Quando ressuscitou, Jesus surgiu com um novo corpo? Ou seria o mesmo corpo de antes da morte?
Claro que visivelmente é o mesmo, mas a questão é se o ressuscitado mudou a biologia do corpo ressuscitado. Não desejo fazer outra coisa senão fazer uma reflexão filosófica e teológica sobre este assunto, pois não é possível obter - ao menos me parece - dados suficientes para outro tipo de abordagem, como por exemplo uma abordagem médica, tentando analisar o próprio DNA do ressuscitado. Como quase tudo na teologia, contamos com a filosofia para auxiliar nestes assuntos, nestas questões que se levantam na consciência humana.
Primeiramente preciso questionar: É questão de fé, saber se o corpo de Cristo após a ressureição é o mesmo ou não?
Uma literatura vasta já foi publicada sobre esta impossibilidade deste "reviver" de Jesus, eliminando assim a hipótese de que apenas houve uma revitalização daquele corpo inanimado pendente na cruz. O que me faz afirmar sem a cansativa tarefa de enumerar os já vistos e revistos argumentos de que Jesus Cristo realmente foi o primeiro - e único até o momento! - ser humano que morreu de fato e ressuscitou de fato.
De modo que não posso simplesmente dizer que o fato da ressureição de Jesus Cristo é apenas uma questão de fé, é outrossim, uma questão de assentir as mais plausíveis evidências racionais diante dos elementos históricos e até este momento comprovados pela técnica científica. É questão de fé sim, mas também se pode concordar com a ressureição de Jesus com a mera honestidade intelectual.
Estas dúvidas não são meras especulações sem sentido, afinal, tudo que envolva o Filho de Deus não pode ser pequeno, irrelevante, mas possui potencial efeito na humanidade, não só nos cristãos batizados. Ao longo da história da humanidade desde o nascimento de Jesus Cristo, muitos já levantaram inúmeras questões a cerca de sua morte e ressureição, como a possibilidade de que apenas um corpo quase inanimado estivesse na cruz enquanto o Filho de Deus já o havia deixado visto a incompatibilidade de que um deus se fizesse sofre na cruz. Hoje já sabemos, graças as inúmeras reflexões dos Doutores da Igreja, que o Cristo de antes da cruz é o mesmo na cruz, ou seja, não houve separação do divino e do humano neste momento derradeiro.
Esta constatação é importante em nossa reflexão sobre o corpo do ressuscitado, pois se o divino uma vez unido ao "corpo Jesus" que nasceu de Maria e viveu na Judeia, realmente desejou ressuscitar - como acabamos de concordar pelas evidências plausíveis - seria no mínimo dissonante com o conjunto da mensagem divina desde o Antigo Testamento, ou seja, considerar que o corpo de Jesus Cristo fora outro diferente do corpo que fora pregado na cruz, seria admitir que Jesus possuir duas naturezas em dois corpos, ao contrário do que a Igreja categoricamente sempre afirmou, especialmente para eliminar as possíveis heresias, que Jesus Cristo possui duas naturezas e um só corpo.
Dado esta assertiva, podemos concluir que o corpo físico, e é importante que se ressalte que é um corpo físico o de Jesus ressuscitado (Tomé provou isso), do Jesus Cristo de antes da morte é o mesmo após o evento do sepulcro, ou seja, após a ressureição.
Os Evangelhos falam em corpo glorificado e é esta a mais evidente característica deste "novo" corpo, a transparência divina da natureza divina neste mesmo corpo que nasceu de Maria e que se alimentou com os seres humanos. Sua biologia não mudou, apesar da glorificação/transparência da natureza divina, e isto evidencia-se no episódio em que aparece após a ressureição a alguns discípulos no caminho a Emaús e na beira do lago onde chega a assar e comer peixe.
Jesus Cristo ressuscitado é o mesmo homem que nasceu em Belém, mas transparecendo a glória de sua natureza predominante, o que também nos faz refletir sobre este Jesus Ressuscitado como o homem novo, ou o "homem do futuro".