fins nada inspirados pela Verdade imutável do Evangelho de Nosso Senhor, mas este sínodo Pan-Amazônico, nos seus promotores, está galgando um passo maior e mais grave que a muitos séculos não se via na história da Igreja, talvez desde o grande cisma entre ocidente e oriente cristão.
Apesar de parecer exagerado e catastrofista, a Igreja Católica sempre viveu rodeada pelo perigo de separação por defender a verdade que o Pai de Mentira deseja distorcer a todo custo, afinal, sua existência só pode contar com este lamentável fim. 

Então, não existe esta história de "Mãe Terra". Muitos se enganam quando pensam que a tentativa seria renomear a Santíssima Virgem Maria, mas na verdade esta expressão já antiga no meio libertário, é ícone de um panteísmo conveniente aos fins políticos-econômicos de certos grupos nacionais e internacionais.

UM SONHO ECLESIAL
Muita gente estava sentido o perigo neste parágrafo, mas como a ordenação do viri probati e a possibilidade de diaconisas foram deixadas de lado, por hora, acabou-se encontrando um capítulo raso como a teologia de Francisco, mas sem ferir agudamente a doutrina católica. 

Claro que isto não deixou de fazer com que o Papa deixasse "aberta a porta" para estes dois assuntos que por ele não foram definidos no documento.

Papa Francisco reafirma a necessidade de rezarmos por mais missionários e mais vocações, além de  ressaltar que é "nos Sacramentos [que os povos indígenas encontram] um caminho particularmente valioso, porque neles se unem o divino e o cósmico, a graça e a criação" (n.81). Além disso, afirma a Eucaristia como apogeu de união de Deus com sua criação, tirando os fantasmas de alguns sobre a possibilidade de uma herética mudança no rito da consagração e entendimento sacramental.

Claro que o Papa precisava mencionar a precária estrutura de atendimento ministerial aos povos da amazônia diante da geografia local, mas isto o fez somente repetindo o que já dissera outras vezes sobre a inculturação das atividades da Igreja junto destes povos. O que precisa-se de um bom senso para ser feito sem dano. 

Tendo tudo isto, preciso deixar claro que, na minha opinião nem este documento nem o Sínodo Pan-Amazônico deveriam existir. Realmente tudo isto contribuiu para o sectarismo e o escândalo, divulgando publicamente os erros das pessoas na Igreja que já existem a muitos anos, e que agora tornam a Igreja Católica ainda mais frágil, não por sua doutrina, mas por sua composição que mau educa seus próprios líderes, ou seja, religiosos, padres e bispos.

Por fim, eu também tenho um sonho, um sonho de que a Igreja Católica reassuma diante do mundo a imagem como portadora da verdade universal, e que homens bravos e valentes, sem medo do martírio, defendam a doutrina de sempre, expressa em todos os séculos da era cristã.

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